Você está pronto para que a gestão do seu clube seja profissional?


Todos os dias vemos torcedores reclamando da desorganização do futebol brasileiro, do amadorismo, das decisões impensadas, da falta de visão e métodos. Críticas válidas, infelizmente o nosso futebol, assim como o país como um todo, é muito mal administrado.

Temos um potencial gigantesco, já fomos por décadas a terra do melhor futebol e ainda estamos entre os melhores na formação de grandes jogadores. No entanto, nosso campeonato perde prestígio, agora até um novo mercado (o chinês) chegou para deixar o nosso torneio em uma posição ainda abaixo entre os melhores do mundo.

No ano passado, o Maior de Minas viveu um ano muito conturbado. Escolhas erradas de Gilvan e seus assessores levaram o time então bicampeão brasileiro ao risco de ser rebaixado. Após chegar à lama e a torcida cobrar veementemente uma mudança, o presidente acordou e mudou o departamento de futebol.

Com um discurso moderno, interessante e raro no futebol brasileiro, Mano Menezes, Thiago Scuro e Bruno Vicintin conseguiram mais que tirar o time de uma situação péssima: a equipe começou a empolgar a torcida pelo bom futebol jogado e por pouco não beliscou uma vaga na Libertadores. No entanto, como sabemos, os chineses nos tiraram uma peça fundamental da engrenagem com um caminhão de dinheiro. A diretoria, então, resolveu apostar em Deivid. Nenhum torcedor pôde entender bem esta decisão, já que o ex-jogador nunca havia treinado um time sequer, muito menos do porte do Cruzeiro.

No entanto, se o discurso da diretoria for verdadeiro, esta decisão não foi tomada por acaso. Eles avaliaram diferentes variáveis – e, convenhamos, eles têm mais informações do que nós torcedores que não conhecíamos o trabalho de Deivid de perto.

O ano começou, já se passaram alguns jogos, o time ainda não convenceu, e o torcedor se desespera. Muitos já pedem a cabeça do Deivid. Outros tantos, eu me lembro bem, queriam também a cabeça do Marcelo por ter caído nas quartas de final da Libertadores em 2015 pelo futuro campeão, o River Plate. Mesmo tendo sido bicampeão brasileiro.

O torcedor quer resultados, e imediatos. É por isso que ele, em geral, não está pronto para que nosso futebol seja realmente profissional e age igualzinho a dirigentes  irresponsáveis. Se algo é planejado, não vai ser por conta de uns poucos obstáculos que o projeto deve ser cancelado. As dificuldades existem e é preciso saber lidar com elas com paciência para corrigir os erros e então seguir caminhando para onde se deseja chegar. Não se interrompe a caminhada a cada percalço.

Pedir saída de um treinador, neste contexto, antes de termos ao menos 10 jogos no ano, é loucura. É perder o direito de cobrar profissionalismo de quem comanda o nosso futebol. Que sejamos coerentes com o que realmente desejamos para o nosso clube e para o nosso esporte.

Nosso time é formado por jovens promissores, jogadores bons e experientes e algumas apostas, acho que a cobrança por excelência é válida, e o foco do problema definitivamente não é o técnico, ao menos por enquanto.

O que nosso clube mais precisa é de uma total reformulação no departamento de marketing e comercial para angariar novos mercados, fortalecer sua marca e aumentar nossa receita e, então, não depender tanto de apostas e jogadores baratos. É importante bater na tecla certa!

Por: Thalvanes Guimarães