Vitória épica


Foi épico. Um jogo inesquecível, único, indescritível. Todos os ingredientes para uma partida memorável estavam na quadra, palco de uma final inesquecível, digna desta que foi a maior, melhor, mais equilibrada e disputada Superliga de todos os tempos.

Dois times inflamados, aguerridos e valentes. Cada qual com sua característica. De um lado, o Cruzeiro, melhor equipe da primeira fase, melhor defesa, sem grandes nomes da seleção do Bernardinho, porém com um espírito de equipe e conjunto poucas vezes visto. De outro lado, o Vôlei Futuro, uma barreira, uma equipe de gigantes, simplesmente o melhor bloqueio da competição, o melhor saque. Além disto, Lorena estava a fim de jogo. O melhor atacante da Superliga queria o título de qualquer maneira. Chamou heroicamente a responsabilidade do jogo e estava inteiro na quadra.

As torcidas faziam uma festa incrível. A china azul mostrou sua força e cantou alto, cantou bonito, mesmo inferiorizada em números, conduziu os guerreiros das quadras na garganta, no suor, nas lágrimas.

Foi um jogo bonito de se ver, com troca de vantagens, de provocações, de olhares, de estratégias. Quando a partida começou, foi visível o nervosismo das duas equipes. O Cruzeiro em vantagem no início do set não se manteve com a cabeça no lugar o tempo todo e viu a virada acontecer. Lorena fazia a diferença. Camejo fazia a diferença. Ricardinho fazia a diferença. Vini fazia a diferença. O Vôlei Futuro foi durante toda a superliga uma equipe fantástica, não foi por acaso que chegou à final. A equipe de Araçatuba merece todos os créditos e honras, pois foi valente, e guerreira.

Entretanto o Sada Cruzeiro tinha “El Mago”. Willian mostrou por que foi eleito o melhor levantador da competição. Passes magistrais saíram de suas mãos. Bolas impossíveis foram colocadas para o contra ataque do time celeste. Serginho buscou bolas incríveis. Se Lorena atacava muito bem, a melhor defesa da superliga apareceu para defender até aquela bola que o mais otimista já teria desistido.
O time do Vôlei Futuro estudou muito bem o time celeste. Estudou tanto que fez uma excelente marcação no oposto Wallace. O melhor atacante do torneio sofreu com o bloqueio triplo da equipe paulista. Felipe seria uma válvula de escape para o time azul. Mas como disse, o Vôlei Futuro estudou muito bem o adversário e deixou uma segunda linha de marcação no valente ponteiro azul.
O jogo se tornou muito difícil para o time celeste e foi nesta tônica que o primeiro set foi definido. Esta marcação ostensiva nos principais pontuadores do Sada Cruzeiro desestabilizou o time azul que consequentemente perdeu o primeiro set.
O Técnico argentino do Cruzeiro, Marcelo Mendes, tratou de colocar rapidamente a cabeça de seus comandados no lugar e o segundo set teve uma postura diferente pela equipe celeste.

A marcação do time paulista continuou eficiente, mas como falei anteriormente, Willian tinha outras cartas na mão. Foi pelas mãos do central Douglas Cordeiro que o levantador celeste derrubou os pilares da defesa paulista. Além disso, a partir do meio do segundo set um nome começou a se destacar. Maurício sempre foi um nome pouco falado da equipe azul, mas o “Dom Pedro Azul” voltou para o segundo set com sangue nos olhos e ponto atrás de ponto, foi minando a equipe paulista. Willian sentiu o bom momento do ponteiro e passou a variar os ataques com bolas rápidas no meio para o eficiente ataque de Douglas e bolas bem postadas na ponta para as bombas de Maurício.

A contusão de Lorena só serviu para facilitar as coisas para o time azul que passou a passear no jogo, principalmente no terceiro set.
Aproveitando da desestabilidade emocional da equipe de Araçatuba, os Guerreiros das Quadras não deram chance para uma reação e fecharam até com certa facilidade o set.

O levantador e capitão do Vôlei Futuro, Ricardinho bem que tentou usar de toda sua experiência para tentar tirar o foco dos jogadores celestes, mas àquela altura do jogo, pouco se tinha para fazer. A torcida celeste já previa o desfecho da partida e no início do quarto set já ecoava pelo ginásio de São Bernardo do Campo o grito de Campeão. E foi no cantar do torcedor que o Sada Cruzeiro fechou o quarto set e sangrou-se Campeão da Superliga 2011/2012. Um título inédito e marcante. De uma equipe que não desistiu nos momentos de dificuldade. O Cruzeiro soube superar o trauma da derrota na final da temporada passada. Com bravura e confiança no trabalho que havia sido feito no ano anterior, a equipe celeste se encorpou com a chegada de novos guerreiros. Fazendo um time extremamente competitivo e compacto. Com um estilo de jogo único, com um volume e variações de jogadas incríveis.

Vale registrar que a equipe do Sada Cruzeiro nem de longe era apontada como favorita para a conquista da Superliga, fazendo jus a toda história cruzeirense, lutou com todas as forças, jogo a jogo, set a set, até este desfecho magnífico e épico.
O Sada-Cruzeiro mostra para o país e o mundo uma nova safra de jogadores que tem todas as chances de defender com orgulho a amarelinha num futuro próximo. Wallace, William e até mesmo o central reserva Rogério, que ontem substituiu com uma qualidade excepcional o titular Acácio a partir do terceiro set, mostraram-se ótimos jogadores.

A aposta do Cruzeiro na parceria com a Sada mostra-se em um curto espaço de tempo extremamente vencedora e benéfica para todos. Se no início muitos discutiram a real necessidade de se ter uma equipe de vôlei, hoje é quase unânime a sensação entre os torcedores celestes: a vitrine e o valor agregado que o vôlei trouxe para o time.

Seja nos campos, nas quadras ou nas pistas, onde tem um atleta usando o manto azul celeste, levando no peito as cinco estrelas com orgulho e sede de vitória ali estará oito milhões de fanáticos torcedores vibrando e esperando a vitória a todo custo.
Parabéns Sada Cruzeiro, sua conquista é motivo de orgulho para toda a China Azul.

Um filho GUERREIRO não foge à luta. Avante nação azul.

Um abraço a todos!

Foto: VipComm