Vaia até na vitória: a insatisfação do cruzeirense


Salve, salve, torcedor cruzeirense!

Estive no Mineirão no último domingo para acompanhar a partida entre Cruzeiro e Guarani, válida pela décima rodada do Campeonato Mineiro 2016. Como já é de conhecimento de todos, a Raposa fez um primeiro tempo bastante bom e já na etapa inicial garantiu o placar final do jogo, a vitória e a liderança na primeira fase da competição.

O time comandado pelo técnico Deivid fez um primeiro tempo sólido. Criou oportunidades, finalizou algumas vezes (apesar de eu achar que a equipe precisa investir mais nas finalizações) e aproveitou as chances que teve, deixando o torcedor celeste esperançoso. Mas a esperança foi por água abaixo logo na etapa complementar da partida. O segundo tempo do Cruzeiro foi tão desastroso que nos minutos finais de jogo alguns torcedores que estavam presentes no Mineirão vaiaram o time. Eu fui um deles.

Alguém poderia questionar: “pô, o time ganhando e a torcida vaia? pô, você vai ao Mineirão para apoiar ou para jogar contra?”. Vou explicar o que sucedeu no Mineirão no último domingo. Porque é diferente quando você acompanha o jogo pela TV e quando você vai ao estádio. Há coisas que só acontecem no campo, e a televisão não mostra e não permite que você sinta.

Tentamos apoiar. E quando eu digo “tentamos” é porque hoje existe uma disputa ridícula, mesquinha e individualista entre algumas torcidas ditas “organizadas”. Quando uma começa a cantar uma música, a outra começa a cantar uma música completamente diferente. O torcedor que não faz parte dessas organizadas não sabe o que fazer e fica um pouco perdido diante dessa situação. A impressão que fica é que essas torcidas estão disputando para ver quem canta mais alto e não estão nem aí para o Cruzeiro.

E sobre as vaias, explico: durante todo o segundo tempo a equipe cinco estrelas mostrou-se completamente desinteressada pelo jogo. Toques para o lado, toques para trás. O Guarani recuado e o Cruzeiro sem vontade de fazer mais que já tinha feito no primeiro tempo. Olha, eu me lembro que o time de Marcelo Oliveira em 2013 demorou algum tempo para entrosar, mas não faltava criação de jogadas e vontade de fazer mais e mais gols. E hoje parece que está faltando vontade de fazer gols. Esse time do Cruzeiro pareceu só querer garantir uma vitória simples contra uma equipe do interior e que, para falar a verdade, tem uma defesa horrorosa (e aí eu me pergunto se a gente pode considerar mesmo que foi uma boa partida).

Eu cochilei. Em pleno Mineirão. Por uns três segundos. Aqueles toquinhos pro lado e sem objetividade – marca do trabalho de Deivid até aqui – são um remédio infalível para quem sofre de insônia. As vaias vieram no final do jogo. É lógico: uma sacanagem com o torcedor que paga ingresso, com o torcedor que paga pay-per-view, com o sócio-torcedor e com a própria instituição Cruzeiro Esporte Clube.

A vaia se justifica em si mesma. O torcedor do Cruzeiro sempre foi exigente. Não nos contentamos com pouco e ficamos injuriados sempre que percebemos que os jogadores não estão honrando a camisa. Contentar-se com 2×0 em cima do quase rebaixado Guarani, da defesa horrorosa do Guarani, em pleno Mineirão, é digno de vaia mesmo. O parabéns vai é para nós, que ainda estamos aguentando essa peleja toda. Abre o olho, Cruzeiro!

Por: Pedro Henrique Campos