Uma análise do mercado de transferências: a busca por um novo padrão


Saudações celestes!

Como é de praxe, o mês de janeiro é marcado pelo recomeço dos trabalhos das equipes brasileiras, visando a temporada que se aproxima. A maior marca deste período é, sem dúvidas, o mercado de transferências; todo e qualquer torcedor deseja ver o seu time reforçado no início da temporada. Mesmo no caso do Cruzeiro, onde o ano passado foi brilhante, as expectativas quanto a esse período são extremamente altas.

Acontece que a mesma porta para a chegada é usada para a saída. Não adianta: times que se destacam na temporada anterior são sempre mais visados pelo mercado. Bons jogadores sem muitas oportunidades ou até titulares incontestáveis são negociados. Faz parte. E é exatamente neste momento que o bom senso deve prevalecer.

De todas as análises que li e ouvi sobre o Cruzeiro 2015 (vamos assim denominar o elenco para esta temporada), vejo bastante divisão. Enquanto muita gente acha que saímos perdendo, outros acham que estamos ainda mais fortes. Só o tempo dirá, é verdade. Mas podemos, com base em quem chegou e saiu, fazer algumas inferências básicas.

Mudanças são necessárias

Embora tenhamos feito mais pontos e vencido mais que em 2013, se eu perguntar a vários cruzeirenses qual campeonato foi o mais difícil, acredito que 80% (ou mais) me dirão que foi o do ano passado. Muito dessa dificuldade passou, também, porque o que apresentávamos não era novidade. Em 2013, esse jeito de jogar surpreendeu: quando descobriram uma fórmula eficiente para tentar parar, já era tarde demais. Já em 2014, o fator “desconhecimento” não pesou. Fomos mais visados, mais analisados, mais copiados. Até a mídia se dedicou um pouco mais a discutir a superioridade celeste.

Sendo assim, de fato precisamos nos renovar em 2015. E de que maneira essa renovação ocorreu no Cruzeiro? Este é um outro ponto chave que discorreremos na sequência.

Um novo padrão tático?

Como discutido anteriormente, o Brasil inteiro sabe exatamente quem e o que é o Cruzeiro 2013/2014. Para 2015, precisamos de algo um pouco diferente, algo que mostre a capacidade do treinador e do grupo de se reinventarem. Nosso mercado de transferências foi pontual nesse aspecto.

A saída de Goulart é ruim, lógico. A qualidade de recomposição e de consistência ofensiva do camisa 28 são incomparáveis hoje, no futebol brasileiro. Entretanto, a busca pelo substituto não passou por um meia que pelo menos tente exercer as mesmas funções. A cúpula celeste tratou de trazer jogadores velozes, versáteis, que se adaptam bem jogando pelos lados e pela faixa central. Arrascaeta, Riascos e Joel se juntam a Marquinhos, Alisson, Willian e Éverton Ribeiro; com qualquer trinca, pode-se formar um esquema que possibilite alta movimentação, recomposição e velocidade de transição, pilares de uma equipe vencedora. Possível resultado: um time ainda mais letal nos contra-ataques, com velocidade de sobra em todas as faixas ofensivas.

Nesse ponto, a manutenção de Lucas Silva e a renovação de Henrique foram, sem dúvidas, pontos fundamentais desta janela de transferências. O próprio Real Madrid, que tentou tirá-lo do Cruzeiro, serve como base de comparação. Para um time de um contra-ataque rápido e letal, os volantes precisam ter bastante qualidade no passe, já que praticamente toda a armação começa com eles. Precisaremos dessa qualidade mais do que nunca em 2015.

O Cruzeiro 2015 tem tudo para ser um time que possibilitará muitas chances de gol ao seu camisa 9. Nesse aspecto, Leandro Damião tem todos os requisitos para se encaixar e desempenhar bem o seu papel. Sim, a temporada foi ruim no Santos. Mas este mesmo jogador, antes de uma contusão em 2013, era atacante de Seleção e estava na lista de convocados para a Copa das Confederações. Qualidade, ele tem; se falta confiança, creio que os primeiros jogos da temporada servirão para essa adaptação, para essa recuperação. De todo o esquema, o homem de área será o que menos vai aparecer durante o jogo, mas pode ser o que mais vai se destacar.

O trabalho ainda é longo, mas é bem feito. Acredito porque, principalmente, esta comissão técnica já se mostrou bastante confiável quanto às suas escolhas e decisões, ao longo destas duas temporadas. A expectativa é que possamos vir fortes, em busca do principal objetivo da temporada: a conquista da América.

Abraço, China Azul!

 

Por: Pedro Henrique Paraíso (@Pedro_Paraiso)