Sorte e paciência, Marcelo Oliveira…


Desde quando começaram a especular sobre Marcelo Oliveira no Cruzeiro fui contra. Não pelo fato do treinador ter história no rival, nem mesmo por achá-lo incompetente. 

Fui contra por achar que não era o que o Maior de Minas precisava no momento e por prever a reação da torcida que agora esperneia e brada contra a direção nas redes sociais.

Não critico aqui o torcedor celeste que está em seu mais legítimo direito de cornetar (apesar de que, confesso que às vezes o mimimi exagerado chega a me afastar das redes sociais).

Meu pensamento era no sentido de que o Cruzeiro precisava trazer a torcida para perto neste momento. Depois de dois anos melancólicos (que se juntam a outros sete sem um título de expressão), em 2013, o Cruzeiro terá de volta o Mineirão e ainda terá o aniversário de 10 anos da melhor temporada que o torcedor cruzeirense já viveu. Dois elementos que, se bem utilizados, podem ser fundamentais para alavancar de vez o sócio torcedor.

Não vou ficar aqui discutindo se o torcedor é obrigado a ajudar o clube ou se tem o direito/dever de cancelar a assinatura em momentos ruins. Cada um sabe de suas condições e não vai ser a minha insistência que vai convencer o leitor a tomar uma ou outra atitude. Vou trabalhar com a realidade: há fatores que afastam e outros que atraem o torcedor.

Uma temporada boa, com o clube disputando os campeonatos no alto da tabela faz com que a maioria da torcida se interesse em aproximar do clube de maneira natural. Neste caso, a propaganda para adesão ao sócio chega a ser quase dispensável. Por outro lado, campanhas pífias como a dos dois últimos anos fazem o torcedor repensar sobre o que tem feito com o dinheirinho que poderia ser destinado àquela cerveja geladinha que ele toma enquanto passa raiva em frente à TV. Esse pensamento não é exclusivo da torcida do Cruzeiro, no Internacional, por exemplo, apesar de o projeto de sócio estar em um patamar mais avançado, a má-fase fez com que a quantidade de sócios que contribuem em dia caísse de cerca de 100 mil para menos de 70 mil em menos de 2 anos.

Quando a fase é ruim, o clube precisa buscar alternativas para dar motivos para que o torcedor se aproxime. Eis o ponto que quero chegar: Para mim, Marcelo Oliveira é um erro estratégico da diretoria. Primeiro, por estar longe de ser um fator que vá cumprir o papel de aproximar o torcedor e fomentar a adesão ao sócio, segundo, por criar um clima em que o treinador terá que trabalhar “no limite”.

Qualquer treinador que se contrate ouvirá o som das cornetas quando errar. E pode ser Felipão, Luxemburgo, Guardiola ou Roth… Mais cedo ou mais tarde o cara vai errar. O que muda é que o torcedor, em regra, tende a ter mais paciência quando o cara tem grife.

Quando se trata de uma aposta, o torcedor pode até criar uma empatia, no caso de o cara ter uma identificação com o clube ou ter bons trabalhos recentes que demonstrem que ele tem futuro como treinador.

A grande questão é que, com a rejeição absurda com que chega ao clube, Marcelo Oliveira precisará manter a sua margem de erros o mais próximo possível de zero. Uma sequência de resultados ruins no começo do trabalho vai gerar uma onda jamais vista de: “eu avisei”. Neste caso, a diretoria pode, rapidamente, se encontrar em uma situação em que, ou apoia o treinador e bate de frente com a torcida (mais uma vez), ou, interrompe o trabalho e perde (ainda mais) a credibilidade no mercado, recentemente abalada pela maneira esdrúxula com que conduziu a relação com Celso Roth.

Até gostaria de poder pedir à torcida paciência com o novo treinador, mas, o fato é que a credibilidade de Marcelo Oliveira somente será construída com os resultados de seu trabalho. Pelo bem do clube, torço para que a aposta dê certo.

Que Marcelo Oliveira possa promover o maior churrasco de línguas já visto em Minas Gerais. Tomara que ele possa construir seu, quase em branco, currículo por aqui. Desejo sorte e paciência para o novo treinador celeste. Ele vai precisar.