Revelações e craques do Cruzeiro


Está mais do que provado. Investir bem nas categorias de base rende bons frutos aos clubes. Veja o exemplo do Santos, campeão paulista e da Copa do Brasil desse ano. O time da Baixada Santista, que já revelou em outros tempos, Robinho e Diego, agora mostra mais uma safra muito valorizada pelo universo do futebol. Os dois goleiros santistas, Rafael e Felipe, o lateral Pará, o volante Wesley, o meia Ganso e o atacante Neymar servem como exemplos. Sem contar que esses dois últimos são craques que estão sendo badalados em todo o planeta bola.

Mas para que eu estou dizendo isso tudo? Quando um time revela bons jogadores, a possibilidade de disputar um campeonato e ser favorito ao título é muito grande. Penso nisso tudo e lembro-me do Cruzeiro. Quando o clube revelou jogadores de nível, que chamaram a atenção do mundo, foi um time competitivo e brigou jogo a jogo por títulos.

Em 1998, quando o Cruzeiro foi vice-campeão da Copa do Brasil, do Campeonato Brasileiro e Copa Mercosul, apareceu para o mundo o atacante Fábio Júnior (hoje, jogador do América/MG). Depois de mostrar o seu “faro” de gol, o artilheiro foi vendido para a equipe da Roma (Itália) em uma transação milionária, que gerou ao Cruzeiro cerca de 15 milhões de Dólares. Isso representava na época, R$18,5 milhões. Geovanni, que esteve recentemente em recuperação no Centro Avançado de Reabilitação Esportiva – CARE, teve o seu auge no ano 2000, quando a equipe Celeste foi tricampeã da Copa do Brasil.

E, logo após tudo isso, vem o ano de 2003. Preciso continuar ou será que paro por aqui? Acho que nesse ano tudo ficou muito mais evidente. REVELAR JOGADOR É SIM UM BOM CAMINHO PARA CONQUISTAR TÍTULOS. A mescla com jogadores experientes fez do Cruzeiro campeão de tudo. Ganhamos Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro. A tríplice coroa que só o maior de Minas tem!

Revelamos o goleiro Gomes, hoje no Tottenham (Inglaterra), o lateral Maicon, campeão de tudo na Inter de Milão (Itália), o zagueiro Luisão (Benfica), o meia Marcinho, hoje no futebol do Catar, Wendell, que joga na França. Até Augusto Recife jogou nesse time. Era o cão de guarda do meio-campo. A equipe jogava por música, fazia mágica e encantava o Brasil.

Memorável conquista

Depois dessa conquista memorável, o certo é que o clube tem revelado pouco. A safra não tem sido tão boa quanto deveria. Desde 2004, um número muito pequeno de jogadores que surgiram como boas apostas da base, conseguiu se firmar no time titular.

O atacante Guilherme, hoje no futebol europeu, apareceu em 2007, juntamente com Diego Renan, que ganhou oportunidade em 2009 e ainda continua na equipe celeste. Anderson, o lateral esquerdo na conquista da Copa São Paulo de 2007, ninguém escuta mais falar o seu nome. Paulinho Dias, volante, também campeão da copinha, hoje está no Joinville, mesmo clube de onde veio Ramires, que nem era 100% cria azul.

Bernardo e Dudu foram emprestados para times de menor expressão, como Goiás e Coritiba, respectivamente. O primeiro teve mais chances na equipe titular, mas não conseguiu render o esperado. Muitos dizem que ele estava na farra, assim como Dudu, mas nada foi confirmado por ninguém. As baladas são também, problemas que assolam o futebol brasileiro, mas isso, quem sabe, discutiremos em outro texto. Voltemos ao foco principal.

O que me deixa impressionado é que, há alguns anos atrás, sob a coordenação de Dimas Fonseca, a base do Cruzeiro estava tomada por um grupo de baianos. A baianada havia tomado conta da Toca I. Profissionais de fora do Estado que vieram e abriram as portas do Cruzeiro para empresários. Várias promessas de futuro foram entregues de bandeja para aliciadores. Pelo que fiquei sabendo, o Cruzeiro chegou a ficar quase sem time nas categorias inferiores à profissional.

Com isso tudo, tem até jogador que foi rejeitado pelo Cruzeiro e que hoje tem o Júlio Cesar, goleiro da seleção, como seu empresário. Por mesquinharia, falta de planejamento, perdemos um futuro talento. Goleiro que constantemente é convocado para as seleções de base do Brasil. Essa situação é muito complexa, difícil de entender.

E outra, esse caso de empresários aliciadores nem é tão velho. Quem aí não se lembra das queixas de Zezé Perrela, que disse que a Traffic tentava tirar jogadores da base do Cruzeiro de forma irregular?

Essa questão é perigosa. É um caso a se pensar. O Cruzeiro precisa acordar. Precisa revelar jogadores para conquistar títulos e mais títulos. Estamos desde 2003 sem uma grande conquista.