Resenha e atuações – Cruzeiro 5 x 3 Criciúma


Resenha e atuações – Cruzeiro 5 x 3 Criciúma - Cruzeiro Esporte Clube - Foto: GloboEsporte.com

Suado, sofrido, chorado… O jogo contra o Criciúma fez o cruzeirense passar por emoções que ainda não havia experimentado neste Brasileiro. Mas o início não dava qualquer sinal de que seria assim, pois o time, assim como contra a Lusa, apresentou-se avassalador, impiedoso. Nesse ritmo, marcou dois gols. O primeiro logo aos 12 minutos, em jogada em que Everton Ribeiro aproveitou rebote dado pela defesa catarinense e, de pé esquerdo, chutou forte para a rede. A bola passou entre o goleiro Galatto e a trave, para delírio da China Azul. O segundo não demorou. Seis minutos depois, Everton Ribeiro deu passe genial, de calcanhar, para Dagoberto, que da entrada da área, de primeira, emendou um chute a 108 km/h. Golaço que fez o Mineirão balançar. Estava tudo perfeito naquele fim de tarde, início de noite. Só dava Cruzeiro, que ainda desperdiçou uma chance com Borges, em rebote dado por Galatto. O camisa 9 cruzeirense finalizou, mas a bola acertou a trave e saiu.

O gol perdido parecia que não faria falta, pois o comportamento em campo do time celeste  era de quem buscava a goleada. Mas a história começou a mudar aos 33 minutos, quando Leo fez falta evitável em Lins. Fábio armou a barreira, mas João Victor, em cobrança perfeita, conseguiu encobri-la e encontrar o canto esquerdo de Fábio. Criciúma 1 x 2. Foi o suficiente para que um apagão se instalesse na Raposa. Dali em diante, só deu Criciúma. Bastaram então dez minutos para que o empate viesse e o desânimo abatesse os torcedores. Em jogada pela esquerda, Leo rebateu mal a bola cruzada rasteira na área e Lins, de dentro da área, emendou de primeira, sem chances para Fábio. Criciúma 2 x 2.

O sonho azul transformava-se em pesadelo. E para terror da China Azul, a virada veio ainda na primeira etapa, aos 45, em jogada iniciada pela direita, em que Sueliton cruzou na área e encontrou Ricardinho livre, entrando de frente para o gol cruzeirense. Inteligentemente, o meia bateu no contrapé de Fábio, que ainda se jogou na bola, mas não conseguiu evitar o gol. Uma vaia retumbante tomou conta do Mineirão. A torcida olhava para o campo como que sem acreditar no que acabava de acontecer. E foi sob esse clima que o time celeste foi para o intervalo.

Na volta, nenhuma alteração no Cruzeiro. Sob os gritos de “raça” da torcida, a equipe voltou a campo. Enquanto aguardava o retorno do Criciúma, jogadores conversavam entre eles, como que ajustando posicionamento, combinando jogadas, passando ânimo um ao outro. O clima voltou a ficar de confiança no Mineirão, o que aumentou aos três minutos, quando Sueliton levou o segundo amarelo, por falta em Willian, e foi expulso. Começou então a pressão cruzeirense, que cresceu ainda mais com as entradas de Júlio Batista e Mayke nos lugares de Henrique e Ceará, respectivamente.

Somente aos 15 minutos, a blitz do Cruzeiro resultou no gol de empate. Em jogada tramada por Mayke, a bola foi alçada na área. Borges tentou pegar de primeira mas não acertou em cheio. Na segunda tentativa, com o pé direito, chutou no canto esquerdo, sem chance para Galatto. Cruzeiro 3 x 3. O torcedor voltou a se incendiar. Os gritos de “mais um, mais um” tomaram conta do Mineirão. O Cricúma ameaçava alguns contra-ataques, mas era sempre parado por Dedé e Leo. Porém, nada de o gol do vira-vira sair.

A torcida começou a se impacientar com a chegada do relógio à marca dos 30 minutos. Os gritos pela entrada de Élber, no momento em que Marcelo Oliveira sinalizava colocar Tinga no jogo, aumentaram. O comandante resolveu atender os anseios da torcida e pôs o garoto, que entrou em ritmo alucinado. E não demorou para que o gol-desempate, o do vira-vira, o da euforia, do choro, saísse. Saiu dos pés de Élber o cruzamento que encontrou a cabeça de Borges na entrada da pequena área. O camisa 9 cabeceou como manda o figurino e guardou na rede do Criciúma. Na comemoração, saiu aos prantos em direção à arquibancada. Simplesmente épico! Cruzeiro 4 x 3.

O Cruzeiro passou a tocar pacientemente a bola. Com vantagem numérica em campo, o time colocou na roda o adversário, que ameaçava apertar a marcação, mas era sempre esmorecido com um passe para um jogador desmarcado. E foi assim, tocando bola de pé em pé que Júlio Batista recebeu bom passe dentro da área. Ao tentar dar um chapéu no adversário, foi vencido. Mas Heink acabou matando mal a bola e entregando de presente para Dagoberto. O atacante celeste partia em direção ao gol, quando foi então derrubado pela jogador do Tigre. Pênalti assinalado sem medo pelo árbitro. O próprio Dagol cobrou. E com perfeição, pois jogou Galatto para a esquerda e tocou no canto direito. Gol do alívio, gol da festa, gol da vitória de um time com cara, jeito, futebol e sorte de campeão.

ATUAÇÕES

Fábio – não teve culpa nos gols. Nas demais intervenções, foi bem. 7

Ceará – partida razoável. Não acertou os cruzamentos que tentou, mas esteve bem atrás, na marcação. 6

Mayke – excelente partida. Entrou bem, imprimindo velocidade pela direita e apresentando-se como alternativa ofensiva no setor.  8 

  1. Leo – fez a falta que originou o primeiro gol vacilou no segundo. Não está em boa fase técnica. 4

Dedé – boa partida. Ganhou a maior parte das disputas pelo alto, embora Marcel tenha dado trabalho por cima. 7

Egídio – muito mal na marcação, pois deixou a já conhecida “avenida Egídio” pelo lado esquerdo. No apoio, participativo, mas sem grandes contribuições. 4

Lucas Silva – no primeiro tempo, nã0 foi bem na marcação, deixando muito espaço entre a zaga celeste e o meio campo. Além disso, errou alguns passes na saída de bola. Melhorou na segunda etapa e, sozinho, deu conta da marcação do menos numeroso Criciúma. 6

  1. Henrique – deu muito espaço para avanço dos meias do Criciúma. Não foi combativo como o titular Nilton. 5

Júlio Batista – entrou bem, buscando criar boas jogadas de ataque. Ajudou, ainda, na marcação. Bom retorno. 7

Everton Ribeiro – jogou em altíssimo nível. Criou boas jogadas, deu um passe genial para Dagoberto marcar o segundo gol e ainda deixou o dele. Perfeito.  9

  1. Willian – partida razoável no primeiro tempo, com mais transpiração do que inspiração. No segundo, esteve mal. Foi substituído por É5

Élber – entrou bem, buscou o jogo, imprimiu velocidade, fez o que lhe foi pedido. Foi o autor do cruzamento para Borges, no quarto gol celeste. 7

  1. Borges – excelente atuação coroada com doisCalou os críticos e salvou o Cruzeiro.  9
  2. Dagoberto – além dos dois gols, o primeiro um golaço, participou bastante do jogo, sempre pelo lado esquerdo, e ainda sofreu o pênalti que finalmente tranquilizou a torcida. Um dos melhores em campo pela Raposa. 9

Marcelo Oliveira – ao escalar Henrique e Lucas Silva juntos, deixou o Cruzeiro pouco pegador, com muito espaço entre a zaga e meio campo. Acertou nas substituições. 6