Resenha e atuações – Cruzeiro 1 x 0 Fluminense


Resenha e atuações - Cruzeiro 1 x 0 Fluminense

A diferença para o Botafogo, segundo colocado, era de dez pontos. Excelente para um campeonato que tem apenas mais dez rodadas. Ainda assim, por causa das derrotas nas duas últimas rodadas, o clima era de crise iminente no Cruzeiro. Vencer o Fluminense havia se tornado obrigação. Outra derrota poderia decretar o que alguns desconfiavam: o líder despencava ladeira abaixo, se não na tabela, pelo menos tecnicamente.

Para evitar isso, jogadores e torcida jogaram juntos. Na arquibancada, a China Azul fez aquilo que tem feito durante toda campanha da Raposa: apoiou e cantou o tempo todo. Em campo, os cruzeirenses mostravam que o objetivo era mesmo afastar o risco de crise. Foram para cima do Fluminense, sem medo dos contra-ataques e da chuva, que caia sobre Belo Horizonte torrencialmente.

Não demorou para a pressão celeste se transformar em gol. Foi aos 17 minutos, em jogada que Ricardo Goulart entrou na área driblando o adversário, se atrapalhou com a bola e acabou acertando passe para Borges. O atacante, contestado pela torcida, se antecipou a Bruno e chutou no canto direito de Kléver. A festa que já rolava solta no Mineirão ficou mais animada e barulhenta. Depois de 211 minutos sem marcar, a Raposa voltava a balançar a rede adversária.

Depois do gol, o Cruzeiro continuou melhor na partida. Pressionava o Fluminense, usando, para isso, sua melhor arma: o toque de bola rápido e envolvente. Mas foi a equipe carioca que levou mais perigo, em dois lances que não se transformaram em gol por pura sorte. Primeiro com Sóbis, que aproveitou ótima jogada de Rafinha e chutou para o gol. A bola passou muito perto da trave esquerda. Fábio ficou estático. Em seguida, foi a vez de Samuel, dentro da pequena área, livre, chutar inacreditavelmente por cima do travessão. Os lances assustaram o torcedor, que respirou aliviado com o término da primeira etapa.

No segundo tempo, o Cruzeiro voltou igual na formação, mas logo com seis minutos, Marcelo Oliveira tirou o amarelado Egídio e colocou Ceará em campo. A chuva aumentou, o que tornou o jogo mais rápido. Os dois times lançaram-se então ao ataque. O Fluminense priorizava as jogadas aéreas para Samuel. Já a Raposa preferia o toque de bola até a área adversária. Foi assim que, aos 17, Borges quase aumentou, aproveitando cruzamento de Ricardo Goulart. Logo depois, o autor do gol deu lugar a Dagoberto.

Nesse momento, o Fluminense passou a dominar as ações ofensivas. Buscava a todo custo o empate, que só não aconteceu porque Fábio, mais uma vez, mostrou-se milagreiro. Tanto que aos 29, Jean cruzou da direita, na cabeça de Samuel, que testou como manda o figurino, à queima-roupa. O arqueiro cruzeirense se virou e defendeu em cima da linha, para euforia da torcida. Minutos depois, teve de fazer outra intervenção, dessa vez por baixo, em lance que novamente Samuel desperdiçou.

O jogo só voltou a ter certo domínio da Raposa aos 31 minutos. É que Rafael Sóbis fez falta em Dagoberto, levou o segundo amarelo e foi expulso. A partir desse momento, o Cruzeiro equilibrou a partida e desperdiçou várias oportunidades de ampliar o placar, quase sempre por afobamento do ataque, que chegava à área tricolor com vantagem numérica, mas se precipitava nas conclusões.

Lá atrás, a defesa se virava para conter a pressão dos cariocas. Alívio mesmo só aos 47’30″, com o apito final do árbitro. Finalmente todos puderem soltar o grito de “crise é o cacete!”.

ATUAÇÕES

Fábio – perfeito. De novo, o melhor jogador do Cruzeiro em campo. Fez dois milagres, um deles em cabeçada potente de Samuel na entrada da pequena área. 9

  1. Mayke – jogou porque Ceará estava desgastado fisicamente e para explorar a jogada em velocidade pela direita. Cumpriu bem as funções de substituir o titular e avançar pela ponta, como opção de ataque.
  2. Leo – boa partida, com intervenções pontuais e importantes. Não é à toa que se firmou como primeira opção do banco para a7

Bruno Rodrigo – partida bem ao seu estilo. Sem estardalhaço, mas bastante consistente e regular. Transmitiu segurança para a defesa. 7

Egídio – apoia e, muitas vezes, esquece de voltar, deixando o corredor pela esquerda aberto. Foi, como de praxe, melhor atacando do que defendendo. Foi substituído no início do segundo tempo porque estava amarelado.  6

Ceará – entrou no lugar de Egídio, na esquerda, e fez bom jogo. Segurou as investidas do Fluminense pelo setor. Pouco apoiou. 7

Lucas Silva – sóbrio, com futebol de jogador experimentado. Desarmou, lançou, driblou. Teve ótimo desempenho, mas desfalca o Cruzeiro no próximo jogo, por causa do terceiro amarelo recebido. 7

  1. Nilton – um leão. Voltou a apresentar o futebol combativo e empolgante de boa parte do8

Ricardo Goulart – mal. Apesar de ter dado o passe para o gol de Borges, depois disso, não acertou nenhuma jogada que tentou. Cumpriu taticamente sua missão, mas não esteve bem com a bola no pé. 

Everton Ribeiro – partida razoável. Continua sendo principal articulador de jogadas do Cruzeiro, mas contra o Fluminense, pecou por prender em demasia a bola.  6

Élber – entrou para puxar os contra-ataques e assim o fez. Deu velocidade ao ataque celeste, mas não soube finalizar na boa chance que teve. Ainda carece de ritmo de jogo, depois de quatro meses parado. 5

  1. Willian – correu muito, se doou na marcação e fechou bem a marcação pelo lado direito. Atacando, não foi o Willian de costume, mas não6
  2. Borges – mostrou que não perdeu o faro de gol. Na única chance que teve, guardou a bola na rede, o que verdadeiramente se espera de um atacante. Saiu contundido na segunda8
  3. Dagoberto – entrou pouco inspirado. Até correu e recompôs a marcação, mas não demonstra a mesma empolgação dos companheiros em campo. Não correspondeu aos pedidos insistentes do torcedor. Finalizou mal as chances que teve de matar o5

Marcelo Oliveira – bancou o time que foi titular durante a arrancada de 12 jogos invictos e se deu bem. Prezou pela coerência e acertou. 8