21 jan Quem não tem grana precisa ser criativo e competente
A temporada oficial do Cruzeiro começou com uma bela vitória para cima do Guaraní, por 3 a 1. Começar o ano vencendo é bom demais, nos enche de esperança e alegria. Mas, o que mais me surpreendeu nesta vitória foi a maneira com que o Cruzeiro se portou. Bem, para um primeiro jogo oficial, parecia que o time já joga junto há muito tempo.. não, pera.
Quando eu penso em jogo de estréia do campeonato mineiro, a sensação que fica é de um jogo travado, com muitas faltas e muitos erros de passe, além, claro, do desentrosamento natural pós férias. Essa estréia do Cruzeiro, pra mim, caminhou na direção contrária a isto que citei. Eu enxerguei um time inteligente em campo, com jogadores conscientes do que deveria ser feito. Todos sabiam da superioridade física do Guaraní, mas isto pouco mudou o jogo. Querem um exemplo? Nós temos dois laterais muito ofensivos e acho que consigo contar nos dedos as vezes que ambos ultrapassaram a linha do meio campo. Com isto, os meias abertos não precisavam se matar para marcar lateral, já que podiam guardar o fôlego para atacar. E olha que estamos sem o nosso “judascaeta”.
Aproveitando o gancho da saída de Judas e do bom ritmo imposto no jogo pelo Cruzeiro, eu gostaria de comentar neste texto sobre competitividade. Nós somos bi-campões da Copa do Brasil e, gigante por natureza, queremos estar sempre brigando por todos os títulos que disputarmos.
Não é novidade pra ninguém o distanciamento financeiro que vivem Palmeiras e Flamengo. Seja via patrocinador ou por desigualdade cotas, a realidade financeira dos dois times está muito além, o que torna praticamente impossível competir no mercado de transferências. Cara, numa boa. Se o Flamengo quiser um jogador que está negociando com o Cruzeiro, ele leva. Fácil. Eu não estou inventando isto, vocês mesmo sabem.
O que eu me questiono são os métodos que o Cruzeiro precisa utilizar para continuar competitivo. E quais são estes métodos? Para mim, sem titubear, são criatividade, inteligência e um bom trabalho de olheiro. Não da mais pra competir pelos jogadores batidos, falados o tempo todo na mídia. Esses aí podem virar leilão e, consequentemente, um rombo nas contas do Cruzeiro.
Ser criativo as vezes exige sacrifícios. Exige que o dirigente passe as férias viajando em busca de bons jogadores dispostos a vir pro Brasil e encarar o projeto do Cruzeiro. Exige que você seja organizado e competente no monitoramento de jogadores sul- americanos, por exemplo. Exige que você não deixe interesses do clube serem resolvidos por terceiros. Um caso que me chamou bastante atenção hoje foi a confirmação, por parte da imprensa, da contratação de Kevin-Prince Boateng junto ao Barcelona. Contratação mas aleatória possível, né? Mas serve bem de exemplo pra gente.
Boateng já tem 31 anos e joga no Sassuolo. Antigamente jogava como um meia atacante, mas hoje atua bem mais centralizado, como um típico camisa 9. Quem acompanha o futebol italiano vê que o Sassuolo foge do estilo ferrolho italiano de jogo. Sob o comando de De Zerbi, o time vem procurando jogar mais, trabalhar a bola de pé em pé e Boateng é uma peça fundamental no esquema. Coincidentemente, em busca de um reserva para Suarez, o Barça está pagando 2 milhões de Europa pelo empréstimo e, caso queira contatar, terá que desembolsar mais 5 milhões de euros. Aí eu te pergunto: tio Sobis ou Boateng? já que o valor é bem parecido…
Perrela e Itair no Cruzeiro – Foto: Divulgação/Cruzeiro
Dei apenas um exemplo simples, que bem possivelmente não se encaixa pra o Cruzeiro, visto que não precisamos de alguém que jogue como centroavante. Mas a lógica é esta, torcedor. É não se conformar com o comum e batalhar para encontrar o melhor negócio. Se me perguntassem, acho que o Cruzeiro tem a necessidade de contratar um jogador veloz, consolidado e que ocupe a faixa esquerda ofensiva do time. Eu, se fosse dirigente, teria ido atrás do japonês Takashi Inui, atualmente reserva do Real Betis.
- “Ah, mas jogador japonês no Brasil?”
- Amigão, o mundo está globalizado. Quem puder pagar, leva.
Além de ter disputado a última Copa do Mundo, Inui foi recém contratado pelo Betis, vindo do Eibar. Com 1,69 metros, Inui é destro, rápido, muito ágil e já jogou por Eintracht Frankfurt e Eibar. O jogador atende à carência que eu exergo no Cruzeiro, além de se encaixar na folha salarial do time.
Bom, apenas uma sugestão já que eu acompanho assiduamente La Liga. Mas e vocês, torcedores? Acompanham bem outros campeonatos nacionais? Existem bons jogadores de fora que se encaixam na realidade do Cruzeiro?
Por: Paulo Pianetti