Qual é a sua, Sánchez Miño?


Já vou deixando bem claro na primeira frase do texto: a corneta se fará soar com força nesse momento. O objetivo é falar do argentino Sánchez Miño, jogador que chegou ao clube com grande moral, ação especial do programa de sócio  torcedor, imensa confiança da diretoria e até agora não mostrou nada de positivo. É óbvio que essa é uma reação prematura e que em um cenário ideal deveríamos aguardar mais jogos para tecer uma opinião. Mas nos 6 jogos oficiais até o momento, o camisa 7 esteve presente em cinco. Para contribuir efetivamente com quase nada.

Sánchez Miño foi formado na base do Boca Juniors, jogando sempre pelo lado esquerdo, seja como lateral, ala ou meio-campista lateral. Após a saída do Boca, Miño passou sem sucesso pelo Torino, onde pouco ficou e foi emprestado ao Estudiantes, onde também não obteve grande destaque. O jogador ainda tinha contrato de empréstimo com o clube argentino, que o liberou sem custos para o Cruzeiro. Alguém é ingênuo o suficiente em achar que o atleta estava jogando bem? Para ser liberado antes do prazo sem pagamento de quantia alguma? Enfim, não vou questionar as análises de desempenho.

Mas é importante ressaltar, em momento algum esse atleta foi um volante, como conhecemos aqui no Brasil. Tudo bem, jogadores podem adaptar-se a novas funções, mas no atual modo de jogar do Cruzeiro, a posição mais indicada para que disputasse posição seria na lateral esquerda, disputando com Fabrício. Resolveria, inclusive, o problema da falta de competição pela titularidade no setor. O meu grande questionamento, entretanto, é sobre essa titularidade absoluta que Miño ganhou sem ter mostrado nada. Não se destaca nos passes, nem nos dribles, muito menos nos chutes. E não enche os olhos na marcação…

Trocando em miúdos: é um jogador comum que parece estar jogando apenas por ser uma aposta vista com bons olhos pela diretoria. Traduzindo em números retirados do Footstats, Miño distribuiu 137 passes certos, média de 27 por jogo. Se eu fosse maldoso diria que são quase todos para o lado ou para trás. Mas vamos ocultar isso. Contribuiu com 6 desarmes até o momento, pouco mais de 1 por jogo, tentou 6 arremates e acertou apenas um na direção do gol, e acertou 1 cruzamento dos 18 que tentou. Vou parar com os números por aqui e lembrar que é bom manter os dois pés atrás com o tal “jogador coringa”. Quem joga em diversas posições, normalmente não brilha em nenhuma.

Seu compatriota Ariel Cabral já deu mostras de sobra de ser a melhor opção para a titularidade no meio campo pela esquerda e o recém-contratado Marciel também poderia ter chances ali. Miño está jogando mal e isso não é necessariamente culpa dele. Agora que o ódio já foi manifestado e o veneno já está gotejando pelo teclado, podemos também enxergar uma questão positiva: piorar, dificilmente vai. Era um jogador de destaque no Boca, como um ala. Pode muito bem apresentar um melhor futebol se aproveitado nessa posição, como um defensor que compromete pouco e não se vê obrigado a conviver com todo o dinamismo de se atuar no meio-campo.

Por: Emerson Araujo