01 nov Procura-se um torcedor
Não é novidade para ninguém que torço para o Cruzeiro. Quem é Cruzeirense nunca consegue esconder. É uma camisa aqui, uma taça ali, uma faixa de campeão acolá. Nasci em um berço celeste, pai, mãe, tios, amigos, todos faziam parte de uma nação de 8 milhões de torcedores do Cruzeiro. O que mais me encantava, além da fase ótima do futebol, era a torcida. Bandeiras, tintas no rosto, faixas. Exigência sempre foi o ponto forte da torcida do Cruzeiro. Cobrança! E aí eu te pergunto , onde foi parar tudo isso?
A torcida do Cruzeiro não é mais a mesma. Há muito tempo que venho dizendo que está acontecendo um processo chamado de Atleticanização na torcida celeste. Sai exigência, entra apoio incondicional. Sai cobrança, entra mudança.
Talvez a torcida que exigia, que cobrava, que vaiava a diretoria, tenha ficado para trás juntamente com os anos de glória do time estrelado. Hoje o Cruzeiro não é mais um time competitivo, é um time para cumprir tabela e a torcida está indo pelo mesmo caminho. Quer um exemplo? Final da Libertadores, 2009, Cruzeiro e Estudiantes. Um dia após a nossa derrota, a cidade estava cheia de camisas do Estudiantes, os atleticanos vestiam as cores da Argentina, enquanto nos restava ir para frente da TV ou das redes sociais e chamar a torcida rival de “Torcida Arco Iris”, como diria o nosso ex presidente Zezé Perella. Mas será que nós já nos olhamos no espelho este ano? Tenho visto muito torcedor vestir a camisa do Fluminense para vingar 2009. O jogo inverteu? Seríamos nós hoje os Arco Iris?
Enquanto o Cruzeiro está jogado as traças com uma diretoria amadora, o torcedor nas redes sociais se preocupa em procurar postagens de jornalistas para tentar arrumar um culpado. A imprensa mundial é atleticana e todos estão contra nós. Aí eu te pergunto. Quem é que contrata jogador? É o jornalista ou é o presidente? O foco está errado. Será que não estamos procurando uma justificativa para algo que ultimamente está muito nítido? É hora de repensar. Repensar nas nossas atitudes enquanto torcedores, repensar na diretoria, repensar no foco.
A história do Cruzeiro é muito grande para poder se apequenar de tal forma, como tenho visto acontecer. É jogador indo para frente das câmeras e falando o que quer, é torcedor tampando o Sol com a peneira para poder diminuir a vergonha de mais um ano ridículo.
Se querem mudanças, está na hora de mudar a mentalidade da torcida primeiro. Está na hora de parar de colocar jogador na frente do clube, está na hora de parar de culpar Alex por não ter vindo e aceitar que o clube fracassou na negociação, está na hora de parar a “caça aos jornalistas alvinegros”.
Muitos torcedores irão me criticar. A esses fica aqui o meu “Só lamento”. Sempre fui acostumada a dizer a verdade, por mais que doa. Para alguns só digo que podem continuar me chamando de “Cruzeirense Franga” por falar a verdade, mas enquanto continuarem se vendendo para esta diretoria barata, o Cruzeiro vai continuar apresentando este resultado medonho nos gramados. Pensem nisso.