Precisamos falar sobre o Mayke


Surgiu como uma das promessas da lateral brasileira. “Vai vingar”, afirmava com toda certeza o torcedor cruzeirense que acompanhava passo a passo o início da carreira do jovem Mayke. O que tínhamos como certeza absoluta (desculpe o pleonasmo) foi virando dúvida e com ela veio a insatisfação. O jovem lateral-direito passava a ser apenas mais um no elenco, e, em algumas partidas, era “menos um”, literalmente.

O jovem de Carangola chegou ao Cruzeiro em 2010 após brilhar pela Taça BH de Futebol Júnior, e em dois anos disputando jogos pela base celeste, Mayke subiu para atuar pelo time profissional. Na época, o time passava por um momento difícil sob comando de Mancini/ Celso Roth e as oportunidades na equipe não apareceram. Entretanto, isso não foi algo ruim. Mantendo-se entre os destaques da base, foi promovido de vez em 2013, ganhou chances com Marcelo Oliveira na equipe profissional e não desperdiçou. Com ótimas partidas, só não era titular absoluto porquê Ceará era dono da vaga, mas mesmo assim revezou com ele durante o campeonato, aproveitando-se dos problemas físicos do camisa 2 para mostrar serviço. Acabou eleito o melhor lateral-direito do Brasileirão.

Com moral em 2014, o jovem ala era titular nos jogos do Campeonato Mineiro, enquanto Ceará jogava a Libertadores. O “Diamante Azul” mostrou capacidade, habilidade e desbancou de vez o antigo titular, assumindo a titularidade na lateral direita no decorrer do ano. Mais uma vez Mayke se destacou e junto ao Cruzeiro conquistou o Mineiro e mais tarde o Bicampeonato Brasileiro, como um dos principais pilares da equipe pela precisão nos cruzamentos. Tudo ia muito bem após duas temporadas ótimas. Chegaram propostas de clubes europeus. Porto e Benfica, mostravam que estavam interessados em levar nosso garoto para terras portuguesas, mas o destino quis que Mayke continuasse em terras tupiniquins, ou simplesmente, Gilvan preferiu mantê-lo em terras mineiras.

Após o fracasso nas negociações, a certeza que tínhamos em relação à Mayke começou a tornar-se uma dúvida. O Cruzeiro remontou seu elenco, perdeu suas principais peças (Everton Ribeiro, Lucas Silva, Goulart, Moreno), e a reposição não foi à altura. O time desengrenou e dessa forma Mayke foi afundando junto. Mesmo sendo titular, a torcida sabia que ele não era o mesmo. Se antes era melhor no ataque que na defesa, agora era deficiente defensivamente e fazia um papel razoável no ataque. Essa deficiência foi se evidenciando e já não aguentávamos mais tantos erros defensivos cometidos, ao passo que no ataque, não era mais tão efetivo. Se anteriormente Mayke disputava posição com Ceará, desta vez perdia espaço para o recém-chegado Fabiano. Com Ceará e Fabiano em condições, o camisa 22 virou a terceira opção para o setor.

2016 começa com a disputa entre Mayke e Fabiano pela vaga de titular, ocupando a lacuna da saída de Ceará, que não teve o contrato renovado. Fabiano se lesiona na pré-temporada e Mayke assume a posição, mostrando as mesmas deficiências da época anterior. Perde novamente a vaga para Fabiano. Nas partidas que começa entre os 11, sempre comete os mesmos erros infantis tanto na defesa quanto no ataque. Fabiano vai embora, Lucas chega em contrapartida e os erros na defesa do Cruzeiro seguem notórios. Mais uma vez o destino sorri para Mayke: o lateral recém-chegado não consegue se firmar no time titular graças às sucessivas suspensões e ao rendimento oscilante, e com isso, Mayke recebe novo voto de confiança, agora de Paulo Bento.

Contra a Ponte Preta ele brilhou, deu assistência, foi bem defensivamente. Mostrou que ainda dá para sonhar com aquele jovem garoto que despontava como grande promessa do futebol brasileiro. Não dá pra parar de sonhar que teremos aquele Mayke de novo, mesmo agora não sendo mais uma certeza. Uma coisa eu posso afirmar, ele não desaprendeu a jogar, e neste time tão incerto pode ser que a estrela de “Maykelelê” volte a brilhar. É por isso que torcemos, é isso o que esperamos, e, principalmente, precisamos.

Por: Victor Paixão