Por que o Cruzeiro incomoda muita gente?


Por que o Cruzeiro incomoda muita gente? - Foto: VipComm | Cruzeiro Esporte Clube

O Cruzeiro merece respeito.” “O Cruzeiro Esporte Clube incomoda muita gente.” Essas duas frases do ex-técnico Adilson Batista ainda podem ser usadas atualmente. Para muitos, isso foi um choque. Para a torcida e para quem tem o mínimo de entendimento sobre o futebol e o jornalismo esportivo em Minas, foi a mais pura verdade. Antes de começar a desenrolar a ideia central, gostaria de esclarecer que não estou julgando o fato de jornalistas esportivos terem um time do coração. Todos nós temos, curso jornalismo e quem me conhece sabe do meu amor pelo Cruzeiro. O problema está no “vestir a camisa” quando se está exercendo a profissão.

Minas Gerais: O único lugar onde uma vitória por 2×1 vale menos que uma derrota por 4×2

Os últimos jogos do monotítulo internacional e do Cruzeiro mostraram o retrato da imprensa mineira. Muitos valorizavam mais uma derrota deles por 4×2 fora de casa do que uma vitória (com um golaço, o mais bonito da temporada) do Cruzeiro em casa. Como Adilson disse lá em 2009, 2010, “parece que algumas pessoas tem raiva do Cruzeiro”. Desde que entrei para a faculdade de jornalismo e comecei a conhecer o mundo da comunicação, ouvi tantas coisas sobre o futebol e fiquei calado.

No jornalismo aprendi que tudo entre dois rivais é motivo para comparação, então vamos lá. Recentemente, os dois mineiros disputaram finais de Libertadores da América. Cruzeiro em 2009 e o time do preto e branco de uma estrela só, esse ano. Em 2009, pelo menos em Minas Gerais parecia ser algo normal o Cruzeiro chegar a uma final de Libertadores. De fato, é algo normal, mas a cobertura dada naquele momento do Cruzeiro pela imprensa mineira, soava como um “tanto faz, ganhando ou não, não vai fazer diferença pra nós”.

Já em 2013, quando o time de Vespasiano chegou a final da Libertadores. Parecia ser o jogo do século. Parecia que era o jogo da vida não só do Atlético Mineiro, mas também o jogo da imprensa mineira. No clássico de reinauguração do Mineirão, o empate deles foi também o gol da imprensa. A imagem do pessoal correndo para abraçar os jogadores ficará imortalizada. Aquilo não foi vergonhoso só para quem esteve no estádio, mas para quem assistiu ao jogo pela TV.

Incômodo de um lado e intimidade do outro

Naquela coletiva de Adilson, me chamou a atenção também quando ele disse: “Muita gente tem raiva, ódio do Cruzeiro, o Cruzeiro incomoda muita gente.” E de fato deve incomodar. Incomoda tanto que um erro de um zagueiro celeste é o fim do mundo e é pauta para duas, três matérias. Já os erros de defensores do lado de lá são considerados normais. São considerados normais pela intimidade. Uma intimidade que sinceramente, deve encher o saco até de quem é do lado de lá.

O Cruzeiro se tornou um incômodo por ter conquistado títulos em menos tempo de existência que o rival. E agora boa parte da imprensa (não posso generalizar e não será preciso citar nomes) pode ter a chance de “descarregar” essa raiva, depois do título da Libertadores do rival, a disputa de um mundial.

Meus caros, em Minas Gerais não há informação sobre o Cruzeiro, por boa parte da imprensa “oficial”. Há envenenamento. Por trás de críticas ou “elogios”, estão uma generosa dose de veneno. Me arrisco a dizer que se temos torcedores chatos (do tipo vencer por 1×0, é mais que obrigação. Perde ou empata, o time é lixo), é por culpa do envenenamento da mídia mineira. Como estudante de jornalismo sei bem o poder de uma imagem e das palavras.

Para encerrar. O clubismo há em qualquer estado. Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul, só que em alguns estados (exceto SP e MG), é mais disfarçado. Como em Minas é difícil exigir um jornalismo esportivo sem “vestir a camisa” de um time, só resta uma alternativa: procurar as informações nos lugares certos. O Cruzeirense está cercado de cobras, por isso ele tem que ter cuidado para olhar onde vai pisar, ler ou acessar. Afinal, o veneno é perigoso.