28 fev Pés no chão
Salve, China Azul! A derrota para o Racing-ARG, em partida válida pela primeira rodada da fase de grupos da Taça Libertadores, teve várias nuances. Falhas coletivas, individuais e exibições abaixo do esperado de alguns jogadores, tomam conta das análises feitas pelos comentaristas de todo o Brasil. Mas o maior derrotado da noite não foi o Cruzeiro, e sim o clima de euforia que tomava conta de grande parte da torcida.
Antes de explanar, já declaro: o Cruzeiro tem sim um dos melhores elencos do futebol brasileiro. É difícil negar. São boas opções para todos os setores, além da manutenção de um trabalho que inicia a sua segunda temporada consecutiva, praticamente, com a mesma base de jogadores e o mesmo treinador. Não é sobre isso que eu quero dizer. Independente do potencial do elenco ou, ainda mais, do que ele nos mostra em algumas partidas, todos sabemos que, no futebol, não se ganha antes dos noventa minutos. E exemplos não faltam para comprovar esta afirmação, já que todo mundo conhece um caso de um time muito bom que foi muito aquém das expectativas. Pare para pensar, puxe pela memória. Lembrou? Pois é. Nós também corremos este risco.
Antes do Cruzeiro estrear na Libertadores, já se começou a falar de vitórias, goleadas, artilharia, título, Mundial e outras coisas que só aumentaram a expectativa de grande parte dos torcedores. A janela de contratações foi muito elogiada, as exibições no Campeonato Mineiro, até então, também foram satisfatórias. A partir daí, o clima de empolgação estava criado. A derrota de ontem, entretanto, colocou uma série de dúvidas na cabeça deste torcedor que achava que tudo estava perfeito, deste ser que viva naquele mundinho onde pensava que a Libertadores seria um caminho tranquilo, e que já estava naquela de parcelar a sua viagem pra Dubai no final do ano.
O Cruzeiro fez uma partida ruim, sobretudo no seu sistema defensivo. Apesar da criação ter funcionado em níveis satisfatórios para um jogo fora de casa, não se pode perder a quantidade de gols como na noite de ontem. Errar contra o Boa Esporte, contra a Caldense ou contra o Patrocinense é uma coisa, errar contra um adversário de nível de Libertadores, como o Racing, é outra completamente diferente. Apesar disto, não é momento de se jogar um trabalho inteiro fora, ou de começar a crucificar jogadores ou treinador por conta disso. É momento de correção, de ajuste, de trabalho. É momento de aprendizado, para a torcida ou para o time.
Tenho certeza de que Mano Menezes já assistiu ao vídeo desta partida algumas vezes, e que vai passar aos jogadores as suas ponderações sobre o ocorrido. Tenho certeza de que o elenco também está chateado com essa derrota. Assim como tenho certeza de que você, torcedor, foi dormir de cabeça cheia. É normal. Mas não adianta culpar o mundo por uma expectativa que você mesmo criou, por seus motivos. Não adianta esperar que tudo vai ocorrer da maneira que você esperou. É futebol. É imprevisível. É bom que seja assim, já que o Pentacampeonato da Copa do Brasil veio nesta imprevisibilidade, com o Cruzeiro enfrentando adversários mais qualificados e, mesmo assim, se sagrando vitorioso.
Se esta será a temporada dos sonhos ou dos pesadelos, bom, isso eu não posso responder. Mas torcedor, um conselho: colocar os pés no chão faz um bem danado. Acredite.