12 ago Parte 3: O X da questão

Finalizando esta série de artigos, vamos entender qual o ponto principal de toda esta questão das apostas, investimentos, arrecadações e tudo que envolve o momento que o Cruzeiro vive.

O Cruzeiro no quesito dinheiro, tutu, bufona, jornal velho ou garrafa velha para vender, não tem atualmente a mesma arrecadação de Internacional, São Paulo, Flamengo, Santos, Fluminense e Corinthians, por exemplo.

Vivemos, durante muito tempo, da constituição de receita e patrimônio, através da venda de jogadores. Tal atitude matava a torcida de raiva, por não pensar como empreendedor e sim com o coração, mas balizava e calcava no médio e longo prazo o financiamento das nossas conquistas.

Mas esta época acabou. O mundo mudou, e até os Estados Unidos estão pedindo dinheiro emprestado. Perceba que os clubes citados são os vencedores mais recentes das competições que cobramos fervorosamente do Cruzeiro.

Porém, ai entra o pulo do gato, além de vender suas revelações, estas instituições possuem um ou mais dos seguintes fatores: estádio próprio, mídia, plano de sócio torcedor efetivo, inúmeros patrocinadores, maior quantidade de torcida em outros estados, ações de marketing, dentre outros.

Portanto, enquanto o Cruzeiro não revolucionar, mudar ou adotar uma nova maneira de arrecadar fundos e investimento, não adianta tanta exigência.  A cobrança então não tem que estar somente focada com a política de contratação, venda ou compra de jogadores ou técnicos no clube e sim como o Cruzeiro vai se reinventar para buscar mais capital para suas ações. Afinal, com mais poder de bala, de preferência com regularidade garantida como, por exemplo, um plano sócio torcedor efetivo, dá para se investir mais e consequentemente se arriscar mais na formação de times.

Sei que muitos estão felizes com a mudança da diretoria. Eu apoio por questões de filosofia pessoal e achar saudável a alternância no poder. Mas discordo sobre uma avaliação ruim na administração Perrella. Pelo contrário, quem é torcedor desde os anos 80 sabe que eles recolocaram o Cruzeiro no mapa do futebol nacional e no rumo das conquistas.

Mas eles dentro em breve serão passado e temos que pensar no futuro. E este é o nosso maior problema, o futuro. Afinal, se a próxima diretoria que assumir não mudar a forma de como arrecadar dinheiro, fará campanhas medianas e conseqüentemente figuração no médio ou longo prazo nas competições nacionais e internacionais. Beliscando ali e aqui, quando forem possíveis os primeiros lugares, sem garantia de título.

Não adianta sonhar alto e tentar buscar uma grande conquista com um orçamento tacanho, em qualquer segmento ou negócio. Isto é, com valores tão discrepantes de 10 milhões versus 100 milhões, por exemplo.

Por fim, se você parar um pouco e refletir, isto já acontece em alguns campeonatos estaduais quando algumas equipes só fazem figuração e outras poucas, duas ou três, estarão com uma mão na Taça ao fim da competição.

O nosso futuro em termos nacionais será este se algo não mudar.