Parabéns, Minas Arena! Parabéns, Anastasia!


Foram 2 anos de espera, de saudade.  Domingo, um sol rachando, coração acelerado, correria em casa no almoço. “Mãe, faz almoço mais cedo, tenho que ir pro Mineirão.”

Cheguei ao Mineirão as 13h30. Subi do Carrefour ao estádio a pé. No caminho, fui vendo novamente a “cara” do gigante. Era gente sentada no meio-fio jogando truco, era gente tomando sua cerveja, fazendo a festa. Ver o rosto de pessoas conhecidas no caminho foi algo de arrepiar.

Portões fechados. Vamos procurar uma sombra pra ficar, não tem!  Ah, tudo bem. Daqui a pouco o portão abre e tudo é festa.  Portões abertos com 20 minutos de atraso. Menos 1 ponto para Minas Arena.

Fiquei de 13h30 até as 16h20 esperando uma amiga com meu ingresso. Enquanto estava na esplanada eis que chega um cara e me pergunta – “Tá sozinha?” Respondi: – “Tô sim”.  Ele já me pegou pelo braço e falou: “Não tá mais.” Sentei no chão com ele e com os amigos e ali ficamos rindo. Saímos pra rua para procurar algo pra beber, mas simplesmente não havia ambulantes vendendo nada. Era proibido! Menos 1 ponto para Polícia Militar.

Estava morrendo de sede, de fome, mas tudo bem. Minha amiga já chegou e a gente compra tudo lá dentro. Entrada do sócio torcedor, sem fila. Ponto pra Minas Arena. Não fui revistada para entrar. Menos 1 ponto.

Daqui pra frente foi mistura de saudade, revolta, alegria, decepção. Vi um Mineirão sem grades. Sem limites. Sem limites de beleza, sem limites de falta de respeito. Uma entrada pra todo mundo que dava acesso a todos os setores. Quem pagou R$ 150,00 sentou ao lado de quem pagou R$ 60,00. Falta de respeito do torcedor? Não. Falta de organização da Minas Arena. Espaço reservado para os sócios? Só no papel, não vi nada disso. Cadeira numerada? Funcionamento zero.  Menos 1 ponto para Minas Arena.

Para surpresa de todos, havia apenas um restaurante funcionando em todo o estádio. Um restaurante pra atender as mais de 52 mil pessoas presentes no clássico! Resultado? Caos. Para piorar, eis que vem a notícia: Acabou a água pra vender. A partir daí, teve gente tomando água na torneira do banheiro. Era gente saindo de maca, desmaiando de calor. Crianças com sede, mulheres grávidas passando mal. Menos 1000 pontos para Minas Arena.

Todo mundo sendo praticamente obrigado a pagar R$ 6,00 em uma lata de refrigerante. Quente, só pra ressaltar. Tropeiro sem bife e sem ovo? Cadê aquele tradicional? Acabou? Tropeiro agora é só o feijão e a R$ 12,00? Menos 2.000 pontos pra Minas Arena.

Se por um lado a Minas Arena foi esse desastre, um ponto a ressaltar. Parabéns para a Polícia Militar de Minas Gerais. Mostrou competência, passou segurança para os torcedores. Clássico com duas torcidas muito mais seguro que qualquer outro jogo de uma torcida que assisti na Arena do Jacaré ou no Independência.

A atração do clássico foi a festa da torcida. O respeito entre atleticanos e Cruzeirenses. A única separação de torcidas foi uma corda e policiais. Sem grades. Sem brigas, sem violência. O clima de paz estava presente. O ambiente familiar voltou. Parabéns torcida, mesmo com sede, com fome, nervosos com tamanha falta de respeito com o torcedor, a paz reinou.

Agora fica a minha dúvida: Será que a culpa é só da Minas Arena ? Onde o Sr. Anastasia estava, será que faltou água? Onde estava o governo para fiscalizar a “festa” antes de começar? Parabéns para o Governador! Frustrou a expectativa de todos que ali estavam presentes. Parabéns. Não se inaugura um estádio sem estar pronto, Sr. Anastasia. Fica feio para o  resto do país.

E por favor, não me venham com a desculpa de que foi o primeiro jogo, que agora tudo vai melhorar. Foram 2 anos de reforma! Será que nesse tempo todo não dava pra regularizar a licença de todos os restaurantes? Será que precisa de mais de 2 anos pra se colocar luz , sabonete e papel higiênico no banheiro?

Me emocionei sim, arrepiei, tive que conter as lágrimas quando coloquei o pé no novo Mineirão.  Que fique claro: Senti tudo isso porque eu tenho uma história no Mineirão, tenho uma vida ali dentro. Tenho páginas heroicas e imortais. Queria muito que isso se misturasse com o que tivesse visto ali ontem, mas infelizmente não posso falar isso.

No mais, voltamos pra casa. Ainda em reformas, mas com vitória.

Bem vindo, Mineirão.