O gigante Paraná


Não vi Pelé, mas vi Marquinhos Paraná. Esta é a hipérbole que costumo usar quando me refiro a esse brilhante jogador. Brilhante? Muitos podem dizer que meu conceito de brilhantismo no futebol é completamente errado, mas não.  Brilhante não é só quem dribla, pedala, faz festa, faz gols e dá show.   Brilhante é o jogador que faz o designado e ainda opera em outros setores, sempre de forma precisa. E Paraná é, sim, brilhante. À sua maneira, Marquinhos comanda o time Marquinhos Paraná - Foto: Divulgação/VipCommdo Cruzeiro. Ele é o jogador que cadencia o jogo, mas que sabe também a hora de apressá-lo. É perfeito na marcação, frio e calculista com a bola nos pés. É incrível tudo o que sabe fazer dentro das quatro linhas. Seu único defeito era ainda não ter feito um gol pelo Cruzeiro. Era, porque, no último domingo, o Pernambucano com apelido sulista fez explodir a torcida celeste, marcando um gol pela primeira vez com a camisa estrelada, depois de 73 jogos.

Desde sua estréia, no primeiro jogo da temporada de 2008, Marquinhos não teve vida fácil. Perseguido pela torcida logo em seus primeiros minutos com a camisa do Cruzeiro – quem não se lembra das vaias que tomou no início do jogo contra o Uberaba, em 2008? -, o jogador teve que provar a cada dia seu valor. E que valor! Taxado de ‘queridinho do Adilson’, nosso camisa 7 – ou 5, ou 2, ou 6, ou 10.. pouco importa, afinal, ele já fez todas essas funções- demorou para ter o reconhecimento que merecia, se é que o tem. Paraná joga para o time, sem esperanças de ver seu nome figurar na lista dos destaques das partidas, afinal, ele raramente faz gols. Outro ponto positivo do jogador é sua disciplina. Foram apenas oito – sim, eu disse oito- cartões ao longo de sua trajetória no Cruzeiro. Inacreditável. Seu futebol encanta. Sua maneira de tocar na bola é diferente. Marquinhos é um verdadeiro maestro, daqueles que não pedem por aplausos. Domingo, depois de seu belo gol de cabeça, Paraná não sabia sequer como comemorar. Timidamente, ergueu as mãos como forma agradecimento, quando, na verdade, nós deveríamos estar agradecendo.

Mesmo com 32 anos, Paraná joga como um garoto. Resta-me deseja que ele fique por muito tempo no Cruzeiro e que possa ser campão muitas vezes com a camisa celeste. Paraná merece, pela carreira difícil que teve. O Cruzeiro é, sem dúvidas, seu auge no futebol, e Marquinhos está sabendo aproveitá-lo. Tomara que essa carreira seja coroada com o título da Libertadores.