O futebol que não tem preço


Muito vem se comentando sobre como é importante o treinador Marcelo Oliveira ter opções no elenco, tanto para escalar quanto para montar seu banco de reservas. Lembrar que a venda de Montillo tem se mostrado extremamente benéfica ao Cruzeiro, é outro assunto exaurido. A abordagem proposta no momento é outra: o Cruzeiro de Marcelo, versão 2013, voltou a jogar futebol. Ao contrário dos últimos elencos e dos últimos treinadores que aqui trabalharam, não trata apenas de se apoiar numa base de anos anteriores para tentar esgotar toda a capacidade dos mesmos atletas, como fizeram Cuca, Joel, Ávila e Mancini e por fim, Roth.

Nos primeiros jogos do ano, podemos constatar que o remontado Cruzeiro não tem vergonha de tocar a bola, virar o jogo, procurar espaços. Não tem medo de ter a posse da pelota. Marca, corre, recupera e faz o seu jogo. Nem pensemos em citar o Barcelona, 2011 foi uma lição dura demais para todos nós, obrigados a ver estupefatos, um medíocre Once Caldas nos bater em nossos domínios. E confesso, estou longe de ser um grande admirador do estilo adotado pelo escrete catalão. Vejo o bom futebol como aquele jogado com paciência, velocidade e objetividade. Deve-se primeiramente saber o que fazer com a bola, não apenas segurá-la até a próxima investida do rival. E aqui entra o personagem chave de todo o nosso enredo.

Marcelo Oliveira fazia do seu Coritiba um time absolutamente chato de se enfrentar. Com todo o respeito que o Coxa merece, não é um time que faça frente aos maiores do país. Não tem nem de perto a envergadura que o ‘Maior de Minas’ oferece. Mesmo assim, como era complicado ir ao Couto Pereira. Havia uma série de jogadores com qualidade para desequilibrar partidas. Mesmo não sendo os atletas mais talentosos do país, se encaixavam e conseguiam dar fluidez ao time. Quantas vezes não vimos um Anderson Aquino, um Everton Costa, um Robinho e até mesmo um veterano como Lincoln anotando um tento decisivo após jogadas de boa qualidade, onde a bola esteve por largos períodos em posse dos alviverdes? Onde entra nosso atual comandante? Assim como em nosso elenco atual, ele foi o responsável por montar o grupo, pinçar jogadores por qualidades que se complementam e são capazes de dar uma liga suficiente para atender as expectativas de um clube e seus adeptos. Observando o trabalho feito nesses primeiros dois meses do ano, estou certo que a receita dará certo.

Perspectivas são válidas, e a atual é bem positiva. Talvez não conquistemos título algum nessa temporada, ou não consigamos a classificação para a próxima Libertadores. Mas hoje, sem medo de errar, podemos botar a cara para bater em um ponto: Esse Cruzeiro vai jogar futebol. Vai persistir, vai incomodar muita gente e chafurdar em busca das vitórias, independente do adversário. Tropeços podem existir, mas é imprescindível que estejamos junto com o clube mais uma vez, dando um voto a mais de confiança nesse novo comando técnico e numa diretoria que se não prima por um trabalho de excelência, ao menos não se omite.

Como um controverso treinador disse certa vez, “O Cruzeiro merece respeito”. Nas últimas temporadas, parece que quem comandava nosso time não conseguia entender esse conceito, transmitindo a derrota aos atletas antes mesmo de entrarmos em campo. Mas não vale relembrar esse passado. O futuro é auspicioso e a vontade de ver o Cruzeiro jogar, é cada vez maior. Até por essas longas pausas no meio do Campeonato Mineiro, está difícil conter a ansiedade para a chegada do próximo confronto. Onde o resultado como sempre é imprevisível. Mas o futebol, uma certeza.

Foto: VipComm