O esquema do Tite é um ferrolho colorado


Ganha força aqui em terras tupiniquins a linha de quatro defensores atrás como vimos ontem, é avanço ou jogar com o que se tem nas mãos?

Vou me dar ao direito de não comentar sobre a arbitragem, até mesmo porque falar sobre o jogo é mais interessante e menos repetitivo.

Cruzeiro 1 x 1 InternacionalO que vimos ontem do Cruzeiro que entrou em campo é o que se espera de nosso esquema sem Ramirez (na cabeça do Adilson), três volantes e um meia, sendo que perdemos a aproximação contundente de um dos volantes (coisa que o Queniano azul fazia como poucos), e podemos perceber que nosso treinador deu mais liberdade para Magrão, com Marquinhos Paraná fechando na esquerda. No colorado, Tite sabendo que não tínhamos um atacante de velocidade jogando pelas pontas, fez questão de congestionar a cabeça da área com três volantes e com alguns diferenciais: o volante argentino e o Magrão deles, também sabem sair para o jogo, agregando a pegada e estatura ao meio (inclusive um deles fez o gol); e o outro fator, foi a linha de quatro zagueiros, já que ele não dispõe de laterais contundentes como no caso do flamengo (talvez o único time do Brasil que os tenha).

O jogo começou truncado, estudado, com jogadas pelo meio, muita pegada e ninguém se arriscando, o Internacional cadenciando o jogo e o Cruzeiro tentando se acertar com seu meio de campo mais lento. Após falha de marcação e consequentemente o gol colorado, o Cruzeiro adiantou seus laterais, jogou mais no campo do adversário, porém caindo na armadilha deles, que era jogar nos contra-ataques, congestionar o meio obrigando nosso time, sem um jogador agudo pelos lados, cruzar bolas na área com nossos laterais sem os mesmos irem a linha de fundo, isto fazia com o que W. Paulista ficasse ilhado entre os dois zagueiros, fato que inclusive ocorreu após o final da primeira etapa com mais ênfase após as expulsões.

A entrada de Bernardo deu mais qualidade no passe, Adilson o colocou na direita, Wagner na esquerda, porém como disse, eles olhavam para frente e só viam W. Paulista, e a bola era rifada na área adversária.

Na segunda etapa o Cruzeiro vindo com mais um na frente, fizemos o gol rápido em uma jogada de aproximação, passamos a incomodar mais, porém com Paraná deslocado para a direita, o colorado passou a ter espaços pelo meio, tendo apenas Fabrício na marcação e a imagem que se tinha era que logo sairia um gol de qualquer lado, porém o gol azul da virada estava mais maduro.

Pesou muito os contra-ataques do time gaúcho na substituição de Adilson que sacou Wagner e colocou mais um volante trazendo Paraná de volta pra fechar o meio, mas fazendo com que o time perdesse muito em passes em direção ao gol, pois ficou apenas Bernardo com esta função, porém estava jogando com um ponta direita pela determinação do treinador.

Sinceramente não me lembro de ver o Cruzeiro jogando com dois atacantes e dois meias como vi por pouco tempo ontem, talvez tivéssemos um companheiro melhor em campo, com Leonardo e Fabrício em melhores condições físicas, Adilson não tivesse voltado atrás no esquema “ousado” para seus padrões.

O jogo terminou com o Cruzeiro sem saber como entrar no ferrolho colorado e ao mesmo tempo sem dar tantos espaços para os contra-ataques gaúchos.

Ponto forte do time: A volta de Wagner que parece estar bem e preparado para a batalha do morumbi, a fase do Fábio que é quase unanimidade e o atacante Zé Carlos que pode não ser craque, mas chama o jogo, arrisca e sabe fazer o pivô, vamos esperar pra ver.

Ponto fraco do time: Alguns jogadores não estão no mesmo patamar físico, caso de Jean Carlos, Athirson, T. Heleno. O atacante W.Paulista tem que jogar mais em pé, cai muito, catimba muito, está ficando visado (já não basta Kléber), e trás uma imagem ruim do time para com as arbitragens, e já estamos vendo isto. E por último a falta de jogos que recente o jovem Bernardo, é nítido que ele está com medo de errar, nosso treinador precisa passar mais confiança e o jogador saber que mesmo errando não será sacado do time, pois é diferenciado.

Para se pensar: como disse ao abrir a coluna, na falta de laterais decisivos ofensivamente, não seria mais eficaz uma linha de quatro defensores atrás, dando mais liberdade aos jogadores de meio e até se dando ao direito de abrir mão de um ou até dois volantes marcadores, e no lugar meias que chegam com mais qualidade na frente pelo meio ou pelos lados e sem a bola fecham o meio também? Vide São Paulo e Internacional. Eu já estou dividido…

Um abraço

Gener Valvão, 34 anos, morador de Contagem, trabalha na área da construção civil diretamente com contrutoras. Desportista nato, acompanho esportes pelo mundo todo (graças a ESPN e Sportv), cruzeirense enraizado na família toda azul, contarrâneo dos Perrelas por parte de pai (São Gonçalo do Pará) e contarrâneo do vice Gilvan de Pinho Tavares por parte de mãe (Sabinópolis). Como foi quase jogador profissional, gosta muito e tem o tino de analizar e observar o jogo taticamente e estrategicamente falando, esquemas, posicionamentos, etc…sendo principalmente muito exigente comos pseudo- jogadores hoje em dia.