O caminho para o Tri: Acima do favoritismo, respeito


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A Copa Libertadores 2014 só começa em campo para o Cruzeiro em fevereiro, mas fora dele ela já teve o apito inicial. Ontem foi definido o grupo do Cruzeiro na competição e os adversários no caminho em busca do Tricampeonato da América. Alcançando a 15ª participação na competição continental, o Cruzeiro um grupo moderado, mas longe de ser tranquilo como muitos pensam.

Categoricamente é possível afirmar que o futebol celeste realmente é o mais forte tecnicamente do grupo, favorito à classificação de forma inevitável. Contudo, é preciso calma ao analisar o possível desfecho do grupo, uma vez que os times sorteados apresentam certas características que devemos ficar atentos. Não é um grupo difícil, mas também não será totalmente fácil. É muito mais um grupo “chato”, como diz o jargão da bola. Entenda porque, mesmo favorito, o Cruzeiro precisa tomar cuidado e se mobilizar apenas no campo, deixando de lado o favoritismo para as arquibancadas.

Grupo 5

1 – Cruzeiro
2 – Defensor Sporting (Uruguai)
3 – Peru 2 (Real Garcilaso ou Universitario)
4 – G3 (Chile 3- Universidad Católica, Universidad de Chile, Palestino ou Iquique x Guarani – Paraguai)

1ª Escala – Uruguai

O Defensor Sporting é historicamente a terceira força do futebol uruguaio, atrás de Peñarol e Nacional. Localizado em Montevidéu, capital do país, o clube chega para essa Libertadores sob o critério de segundo colocado na pontuação anual do futebol uruguaio, garantindo a segunda vaga do país. Entretanto, no atual Torneo Abertura o clube ocupa a modesta 11ª colocação entre 16 times, com apenas quatro vitórias em 14 partidas. O péssimo desempenho pode ser explicado pelo fraco futebol da equipe atuando como visitante, onde somou apenas duas vitórias em oito jogos. O grande destaque da agremiação uruguaia é o já veterano meia-atacante Nicolás Olivera, que já atuou pelo Valencia, Sevilla e por muito tempo no futebol mexicano.

Em suma, é um time modesto tecnicamente, com totais condições de ser batido dentro e fora de casa. O retrospecto contra times brasileiros é fraco, com apenas três vitórias em 14 partidas jogadas. Como seu estádio Luis Franzini comporta apenas 18 mil torcedores, o Defensor manda suas partidas de Libertadores no Estádio Centenário, ícone do futebol sul-americano.

2ª Escala – Peru

Aqui, duas situações distintas. O Campeonato Peruano acaba no próximo domingo, quando o segundo jogo da final entre Real Garcilaso e Universtario será disputado. A vantagem é do Garcilaso, que joga por empate após vencer o primeiro embate por 3×2 em casa. É aí que mora um perigo tão conhecido.

Caso dê Garcilaso no Grupo 5, o Cruzeiro terá que enfrentar nada mais que 3 927 metros de altitude no Estádio Inca Garcilaso de la Vega, situado na cidade de Espinar, província de Cuzco. Os quase 4 mil metros acima do nível do mar vão obrigar a equipe celeste a fazer uma adaptação prévia antes da partida, mas de qualquer maneira o desempenho em campo certamente será afetado, como os próprios peruanos sentem, clique aqui e leia.

Na bola, o Garcilaso ou “La Máquina Celeste” é clube de apenas quatro anos de existência e uma participação na Libertadores, com uma boa equipe que vem crescendo rapidamente no futebol peruano. Ambicioso, o clube investe na construção do centro de treinamentos mais moderno do Peru. O grande destaque da equipe é o artilheiro Maurício Montes, que fez toda a carreira no futebol doméstico e que atua no Garcilaso pela primeira vez.

Caso passe o Universitario, o Cruzeiro terá que enfrentar o melhor time peruano tecnicamente. Classificado às finais com sobra, o time peruano está entre os mais tradicionais da América do Sul, sendo vice-campeão da Libertadores em 1972. Atualmente a equipe tenta sair de um período nebuloso no aspecto financeiro, sendo que em 2012 alguns jogadores entraram em greve, forçando o clube a utilizar os juniores em algumas partidas até resolver a situação. No sufoco, mas respirando, o clube conta com uma equipe rápida ofensivamente, tendo no habilidoso e veloz ponta Raul Ruidiaz, com passagem pelo Coritiba, seu maior destaque.

3ª Escala – Chile ou Paraguai

A Seletiva 3 ainda está bastante indefinida. Do lado paraguaio do confronto, tem-se o Guarani. Terminou em quarto lugar o campeonato paraguaio e classificou-se à Libertadores como a melhor equipe depois dos dois campeões nacionais, Cerro Porteño e Nacional.

É uma equipe de investimento modesto no Paraguai, mas que hoje conta com alguns bons nomes que carregaram a equipe ao longo da temporada. Olho na trinca ofensiva formada pelos goleadores Ramón Ocampo, Federico Santander e Derlis González, sendo os dois últimos já cobiçados por times do exterior.

Em favor do Cruzeiro conta também o retrospecto. Na Libertadores 2011 o clube enfrentou o Guarani na fase de grupos e venceu as duas, sendo um 4×0 na Arena do Jacaré em grande noite ofensiva daquela equipe.

Caso passe um adversário chileno, é preciso respeito. O futebol chileno cresceu muito nos últimos anos e conta hoje com uma liga doméstica muito equilibrada. A chamada Liguilla definirá o representante chileno na Seletiva 3 entre os dias 13 a 22 de dezembro. Os confrontos serão de ida e volta entre Universidad Católica X Deportes Iquique e Universidad do Chile X Palestino, sendo logo depois a final do minitorneio. O vencedor encarará o Guaraní-PAR.

Todo cuidado é pouco, caso passe qualquer uma das Universidad. Tanto a Católica quando La U contam com bons times, candidatos diretos a uma possível primeira colocação. São clubes extremamente tradicionais no continente sul-americano e vêm de boas campanhas em recentes Copa Sulamericanas e Libertadores. Já Palestino e Iquique são franco atiradores, mas fizeram por merecer brigar por uma vaga.

A Copa Libertadores já começou para o Cruzeiro. Antes de qualquer favoritismo, é necessário respeito e preparação para os desafios que virão. Mesmo com um ano onde tecnicamente sobramos em campo, não poderá haver espaço para acomodação em 2014. A Libertadores é sonho e assunto sério. E precisa ser tratada assim, seja qualquer o adversário que vier.