O adeus, a chegada: os melhores da história


Tive a oportunidade de acompanhar muito de perto a carreira de Marcelo Oliveira no Cruzeiro. Como funcionário de sua assessoria pessoal, assumi o cargo de auxiliar o treinador em sua relação com a imprensa em janeiro de 2013, momento mais conturbado. Lembro de como eu torci naquele primeiro clássico, pelo meu time de coração e pelo profissional. E como a partir daquela vitória, sua trajetória no Maior de Minas se consolidou. Muitas vitórias, time se acertando, torcida comprando a ideia, tudo maravilhoso. A perda do título estadual com grandes parcelas de culpa da arbitragem foi um momento ruim, mas logo depois veio a recuperação. E o time passou a jogar um futebol muito melhor do que o nível imaginado para o pobre e decrépito futebol brasileiro.

 

Sempre me incomodou muito falar que o Marcelo recuava o time em mata-mata. Isso é falácia de quem sabe pouco ou nada de futebol. As pessoas esquecem que no futebol existem dois times e que quem ganha e perde jogo são os atletas. Nunca me sairá da memória a imagem do Marcelo gesticulando e mandando o time sair de trás na derrota para o Flamengo da Copa do Brasil 2013. E essa cena se repetiu em diversas ocasiões, quando vimos que aquele brilhante elenco não conseguia se unir e matar os adversários nos jogos mais decisivos. A conquista do Brasileiro nos dois últimos anos foi a prova de que o time sobrava em qualidade, mas faltava uma tenacidade a mais em certos duelos, especialmente nos torneios eliminatórios. Isso não passa necessariamente pelo treinador.

 

Pouco após o título do Mineiro em 2014, deixei sua assessoria para ir cuidar de outros clientes, em outros centros. Mas o respeito e a admiração pelo Marcelo nunca passaram. Não mantenho contato com o treinador e nunca me considerei seu amigo, mas pude ajudar infimamente em sua afirmação no clube. Me recordo do dia que após semanas de pesquisa e cálculos, vi que com mais um triunfo o comandante se tornaria o melhor treinador da história do clube, pelo aproveitamento. Ostentou essa marca até esse 2015, quando as coisas não caminharam bem após Gilvan e seus capangas destruírem o plantel vencedor. Minaram o Cruzeiro, por uma imbecil guerra de egos, uma tragédia que dizimou um dos maiores Cruzeiro’s da história em apenas 6 meses.

 

A tristeza pela saída do Marcelo foi uma das maiores que já senti no futebol. Confesso que até pouco tempo tive dúvidas se renovaria minha cota de sócio de futebol, programa que nunca deixei de honrar desde 2007, quando ainda tínhamos o Cartão 5 Estrelas. Mesmo nos mais terríveis momentos de Arena do Jacaré, lá estava apoiando, pagando e viajando para ver elencos medíocres que não honravam nossa camisa. Mas não há o que se lamentar pra sempre, a decisão já foi tomada e precisamos seguir em frente. O Cruzeiro é maior que todos eles, maior que todos nós. A chegada de Luxemburgo não me empolgou, de forma alguma, mas ele é até hoje, o segundo melhor treinador que vi comandando o time celeste. Só por Marcelo tenho mais consideração.

 

O Cruzeiro 2003 foi moldado por Luxa, que foi o primeiro brasileiro a entender a necessidade de planejamento no futebol. A partir de seus conhecimentos, o futebol nacional evoluiu muito, com profissionais mais qualificados no comando técnico das equipes. Pode ser que o treinador reedite seus melhores momentos, como pode ser mais um fracasso, algo que ele tem colecionado nos últimos trabalhos. Capacidade e inteligência para montar grandes times, ele tem. Que receba de Gilvan e os dois incompetentes que o cercam respaldo, algo que o antecessor bicampeão brasileiro não teve quando mais precisou. O passado já foi escrito, o futuro depende de muito trabalho. Estaremos juntos nessa luta, sem jamais tirar os olhos do horizonte. Bem vindo e boa sorte, pofexô. Mas o brado permanecerá, eterno: #DesculpaMarceloOliveira .