Não adianta “tampar o sol com a peneira”


Após três derrotas seguidas contra adversários diretos, duas vitórias diante de times que estão mal na tabela. Valeu pelos seis pontos, mas não se enganem, o Cruzeiro ainda está jogando mal e longe do ideal para lutar por título e vaga na Libertadores. 

Amigos leitores, continuo com a minha linha de raciocínio – elogio quando merece, e critico quando precisa, não importa o resultado dentro de campo.

Por isso digo que vencer Portuguesa e Flamengo foi bom pelos resultados, bom para não ver o Cruzeiro afundar na tabela, melhor ainda por estarmos na briga pelo G-4 e pelo título, mas ainda não estou tranquilo quanto ao futebol apresentado.

Ganhamos da Portuguesa, time que está brigando para não cair no Brasileirão 2012 (já foi rebaixado no Paulistão deste ano) e ainda tiveram chances de abrir o placar. Vencemos graças a um pênalti salvador cobrado por Wellington Paulista e uma jogada de contra-ataque no final do jogo de Diego Renan.

E ontem? Enfrentamos um Flamengo que tinha, no máximo, três jogadores decentes (Vágner Love, Ibson e Renato Abreu), um monte de jogadores da base, todos comandados pelo ultrapassado Joel Santana, e mesmo assim passamos sufoco. Vencemos com outro gol salvador, agora de Borges, numa jogada que o torcedor do Cruzeiro não via há muito tempo – cruzamento perfeito vindo de um lateral, no caso, Ceará.

Para fazer justiça, vamos dar méritos também ao Fábio, que continha fazendo boas defesas, a zaga formada por Rafael Donato e Mateus jogou firme. Montillo ainda é o talento do time, jogou com muita raça, mas ontem errou passes, não foi tão criativo. O garoto Élber, que queria muito ver em campo, entrou mas falhou demais, parecia estar com medo da bola.

O alerta que faço não é do ponto de vista de “organização tática do time” que ainda existe. O problema está na falta de jogadas ofensivas, seja no meio de campo, seja nas laterais. Em resumo, quando não acontece um lance genial de Montillo, ou uma jogada decente de um dos laterais, o Cruzeiro simplesmente não cria chances decentes.

Também não dá para entender a ausência de um jogador de velocidade no time titular ou mesmo como opção de banco, a não ser por causa de lesão. Concordo que Fabinho não é atleta dos sonhos da torcida, mas foi contratado para ser este atacante que abre espaços. Com Wallyson a história é outra, me parece que foi forçado a renovar contrato com o Cruzeiro e já está com a cabeça influenciada por empresários.

A posição na tabela é confortável, mas o futebol apresentado pelo Cruzeiro não dá muitas esperanças para a torcida. Isto é o que mais preocupa.

E se os dois últimos jogos foram “teoricamente mais fáceis”, os dois próximos serão contra Corinthians e Palmeiras – mais do que “os atuais campeões de Libertadores e Copa do Brasil” são dois times que começaram mal o campeonato, porque estavam se dedicando aos outros dois campeonatos. Agora eles precisam sair da parte de baixo da tabela e, sem dúvida, são equipes mais equilibradas e mais organizadas que o Cruzeiro.

Se nosso time conseguir pelo menos uma vitória nestes dois jogos, ainda podemos fazer uma boa campanha com os jogos que restam até o final do primeiro turno, e podemos projetar um segundo turno, de modo que possamos brigar, no mínimo, pela vaga na Libertadores 2013 e, quem sabe, o título – ainda tem muito campeonato pela frente.

Por outro lado, se o Cruzeiro não vencer estes dois jogos, ou pelo menos mostrar um futebol de melhor nível do que nas últimas partidas, vai ficar bem claro para mim que, contra os adversários de maior nível, não vamos conseguir os resultados que precisamos, e vamos ficar, no máximo, na metade da tabela.

Abraços a todos.

Foto: VipComm