Mais raça, por favor


Está na hora de acordar este time. Mais uma derrota, por falta de vontade dos atletas.

O Cruzeiro ainda tem uma grande vantagem na liderança, 10 pontos à frente do segundo colocado, faltando também 10 jogos para o fim do campeonato. Mesmo perdendo duas partidas seguidas, os adversários praticamente não conseguem reduzir a distância.

Pronto, acabaram-se os pontos positivos. Agora é a hora de colocar o “dedo na ferida”.

Contra o São Paulo, na minha opinião, o Cruzeiro perdeu porque o adversário neutralizou nosso ataque, jogou com “sangue nos zói”, e porque Marcelo Oliveira mexeu mal no time, perdendo totalmente o meio de campo.

Ontem, para mim, a derrota teve nome e sobrenome: FALTA DE RAÇA E FALTA DE VONTADE.

Quase todo o time estava apenas “tocando a bola de lado” e querendo “ganhar o jogo pensando que era fácil”. Muita firula, muita individualidade, nenhum resultado, nenhuma produtividade.

Tirando Fábio, que fez excelentes defesas, e Ricardo Goulart, que teve a melhor chance do Cruzeiro, pode chamar todo mundo numa sala lá na Toca da Raposa, colocar o dedo na cara e dar um soco na mesa, cobrando atitude.

Exigir que o time jogue com raça, ao invés daquela apatia de ontem. Mandar os jogadores acordarem, ao invés da preguiça que todos viram. Acreditar em todos os lances, ao invés de achar que o gol sai quando quiser.

Um Ceará que não atacou e estava morto na defesa. Léo e Bruno Rodrigo disputando quem provocava mais sustos na torcida. Egídio, fraco no apoio e deixando espaços. Nílton e Lucas Silva sem a mesma raça de outras partidas. William e Everton Ribeiro individualistas e sem dar combate. Borges não conseguiu nem incomodar os zagueiros adversários, que atuaram com liberdade.

O Cruzeiro não jogou, nas duas últimas partidas, nem com 10% da determinação que mostrou, por exemplo, contra a Portuguesa. Tudo bem que a Lusa é um time fraco, mas naquele dia os atletas – principalmente meias e volantes – estavam marcando, no combate, brigando pela bola e correndo muito. O resultado foram os gols e a tranquilidade na partida.

E ontem? Se o time estivesse jogando com o mínimo de seriedade, jamais teria sofrido aquele gol. Egídio largou a lateral-esquerda aberta, a bola foi perdida no meio de forma displicente, e Bruno Rodrigo, na hora que era para dar uma porrada na bola, resolve entrar “no toquinho” e o atacante consegue driblar para finalizar com liberdade.

Tenho duas opiniões bastante claras sobre quais podem ser os motivos desta falta de raça, desta falta de vontade, do excesso de apatia e de preguiça.

A minha primeira teoria é que a culpa pode ser do treinador. Não estou dizendo que é hora de trocar o técnico. Mas Marcelo Oliveira é quem determina a forma do time jogar. Se ele realmente ordenou o Cruzeiro jogar daquele jeito, está duplamente errado.

O Cruzeiro já mostrou que seu melhor futebol é marcando forte a saída de bola e partindo em velocidade. Nas poucas vezes que vimos isto ontem, o adversário se descontrolou. Era para atuar assim o tempo todo. Por outro lado, se era para tentar o empate, era para mandar os jogadores acreditarem em todos os lances, não importa se era “na bola” ou “na porrada”. Mas nada disto foi feito.

A minha segunda teoria é que os jogadores não fizeram o que o técnico mandou. Neste caso, não cabe desculpa de “desgaste físico”, “sequência de jogos” e outras conversas para boi dormir. Se os atletas são os mesmos que, há algumas rodadas, conseguiram uma série invicta que levou o time à liderança, não pode acontecer uma mudança tão rápida de atitude.

Não importa agora se a culpa é do técnico ou dos jogadores. Sei que a solução, o remédio para o Cruzeiro voltar ao seu melhor momento, é a mesma para os dois casos.

É chamar todo mundo numa sala da Toca da Raposa e exigir que todos voltem a atuar como estavam fazendo até duas rodadas atrás. Não estamos pedindo um milagre, não queremos este time fazendo algo que nunca fez este ano. Estamos querendo apenas que a raça e a vontade de vencer, presentes até duas semanas atrás, esteja de volta.

E não é para torcida fazer protesto em treino, não é para ficar criando hashtags no Twitter, não é para ficar postando respostas no Facebook, nem é hora de colocar vídeos motivacionais.

Querem ir para a porta da Toca da Raposa? Façam um movimento pacífico, sem violência, sem ameaça, mas exigindo a volta da raça e força de vontade.

Querem fazer algo a favor do time? Contra o Fluminense, próxima quarta-feira, é para cantar pedindo raça desde o apito inicial, motivando os jogadores novamente.

Abraços a todos.