Juntos somos imbatíveis


Impreterivelmente estava lá, eu e a camisa da sorte, empenhado em ver um jogo pífio, sem o “lê lê ô” depois do gol e muito menos com a expectativa de perder a voz por tanto cantar. A dúvida que pairava sobre o ar, era palpável aos mais de vinte mil guerreiros que habitavam as terras do Gigante da Pampulha.

Eram muitos filhos debandados dos almoços com os pais ou aqueles que levaram o “véio” pra curtir um presente de grego. Pagaram o ingresso para um possível show de horrores. Tudo indicava e conspirava para uma tarde de tragédia. Por mais que tenham voltado com a cerveja para o estádio, difícil era esperar a volta do futebol praticado pelo escrete celeste.

Quando tive a oportunidade de me postar em um lugar “no campo”, escuto um senhor ao meu lado dizendo: “É meu filho, vâmo rezá! Tomara que nossa sacola volte apenas meia cheia pra casa”. Este era o sentimento de – no mínimo – metade das pessoas que estavam ao meu lado, esperto foi o senhor, que soube externa-lo de forma tão calma e quase comodista.

Mas em um piscar de olhos, tudo mudou.

O que era tragédia, virou um uníssono “… É lindo meu Cruzeiro, contagiando e sacudindo essa cidade”. Escutava, incrédulo, a festa azul e branca. E nem o pênalti perdido por Marinho, fez a energia cair, até porque cair, não se aplica ao nosso lado da lagoa. Fazia tempo que vinte mil pessoas, não gritavam como quarenta. Fazia tempo que o sorriso estava escondido. Fazia tempo que a camisa da sorte não saía do cabide. Fazia.

Aos trancos e barrancos a energia foi retomada, as vozes cantavam como se não houvesse amanhã e mesmo o empate iminente fez cessar o toque das baterias. Sabíamos que marcaríamos, nada de acreditarmos, tínhamos certeza, era nosso. E não é que foi? Impossível não dizer que o “carregador de piano” se encontrava alguns metros acima, ali, nas cadeiras cinza.

No apito final, o alento, vencemos. O fator primordial, não foi o 2×1 no placar, muito menos o mérito por substituições ou o conceito – falho – do famoso “nó tático”, mas ao escutar o som da latinha apitando, os vários Guerreiros dos Gramados extenuados, se jogando ao chão, como se aquele fosse o som de dever cumprido. E foi. Como deveria ser em todas as próximas pelejas. Quem viu, quem presenciou, sabe, juntos somos imbatíveis.

Por que não um “repeteco” semanal? Ah, ser Cruzeiro é bom demais!

Grande abraço e saudações celeste.

Por: Fabio Veloso