07 abr Jogos Históricos: Virada e título (Cruzeiro 2 x 0 Atlético-MG – Campeonato Mineiro de 2011)
O Cruzeiro terá neste domingo a missão de vencer o Atlético-MG por dois gols de diferença para ficar com o título mineiro. Mas embora seja uma missão com pinta de complicada, não faz muito tempo que a Raposa conseguiu reverter uma desvantagem parecida na decisão do Campeonato Mineiro.
Em 2011 o Mineirão e o Independência encontravam-se fechados em obras para a Copa do Mundo e os jogos dos clubes da capital aconteciam, em sua maioria, na Arena do Jacaré em Sete Lagoas. E foi justamente no estádio, mais conhecido como palco do 6×1, que a Raposa conquistaria o título estadual de 2011.
Dono da melhor campanha na primeira fase, tal como em 2018, o Cruzeiro chegou à decisão com a vantagem do empate no placar agregado das duas partidas. No duelo de ida, porém, o time cinco estrelas acabou derrotado por 2×1 na Arena do Jacaré com apenas torcedores atleticanos e viu o Atlético-MG assumir a vantagem do empate no jogo decisivo.
O panorama, aliás, tinha outras complicações. Na reta final do primeiro jogo, Montillo, um dos principais jogadores da equipe, foi expulso e estava fora da grande decisão. Do lado do Atlético-MG, a única ausência por suspensão seria a de Neto Berola, mas Renan Oliveira e Richarlyson voltavam a ficar a disposição. O Cruzeiro, por sua vez, voltava a ter Thiago Ribeiro, livre de lesão que havia o tirado do duelo de ida e também da partida contra o Once Caldas que havia eliminado a Raposa da Libertadores na semana anterior.
Além do retorno de Thiago Ribeiro ao time, o treinador Cuca optou por sacar o lateral-direito Pablo que caminhava, desde a eliminação na Libertadores, para a perda definitiva de espaço na equipe. Leandro Guerreiro atuaria improvisado na lateral-direita, substituição que havia sido feita durante o jogo de ida e realidade que se repetiria em alguns outros momentos da temporada. Roger, por sua vez, herdaria a vaga de Montillo ao lado de Gilberto. E ao soar do apito do juiz, a Raposa teria a missão de derrubar a vantagem atleticana.
Para quem esperava que a missão fosse fácil, não foi nem perto disso o que se viu em campo. Com uma atuação segura do sistema defensivo, o Atlético-MG segurava a vantagem e ainda ameaçava em alguns contra-ataques. A tensão também se fazia presente nas arquibancadas. Ainda na primeira etapa, o atleticano Mancini chegou a ser atingido por uma bateria de celular durante a preparação para uma cobrança de escanteio. Gesto injustificado que repetia a mesma agressão sofrida por Wallyson no confronto de ida. E ao fim do primeiro tempo, o 0x0 permaneceria estampado no placar.
No intervalo, Dorival Junior, então comandante atleticano, promoveu duas substituições. Um apático Renan Oliveira deixou o campo para a entrada de Leleu e Mancini, já amarelado, saiu para a entrada de Richarlyson em um esforço de neutralizar as investidas cruzeirenses. Ao longo do segundo tempo, Cuca percebeu a necessidade de ampliar a presença ofensiva azul e substituiu Everton pelo atacante André Dias já aos onze minutos.
A substituição, porém, expôs o sistema defensivo cruzeirense e aos 29 minutos foi a vez do Atlético-MG quase marcar. Magno Alves avançou sozinho, mas se embolou em uma tentativa de driblar Fábio, que com um tapa fez uma das suas mais marcantes defesas com a camisa celeste, e Victorino apareceu para cortar o perigo.
Com apenas quinze minutos para o término do tempo regular, a torcida seguia apoiando, mas o clima do confronto e a dificuldade de concluir as jogadas em gol começavam a tomar conta das arquibancadas. Mas foi justamente aos 30 minutos, logo após o milagre de Fábio, que o gol, enfim, saiu. Wallyson avançou sobre a marcação adversária, driblou dois rivais e concluiu com categoria no canto direito de Renan Ribeiro. 1×0 e o título passava para as mãos cruzeirenses.
A tensão, evidentemente, mudaria de lado, mas o risco da taça escapar com um gol atleticano permanecia. Ainda sim, o Cruzeiro não diminuiria a pressão. Aos 35 minutos, Wallyson obrigou Renan Ribeiro a fazer uma defesa importante. E aos 40 minutos, novamente Wallyson, dessa vez ajudando na defesa, afastou a bola com um chutão que encontrou Thiago Ribeiro. O atacante partiu para cima da marcação e sofreu falta dura de Serginho, que acabou expulso.
A vantagem numérica de jogadores em campo já ampliava o conforto azul, mas na cobrança de falta veio mais um grito de gol. Aos 41 minutos, Fabrício ajeitou para Gilberto que encheu o pé, marcou o segundo e garantiu o título cruzeirense.
Com a festa garantida, o Cruzeiro ainda teria duas expulsões. Gilberto, o autor do gol do título, foi expulso na comemoração. Assim como Roger, que já havia substituído e foi mandado para o vestiário por comemorar sem camisa junto à torcida cinco estrelas.
Naquela ocasião, a desvantagem era de apenas um gol, mas os contornos dramáticos dos gols saindo apenas na reta final da partida servem de inspiração para que um Cruzeiro aguerrido lute até o fim neste domingo e possa, tal como em 2011, ficar mais uma vez com a taça estadual.
Ficha Técnica: Cruzeiro 2 x 0 Atlético-MG
Motivo: Jogo de volta da Final do Campeonato Mineiro de 2011
Data: 15/05/2011.
Local: Arena do Jacaré, Sete Lagoas (MG).
Cruzeiro: Fábio; Leandro Guerreiro, Gil, Victorino e Everton (André Dias); Marquinhos Paraná, Henrique (Fabrício), Gilberto e Roger (Léo); Thiago Ribeiro e Wallyson. Téc: Cuca.
Atlético-MG :Renan Ribeiro; Patric, Réver, Leonardo Silva e Guilherme Santos (Bernard); Serginho, Fillipe Soutto, Renan Oliveira (Leleu); Giovanni Augusto; Mancini (Richarlyson) e Magno Alves. Téc: Dorival Júnior.
Gols: Walysson aos 30 min e Gilberto aos 41 min do 2º tempo.
Cartões amarelos: Leonardo Silva, Mancini, Serginho e Bernard (Atlético-MG); Victorino, Gil e Gilberto (Cruzeiro).
Cartões vermelhos: Serginho (Atlético-MG); Gilberto e Roger (Cruzeiro).
Fonte: Almanaque do Cruzeiro
Melhores momentos da partida: https://www.youtube.com/watch?v=JC0z2jDH5Pc
Por: João Henrique Castro