05 maio Jogos Históricos: Pós-goleada continental, reação no Brasileirão (Cruzeiro 3 x 0 Botafogo – Campeonato Brasileiro de 1993)
Cruzeiro e Botafogo se enfrentam no Mineirão neste domingo pelo Brasileirão e a Raposa segue em busca da primeira vitória no torneio. O desempenho irregular e a falta de gols nas três primeiras rodadas incomodam, mas na história o Cruzeiro encontra em um confronto contra o Botafogo no Mineirão um exemplo de reação completada ainda pelo processo de afirmação de um craque.
Em 1993 a Raposa não fazia uma boa campanha no Campeonato Brasileiro. Nas seis primeiras rodadas, o time cinco estrelas não havia conseguido mais que uma vitória sobre o Bahia e um empate com o São Paulo, ambos fora de casa. O jejum de vitórias completava quatro rodadas quando o Botafogo se colocou no caminho celeste. E no momento do confronto, a expectativa de reação já se desenhava em função do desempenho na Supercopa da Libertadores.
Quatro dias antes do confronto contra os alvinegros, a Raposa havia goleado o Colo Colo por 6×1 no Mineirão e show de Ronaldo, que marcou três vezes e chegou a marca de cinco gols como profissional. O torcedor celeste, aliás, parecia mais empenhado com a competição sul-americana, onde o time cinco estrelas defendia o bicampeonato, do que com o torneio nacional que em 1993 não permitia o rebaixamento das equipes dos Grupos A e B da competição. Para sorte do Atlético-MG, por exemplo, que escapou do descenso mesmo com apenas uma vitória no torneio.
Talvez em função disso, pouco mais de oito mil torcedores compareceram ao Mineirão para o duelo contra o Botafogo. As chances de classificação para a segunda fase do Brasileirão já eram remotas, mas o confronto contra os alvinegros havia virado um verdadeiro mata-mata sobre quem seguiria na luta, uma vez que os cariocas também não vinham de um bom início no torneio. Sorte dos privilegiados que compareceram para apreciar mais uma atuação destacada do promissor garoto Ronaldinho.
A tensão resultante do mau momento das equipes no torneio construiu um primeiro tempo muito aguerrido e disputado. Os ânimos a flor da pele refletiram em confusão e aos 31 minutos as duas equipes ficaram com dez em campo em função das expulsões de Roberto Gaúcho pelo lado da Raposa e de André pelo lado alvinegro. E não demoraria mais que três minutos para o lateral Regilson cometer uma falta dura e deixar o Botafogo com nove em campo.
Aproveitando os espaços gerados e a superioridade numérica, o Cruzeiro marcaria o primeiro logo na cobrança da falta. Ronaldo subiu mais alto que a marcação e fez um dos raros gols de cabeça de sua carreira colocando o time cinco estrelas em vantagem e pondo números finais ao placar do primeiro tempo.
Na segunda etapa, o time celeste optou por administrar a situação e o Botafogo, com um a menos, pouco tinha forças para reagir. Aos dezoito minutos, o cenário ganhou contornos mais dramáticos com a expulsão de Ademir. A partir dali, as equipes ficavam com nova igualdade numérica com nove jogadores para cada lado.
O treinador cruzeirense, Carlos Alberto Silva, porém, não se intimidou. Logo após a expulsão, Luiz Fernando Flores deu lugar a Marco Antônio Boiadeiro e Careca, por desgaste e já amarelado, foi substituído por Macedo. A mensagem passada era de que não era hora de recuar. Já no Botafogo, Carlos Alberto Torres aguardaria uns instantes, mas aos trinta e quatro minutos colocaria o meia Marcelo Corrêa no lugar do volante Dedé para buscar ao menos um empate.
A ousadia alvinegra, porém, custou caro. Logo após a substituição, Nonato aproveitou o desacerto da marcação botafoguense e lançou para ele mesmo fazer uma corrida do meio de campo até a área onde, ao tentar driblar o goleiro William, foi derrubado e o juiz assinalou pênalti. O próprio lateral celeste, à época capitão da equipe, bateu e ampliou a vantagem.
Não demoraria, aliás, para o Cruzeiro consolidar a vitória com mais um gol. Aos trinta e nove minutos, Macedo participou de boa trama ofensiva e, de primeira, acertou um petardo para colocar 3×0 no placar e coroar a festa da Raposa com um triunfo de lavar a alma e espantando a má fase na competição.
Ficha Técnica: Cruzeiro 3 x 0 Botafogo
Motivo: 7ª rodada do Grupo A do Campeonato Brasileiro de 1993.
Data: 09/10/1993
Local: Mineirão, Belo Horizonte (MG).
Cruzeiro: Sérgio; Zelão, Toninho Cecílio, Ademir e Nonato; Rogério Lage, Luiz Fernando Flores (Boiadeiro) e Macalé; Careca (Macedo), Ronaldo e Roberto Gaúcho. Téc: Carlos Alberto Silva.
Botafogo: William; Eliomar, André, Rogério e Regilson; China, Fabiano e Dedé (Marcelinho); Moisés, Sival e Reginaldo (Marcos Paulo). Téc: Carlos Alberto Torres.
Gols: Ronaldo aos 35 minutos do 1º Tempo. Nonato aos 36 e Macedo aos 39 minutos da 2ª etapa.
Cartões amarelos: Zelão e Careca (Cruzeiro); Fabiano e Regílson (Botafogo).
Cartões vermelhos: Roberto Gaúcho e Ademir (Cruzeiro); André e Regílson (Botafogo)
Fonte: Cruzeiropedia
Gols da partida: https://www.youtube.com/watch?v=ZpeSAPx_0ow
Por: João Henrique Castro