Implicações de uma novidade nem tão nova – sai o BMG, entra a Caixa


Se a notícia publicada pelo Painel da Folha de São Paulo vem causando furor no torcedor celeste, a notícia não é em tão nova assim. Em 23 de novembro do ano passado a possibilidade já havia sido publicada pelo Portal Hoje em Dia, em trabalho conjunto com o parceiro Vinícius Las Casas que entregou o prato feito. Fato, é que agora o que era uma possibilidade ganha ares de negócio fechado e começa a animar a Nação Azul que torce para um desfecho feliz sobre o o assunto.

As razões para isso são as mais diversas possíveis. Primeiramente, para os mais puristas, o laranja enfeia a camisa celeste. Vale apenas recordar da bela camisa ostentada pelo clube na década de 1980 que trazia o não mais berrante vermelho da Coca-Cola, mas isso são outros quinhentos. Realmente o laranja não cai bem. Lembro-me à época do fechamento do contrato, se questionou o porque do BMG não vir em branco assim como no Atlético-GO. Bom, caso o Cruzeiro topasse receber os valores do time de Goiás, que poderia adotar a cor branca. Não precisa nem falar o desfecho que essa possibilidade teve.

Para além da questão da cor, há o fato do BMG ser controlado pela família Guimarães. Ricardo Guimarães, que deixou a presidência do banco em novembro do ano passado, já foi presidente do maior rival, o que não agrada em nada a China Azul. Este, talvez, o ponto mais nevrálgico para o cruzeirense. Porque ser patrocinado por uma empresa com ligações tão estreitas com o Atlético.

Independentemente do desconforto, negócio é negócio. Se o BMG tinha a melhor proposta de patrocínio na época em que o contrato foi fechado, a diretoria do Cruzeiro, responsável gestora, tinha obrigação de fechar para o clube o melhor negócio. Parece que agora um melhor negócio se apresenta e as negociações seguem em segredo, o que é perfeitamente compreensivo no mundo corporativo que se tornou o futebol contemporâneo. Cláusulas de sigilo e cautela são corriqueiras e fazem parte de um ambiente de negócios que se profissionaliza, ou pelo menos tenta, a cada ano.

Sobre a vinda da Caixa, duas questões distintas e igualmente importantes. Primeiro, financeira. Se a proposta da Caixa é melhor como é especulado e já se ventilava isso no ano passado, que venha e que abrilhante ainda mais nossa camisa. O Cruzeiro como time imenso do futebol brasileiro não pode se contentar em cotas e valores de patrocínio de time médio e cabe à diretoria trabalhar para que essa condição seja sempre respeitada. Com a possibilidade do BMG deixar o clube se nenhum tipo de compensação financeira para os já maltratados cofres azuis? Melhor ainda, obrigado ao BMG pela parceria, um abraço!

Outro ponto, que foi inclusive longamente discutido no último Guerreiros em Debate, é a participação de uma empresa estatal no patrocínio de clubes de futebol. Eu concordo com o patrocínio. Patrocínio não é uma cessão isenta de dinheiro que é simplesmente dirigido a outra instituição ao sabor da maré. É um investimento de marketing, de expansão da marca, de reconhecimento de seu público e forma de angariar novos clientes.

Clientes de uma empresa estatal? Sim. A Caixa é um banco caros companheiros. Se é em grande parte do Estado, existe dentro de um ambiente de feroz concorrência com instituições privadas, públicas, estatais. E como toda empresa, precisa de clientes. A entrada no futebol seguramente é uma ação estudada, pensada e seus retornos devidamente contabilizados. Caso contrário, não estaria em outros três times do nosso futebol. Além disso, tem no BMG seu concorrente direto no segmento de empréstimos consignados, mais uma razão para se aventurar sobre os clubes por ele patrocinados. Com isso, acho que a questão levantada pelo advogado gremista já cai um pouco por terra. Eu tenho ressalvas a qualquer confusão entre público e privado no futebol, mas caso tudo seja feito de forma correta, dentro da lei, com auditorias. Sinceramente não vejo mal. O que não pode é a lei valer apenas para alguns. Se o gremista está com medo da disparidade que o Corinthians começa a mostrar em termos de investimento e aporte de recursos, que lute para que a diretoria do Grêmio faça o mesmo e não comprometer o trabalho alheio. A diretoria do clube paulistano deve servir é de exemplo pelo bom trabalho que faz de marketing e de captação de recursos. Não são inimigos, são de certa forma espelho e abrem os olhos para quem quer fazer futebol como a 20 anos atrás.

Sobre a questão visual?  Parabéns ao Charles Farias, designer do Guerreiro dos Gramados, realmente a camisa ficou linda com a logo da caixa, tomara que venha!

Espero que a diretoria celeste, sobretudo meu companheiro de Toca da Raposa II Marcone Barbosa façam um bom trabalho e que fechem o melhor patrocínio, o melhor distribuidor de material esportivo que é o que o cruzeirense espera. Um bom trabalho de bastidores para que o time tenha condições de ter um bom elenco para devolver as glórias e conquistas que estamos com saudades de brindar. Especialmente neste ano tão importante de comemoração de 10 anos da Tríplice Coroa. Mas isso, meus amigos, é tema para outra coluna.

Grande abraço! Nossa Torcida, Nossa Força!