14 nov Há solução para as laterais?
Ninguém está feliz com a produção do Cruzeiro 2015-16. As áreas chave no campo que mais desagradaram torcida e treinadores que aqui estiveram são as laterais. Foram diversos nomes, muita rotatividade e pouca produção. Lembrando que mais do que saber cruzar, o lateral é prioritariamente um jogador de defesa. E a minha proposta aqui é muito simples, analisar as opções que temos hoje para as laterais celestes, envolvendo os jogadores que tem vínculo com o clube. Ou seja, quem está jogando atualmente e quem retorna de empréstimo em janeiro.
Lucas, sem sombra de dúvidas, foi a pior opção possível. Talvez brigue feio (literalmente) com a improvisação de Gino no setor. Felizmente, seu contrato de empréstimo se encerra ao fim da temporada e Fabiano retorna ao clube. Gosto muito do defensor criado na Chapecoense, que está prestes a conquistar o título brasileiro. Mesmo não sendo costumeiramente titular no Palmeiras, Fabiano fez 9 partidas no time paulista, sendo muito usado nos jogos fora de casa, quando o time precisa se defender bem. Me parece óbvio que agregaria bem ao elenco.
Ezequiel não comprometeu, mas também não se destacou até agora. Me parece uma aposta interessante analisando a possibilidade de evolução de seu futebol. É um jogador consistente, isso é um trunfo importante na disputa com gente que nos fez perder muitos pontos. Sobre Mayke, em fim de contrato, eu duvido que continue no Cruzeiro em 2017. Algo me diz, e não tenho nenhuma certeza disso, que o jogador já está acertado com algum clube europeu para o próximo ano. E justamente por isso não entra em campo há tanto tempo, como espécie de retaliação. Não ter novidades sobre sua lesão reforça muito esse achismo.
Contrariando a maioria, acho que Fabiano, Ezequiel e – possivelmente – Mayke deixariam o setor muito bem servido. Se analisarmos o nível das opções no mercado, não tem ninguém que realmente seja um grande destaque. O lateral Maicon, formado no clube e com passagem por Monaco, Inter de Milão, Manchester City e Roma, é constantemente citado para um retorno. O jogador de 35 anos está sem clube há 6 meses e não entra em campo desde maio, ainda pela Roma. Sinceramente não sei bem o que pensar, é um jogador experiente e de talento. Mas que há muitos anos não consegue se mostrar em alto nível, especialmente pela condição física. Saudável, poderia ser um nome legal, até pela identificação com a nossa camisa.
Indo agora para o lado esquerdo, Edimar chegou e me deu boas esperanças. Era um defensor pela ala, jogador que fechava bem o seu setor. Entretanto, começou a oscilar bastante nessa parte, tomando algumas bolas nas costas muito preocupantes. Somando isso a sua completa ineficiência ofensiva, deixa muitas interrogações. Seu contrato vai até o meio do próximo ano e não me parece que tenha grande mercado. Se for embora, ninguém vai chorar. Mas talvez seja prudente mantê-lo como opção no plantel. Realizando uma pré-temporada com os companheiros e entrando em um time melhor montado, pode melhorar.
Bryan é outra incógnita. Contratado junto ao América-MG, nunca enganou ninguém no momento defensivo. Qualquer um que conheça o seu futebol sabe que o jogador não marca bem. Ofensivamente, consegue se apresentar e fazer o jogo fluir de forma melhor que Edimar, mas nada exuberante. Talvez um empréstimo para algum time de primeira divisão poderia ser útil. Mas não me surpreenderia caso ele fique no clube. Jogou relativamente bem nas últimas chances que teve com Mano e, se cuidar bem da condição física, pode receber uma oportunidade em 2017.
Temos três emprestados no momento. Fabrício ainda ficará mais um ano no Palmeiras (graças a Deus). O considero um jogador extremamente indolente em campo, não consigo confiar em seu trabalho. Mena é outro nome que gosto, especialmente pela boa produção defensiva. É o jogador que “só vai na boa”, funciona muito bem em um time bem armado, como a seleção chilena, mas não driblar todo mundo e fazer um gol. Na bagunça que foi o Cruzeiro 2015, não vingou. Emprestado ao São Paulo, agradou por lá. O Tricolor quer ficar com o chileno e o Cruzeiro pediu 5 milhões de reais para liberá-lo. Por esse montante, sou a favor da venda. Mas sem um negócio bom para o clube, o reintegraria. É melhor que Bryan e Edimar.
A última opção é Pará. Contratado junto ao Bahia no início de 2015, é um jogador de apenas 21 anos. Fez alguns jogos bem seguros no ano passado, gostei do seu nível de exibições. Foi emprestado para o Atlético-PR na negociação de Douglas Coutinho, se lesionou no início do ano e não conseguiu espaço no time. Repassado ao Figueirense, fez 9 jogos por lá, mas não ganhou a titularidade na equipe. Talvez seria uma boa emprestá-lo para algum clube com carência no setor, para que possa jogar e se desenvolver. Contratações ventiladas? Falou-se em Emmanuel Más e Maxwell. São ótimos reforços, mas duvido muito que tenhamos novidades. Renê e Diogo Barbosa são nomes mais palpáveis, mas que não dão garantia nenhuma. Mena, Diogo Barbosa e Edimar não me parece um cenário desesperador.
Enfim, peço perdão aos que não gostam de textão pela análise longa. Achei pertinente tratar este tema de forma menos superficial que a maioria, tão preocupada em caçar cliques de maneira desesperada. Em minha avaliação, temos nomes interessantes à disposição, sem necessitar recorrer ao mercado. Aproveitar os elementos que já temos é muito mais inteligente, especialmente tendo competições mais acessíveis no primeiro semestre, como o Mineiro e a Primeira Liga. Ainda falta uma vitória para nos livrarmos completamente da ameaça de queda, mas planejar bem o 2017 é essencial para que o próximo ano não seja improdutivo e decepcionante como as duas últimas temporadas.
Por: Emerson Araujo