Espaço aberto para especulações


Em meu último texto publicado nesta coluna apoiei a decisão dos jogadores do Cruzeiro de não se manifestarem mais na chamada zona mista após os jogos do time. Hoje, porém, protesto contra a decisão da diretoria de não falar sobre as contusões dos atletas. Para mim tal atitude apenas reforça o mau serviço prestado pela assessoria de comunicação do clube seja em assuntos internos ou externos. 

No ano de 2011 foram muitos os fatos que mostraram a falta de sensibilidade do diretor de comunicação Guilherme Mendes e seus comandados em assuntos que poderiam ser resolvidos internamente e que foram expostos na mídia sem necessidade. Bate boca entre jogadores, possíveis transferências que não se concretizaram, gerando mal-estar no grupo, e técnico dando resposta à atleta insatisfeito com a reserva através da imprensa foram alguns assuntos que deveriam ter sido mais bem administrados pelo departamento dele.

Agora o clube define que não falará sobre as contusões que os jogadores sofrerem. Nada sobre qual é a lesão, tratamento e provável tempo para recuperação será exposto. Isso é, no mínimo, falta de respeito com o torcedor. Falta de respeito também com jornalistas que cobrem o dia do time. Depois não adianta reclamar dos maus profissionais que acompanham o clube diariamente. Esse tipo de atitude abre espaço para especulação. Porque se eu trabalhasse em um veículo de comunicação e não tivesse informação oficial do clube, as procuraria através de outras fontes ou tiraria conclusões a partir do que visse do atleta enquanto esse se recupera.

Contusão não é factoide. Imagine o seguinte: um atleta sofre uma séria lesão durante uma partida, um choque na cabeça, que cause traumatismo craniano, e ele sai desacordado do gramado. Qual será a posição do clube? Fala sobre o assunto ou se cala? Caso a opção seja se calar, abrirá espaço justamente para especulação. O que obrigará um comunicado oficial. E se o caso for cirúrgico? Nenhuma explicação será dada? Como impedir o atleta de falar sobre o assunto?

O clube constantemente faz propaganda do seu Centro Avançado de Reabilitação Esportiva (CARE.) onde trabalham na prevenção e recuperação de contusões profissionais da fisioterapia, fisiologia e medicina. Contudo observa-se, desde o ano passado, um grande número de lesões, em especial muscular, em muitos atletas. Charles foi contratado no início da temporada e enquanto se preparava fisicamente sofreu um estiramento. Seria então o silêncio do clube sobre esse assunto uma forma de proteger um setor que não vem trabalhando direito? Desculpe leitor, mas escapou essa especulação, prometo tentar não fazê-las daqui em diante.

Se há no Cruzeiro muito a ser elogiado acredito que o setor de comunicação seja a exceção. Infelizmente é notória a má vontade do clube nessa área, tanto com imprensa como com torcedores. Muitas crises poderiam ser evitadas se houvesse um pouco de transparência e bom senso no trato de alguns fatos. Decisões como está mostram como a diretoria pouco se importa com o torcedor. Assim não adianta desenvolver dezenas de ações de marketing porque o mínimo que poderia ser feito não acontece.
A mensagem que deixo para os diretores cruzeirenses é a mesma que deixei aos maus jornalistas e os respectivos veículos em que trabalham: RESPEITO É BOM E TODO MUNDO GOSTA, INCLUSIVE O TORCEDOR. Não reclamem depois de possíveis noticias mentirosas.

Foto: VipComm