Entre cruzeirenses de bancada


Vicintin,

Da bancada você veio, para a bancada voltará. Agora resta você decidir como vai voltar: será o cara que ajudou a rebaixar o clube ou o cara que expôs os erros drásticos do Cruzeiro em um ano que nem chegou ao fim e já se deve esquecer?

Cruzeirense bruto, como já provou ser algumas vezes, não se esconde nessas horas. Aquele discurso “estamos trabalhando internamente” é bem questionável quando não se vê resultados positivos. Assumir a incompetência e falhas é um grande passo para se redimir com o “povo”. De certo, esse ano, o equilíbrio das contas e as contratações de Romero e Bento merecem destaque. No caso do Bento foi mais sorte, já que o preferido era o técnico que por sua convicção religiosa mandou trocar o mascote de um dos mais tradicionais clubes cariocas; o técnico que tem apenas dois trabalhos de qualidade em sua carreira.

A história que reverbera é que o mais velho da tríade que toma conta do futebol do Cruzeiro é quem veta tudo. É quem chama jogadores de renome de “velho”, “caneleiro” e “magro”, mas é quem acredita que atacantes do time grande mais ridículo do país é que resolverão nosso problema. Seu teórico braço direito ganhou a fama de ser o “Cara do Excel”, veio como uma contratação badalada para a aérea administrativa do Clube, mas se tornou chacota e culpado por Ginos, Pisanos e Coutinhos desembarcarem por aqui.

Falando entre parceiros de bancada, entre cruzeirenses que estão preocupados com o rumo que o time tomará, de onde surgiu o dinheiro que não tínhamos no começo do ano? Se estávamos quebrados não é direito da torcida saber que os seus antecessores quebraram o Cruzeiro e isso forçou o clube a se contentar com Deivid? Não é melhor extirpar qualquer ramificação que ache que o dirigente chamado de mito perpetuou sua estadia no clube por muito tempo ferrando com as nossas contas?

Falando em Deivid: quem foi o responsável por deixar um estagiário falastrão comandar um time de futebol da altura do Cruzeiro? Também seria legal saber como um departamento médico anuncia à imprensa que um jogador fundamental ao clube volta entre 4 a 6 semanas, mas que até agora, quase 16 semanas depois, ele sequer foi liberado para recondicionamento físico.

Você fez parte de um projeto antigo que tinha como objetivo um cruzeirense bruto nas cabeças de nosso clube. Eu, que escrevo o texto, pouco fiz pra isso acontecer, mas muito acompanhei a escalada e comemorei muito quando ganhou o status que teve.

Digo que teve, Bruno, porque quando assumiu e buscou o Mano e o Scuro a torcida inteira estava do seu lado, apontava você e não o Gilvan como a salvação do clube, como o responsável por nos tirar da segunda divisão (bem galináceo esse sentimento). Hoje, você é mais famoso pelas piadinhas sem graça impostas por fakes de Twitter que não têm coragem de te criticar diretamente (usualmente babam seu ovo em grupos de WhatsApp, você estando no grupo ou não), e sequer utilizam seus próprios nomes. Esses covardes usam seus negócios familiares, atacam sua vida pessoal e julgam seu caráter pela exposição que se impôs. É o ônus de sua posição contra o bônus de ser um anônimo da internet.

Velho, você tem o bônus da sua posição também. Esse bônus lhe permite provar que realmente crê que o Cruzeiro é o time do povo, e assim expor ao povo quem é o responsável por deixar o clube essa zona que reflete diretamente em campo, com um desempenho tão pífio que chega a ser desesperador. Sabe a história do mal vencer o bem? Na verdade é o bom vence o mau. O bom jogador vence o mau jogador. Isso sim é mais plausível dentro do futebol.

Hoje corre à miúda que você colocou o Gilvan na parede e disse que, se ele não aprovar as contratações, você e o Scuro tiram o time de campo. Aí sim! Uma atitude de quem almeja presidir o Cruzeiro um dia. Só espero que não seja uma promessa de quatro paredes e sim algo concreto e que reforce a ideia que você ainda é o cara que cantava na bancada há pouco tempo atrás. Enfim, não dá pra seguir a sabia frase ‘adilsiniana’ mais, o famoso: “Vamos aguardar…”.

Não compartilho de nenhum ato que envolva danos físicos ou materiais sejam a você ou a qualquer outro. Acho essa postura ridícula e criminosa. Porém, o maior dano para um grande cruzeirense é simples de mensurar: é não ser mais conhecido como um grande cruzeirense e sim reconhecido como um dos caras que mais foderam o Cruzeiro enquanto esteve por lá.

Grande abraço meu e de outros que têm coragem de colocar a cara para lhe cobrar de forma educada e ponderada um posicionamento sobre a atual situação do futebol do Cruzeiro. Futebol do qual você é responsável.

Por: Walter Seixas

Foto: Reprodução / Superesportes