É hora de acertar as posições no time do Cruzeiro


É hora de acertar as posições no time do Cruzeiro - Fotos: Vipcomm

Não sou tão velho assim, é verdade. Na verdade não sou nem um pouco velho. Pra ser sincero mesmo, sou novo até demais e contemporâneo à tudo isso dos dias de hoje.

Porém, a maioria das coisas que me admira vem de um tempo mais distante e isso inclui o bom futebol de antigamente, a concepção tática dos treinadores e as conquistas do Cruzeiro nos anos 90.

Sou fã declarado do 4-4-2, de um lateral direito que fica um pouco mais, liberando um pouco o ala do outro lado, ou virse-versa, de um zagueiro técnico e outro mais forte, de um meio campo com ao menos um volante marcador, raçudo, com um meia-armador pensante e outro condutor, com um atacante que movimenta pelos lados e um centro-avante matador. Pra mim seria assim um time perfeito.

Mas o futebol anda mudado. Hoje, o esquema da moda é o 4-2-3-1, um esquema muito interessante e que vem sendo amplamente aderido no mundo todo. Diferentemente do 4-5-1 ou do 4-3-3, o esquema se adapta a dinâmica do jogo e os 3 homens mais avançados, antes do centro-avante, fazem o papel tanto de meio-campistas como também de atacante, normalmente caindo cada um para um lado do campo, deixando um homem mais centralizado.

O que me chama atenção nesse “esquema da moda” dos dias de hoje, é a perda de valores que eu, pelo menos em particular, tinha no futebol. Talvez seja um dos motivos da adesão em massa do sistema, mas vejo hoje, pelo menos no Brasil, uma dificuldade muito grande de se ter um meia-armador clássico no time, aquele velho camisa 10 que coloca todo mundo na cara do gol.

Não que seja um esquema ruim, claro que tem os pontos positivos, como eu mesmo já disse, mas uma coisa que me desagrada muito nesse futebol dos dias de hoje é a banalização das posições que antes eram guardadas com certa disciplina. Hoje em dia, qualquer meia é atacante e qualquer atacante também é meio campo, o que pra mim é um dos erros mais graves cometidos ultimamente.

Meia é meia. As características de um jogador de meio campo são as mais refinadas possíveis, não é qualquer um que tem a inteligencia e visão de jogo necessária para cumprir com fineza a obrigação que pelo menos a um tempo atrás era incubida aos meio-campistas.

Atacante por sua vez, também é atacante. Não adianta tentar colocar um meio-campo com característica de toque de bola ou de armação de jogadas na beirada do campo tentando driblar o marcador, ganhar na velocidade, fazer o gol, como faz com maestria o Dagoberto.

É uma opinião pessoal claro, mas vamos ao time do Cruzeiro. Do meio campo pra frente temos como principais jogadores Diego Souza, Everton Ribeiro, Ricardo Goulart, Élber, Martinuccio, Lucca, Dagoberto e Luan.

Desses jogadores, quem são os meias? quem são os atacantes? Ricardo Goulart por exemplo já jogou no lugar de Diego Souza, Éverton Ribeiro, Dagoberto… Everton Ribeiro até hoje não sei se é meia, se joga como terceiro atacante pela direita… Enfim, pra alguns pode ser uma virtude, mas pra mim é um erro. Desperdiçamos talentos por não estarem jogando na posição que rendem melhor. Acham que o jogador por ser ofensivo consegue fazer todo o tipo de função dentro da partida. Não, eu não compartilho da mesma opinião.

Espero que o nosso técnico, Marcelo Oliveira, saiba muito bem em que posição cada jogador rende melhor e que ele possa escalar o time do Cruzeiro diferenciando os meio-campistas dos atacantes. Espero que a geração que está por vir, não foque somente no esquema da moda e lembre também que precisamos criar novos meninos, novos meias, novos camisas 10 como aqueles de antigamente.