Domingo quero ver: Guerra em campo e Paz nas arquibancadas


Salve, salve China Azul.

Confesso que tenho saudades do ex-clássico no Mineirão, nossa casa. Duas torcidas inflamadas, com todo pulso vocal se insultando, cantando seus hinos de guerra, incentivando os destemidos combatentes que se enfrentam no majestoso gramado da Gigante Coroa dos Deuses. Lá, pude assistir derrotas que entristeceram algumas vezes, mas também vimos vitórias heroicas e inesquecíveis, que inflamaram o mais cético torcedor, incitando-o a bradar os hinos do amado clube Celeste a pleno pulmão em um alarido que compelia o Guerreiro dos Gramados aos títulos ao qual se acostumou disputar.

Domingo uma guerra se aproxima. Não temos nosso campo de batalha, fechado para, após sua reconstrução, brilhar nas futuras alvoradas de conquistas azuis. Tampouco teremos um exército confiável e imbatível de outrora. Não teremos também um general que conhece todas as estratégias possíveis para alcançar a glória, derrubando os pilares de um forte inimigo que se aproxima. Nosso grupo de combatentes está combalido, sonolento e disperso. É preciso um choque de realidade, nua e crua, para que o temido guerreiro possa sacar suas armas e partir com sangue nos olhos e faca nos dentes, rumo ao fronte, no acanhado e famigerado estadinho do Horto.

São nestes momentos que precisamos acreditar que os heróis existem. É em momentos difíceis como o de agora que se acende no peito do gladiador a chama que o impulsiona a realizar feitos inimagináveis. Quero acreditar que este grupo é capaz de ultrapassar seus limites e buscar feitos realmente merecedores do aplauso do torcedor.

Torcedor este que com certeza o empurrará para cima do adversário. Mas é preciso calma, estratégia, paciência. Vai ser preciso ser agraciado com a sorte que caminha ao lado dos destemidos. Vamos precisar mais do que nunca dos poucos lampejos de lucidez dos atuais postulantes a ídolos.

Muitos estão considerando o ex-clássico um “divisor de águas”. Que tudo vai melhorar ou piorar após este duelo. Minha opinião é outra, acredito que o tal divisor, do que quer que seja, está dentro do coração de cada jogador que estiver no estádio domingo. Vai ser preciso ter sangue frio e coragem de encarar exigentes torcedores, ansiosos por uma boa apresentação, uma resposta em campo, uma virada de mesa na postura dentro de campo que está machucando tanto a alma do torcedor celeste.

Mas independente do que acontecer domingo, o momento é de paz. De nada adianta brigarmos entre nós ou contra os torcedores adversários. O mesmo torcedor que agredimos, nos “pegas” ou “confrontos” combinados à beira dos clássicos, estarão no dia seguinte andando ao nosso lado no ônibus para o trabalho ou faculdade. Ele pode ser seu irmão ou seu primo, pode ser um amigo ou um desconhecido.

Este deveria ser um clássico de paz, comemorado pelo lado vencedor com respeito ao derrotado, sem tumultos ou guerras de gangues e grupos rivais. O mundo já é bastante violento e não precisamos de mais motivos para nos odiar.
Faço um apelo ao torcedor celeste neste domingo: JOGUE COM O TIME. Carregue-o nas costas se preciso. Urre até o último sopro de sua voz na garganta. Pois mais do que nunca o Cruzeiro precisa do apoio do torcedor.

São nos piores momentos que os heróis se mostram. Desejo, ao fim dessa luta hercúlea, ver um novo nascer. Este ex-clássico é complicado, e muito, mais pela deficiência de nosso exército, que vem se apequenando diante das situações e não busca em si maneiras de superar sua limitação. Mas um filho guerreiro não foge à luta.

Um abraço a todos.

Nesta quinta, o programa Guerreiros em Debate, da Rádio Guerreiro dos Gramados recebe, AO VIVO, às 23 horas, o reporter Emerson Rodrigues da Rádio Esportes FM 94,1 e repercuti tudo sobre clássico entre Cruzeiro x Atlético-MG.