24 fev DNA de Campeão
Salve, salve China Azul.
Qual é a fórmula para se fazer uma equipe vencedora? Grandes craques? Dinheiro bem investido e qualidade nas contratações? Torcida fanática e apaixonada que incentiva nos bons e maus momentos? Lideranças pontuais que sabem incentivar os companheiros? Direção alinhada com um técnico que sabe inspirar e motivar os comandados em busca da perfeição?
Tudo isso são elementos que compõem o DNA de uma equipe vencedora, independentemente da modalidade disputada e quando você tem tudo isso em uma única equipe o resultado é títulos e mais títulos.
O Sada/Cruzeiro conquistou ontem o Bi-Campeonato Sulamericano de Vôlei Masculino. Um título que coroa uma equipe que nos últimos quatro anos disputou quatorze torneios e chegou à final de todos, além de faturar nada menos que onze vezes o caneco. Um aproveitamento que coloca a equipe celeste entre as maiores que já pisaram as quadras do vôlei mundial.
Lembro-me bem de alguns anos atrás vários torcedores reclamarem que não devia ser despendidos recursos em outras modalidades esportivas, que seria besteira investir em vôlei, que o Cruzeiro era futebol e fim de papo. Hoje com grande alegria vejo até os mais céticos se renderem ao talento e à mágica que esta equipe tem em quadra. O time celeste incorporou como poucos o espírito de “Guerreiros das Quadras” e jogam como se fossem o último jogo de suas vidas. Disputam todos os torneios com igual peso e importância, sempre brindando torcida e também o mundo com atuações épicas e memoráveis.
A partida de ontem dispudada na Arena JK, na Rua da Bahia entra para o hall das mais fantásticas disputadas no vôlei mundial. Sada/Cruzeiro e UPCN brindaram todos que assistiram o jogo com um duelo que por muito tempo deve ser lembrado pelos amantes do esporte.
Para quem se lembra da final da Copa do Brasil a pouco mais de um mês igualmente vencida pelo time celeste sabe que apesar de toda a emoção, nem de perto pode ser comparada ao jogo de ontem.
O time argentino começou a partida disposto a equilibrar o duelo contra os mineiros, já que nos últimos dois encontros, válidos pelo Sulamericano de Clubes de Vôlei 2012 e pelo Mundial de Clubes de Vôlei 2013 os Guerreiros Celestes levaram a melhor em partidas igualmente difíceis.
A partida foi tensa do início ao fim, o UPCN com a força de Théo, a segurança de Júnior, a potência de Filardi e Olteanu e a atuação incrível do líbero Garrocq pressionou muito o Sada/Cruzeiro que não conseguiu jogar o início da partida. Muito bem postada defensivamente, a equipe portenha estava destruindo os ataques celestes, com muitos bloqueios e defesas memoráveis, a bola não caía nos ataques celestes.
Esta foi a história contada com igualmente amargor nos dois primeiros sets, vencidos por 23×25 pelos argentinos que com propriedade abriram uma grande vantagem sobre os celestes. Até este momento Marcelo Mendes tentava de tudo para fazer a equipe mineira acordar, já que o time argentino era senhor da partida e seus comandados estavam em partidas apagadas, principalmente Wallace, Isac e o cubano Leal.
Foi na ‘sacudida’ e na força que veio das arquibancadas que a reação celeste começou. O início da terceira etapa mostrou o Sada/Cruzeiro mais concentrado no jogo, o primeiro sinal disso foi o retorno do central Isac com ótima atuação. A jogada de segurança do mago Willian pelo meio, com avançadas potentes e rápidas de Isac o levantador celeste começou a trabalhar a bola com mais segurança, abrindo espaço para o crescimento na partida de Leal e de Wallace que pouco a pouco tomaram as rédeas do jogo.
No final do terceiro set o serviço de Leal aniquilou a defesa argentina, com seis serviços perfeitos o cubano colocou o time mineiro com grande vantagem, usando de toda sua habilidade e potência em saques perfeitos que literamente botaram no chão o líbero Garrocq e o oposto Filardi. No set vencido por 25×20 pelo Sada/Cruzeiro e no grito da torcida que transformou o ginásio em um calderão ensurdecedor o time celeste começou a pressionar no quarto set, mostrando que a reação era total e que iria a qualquer custo forçar o set de desenpate.
A cada passagemde serviço de Wallace e Leal a forte defesa argentina ruia um pouco mais. Com sintonia e talento o Campeão Mundial começou a jogar como CAMPEÃO MUNDIAL. Anulando os principais pontos de ataque do UPCN e a fazer seu jogo com grande variedade de ataque. Ora pelo ataque de rápido dos centrais, ora pela inteligência de Felipe ou pela potência de Leal e Wallace, o Sada/Cruzeiro foi abrindo vantagem. Bolas incríveis como a cravada de Wallace que conseguiu uma diagonal curta, com pouco mais de um metro e meio, jogando a bola com raiva, com potência dentro da primeira linha da quadra argentina, indo parar somente na arquibancada, um lance de rara beleza no vôlei.
No final do set Leal repetiu a dose e massacrou o time argentino com seis saques avassaladores, consolidando o set em 25×19 e com a torcida enlouquecida nas arquibancadas da Arena JK.
To tie-break parecia que seria de uma única cor. O time celeste começou mais acelerado que o Jamaicano Usain Bolt. Em menos de cinco minutos o set final apontava 6×1 para os celestes e com o técnico argentino desesperado por uma reação de seus comandados. Após a primeira parada técnica, o time celeste chegou a 12×6 e a torcida começou a cantar “Bi-Campeão” na arquibancada, forçando mais um pedido de tempo pelo UPCN. Foi aí que a partida tomou notas de surreal. Com seis pontos seguidos, o time argentino empatou a partida e botou toda pressão do mundo no time celeste.
Com calma e inteligência Marcelo Mendes parou a partida e colocou os nervos celestes no lugar. Era preciso conter a empolgação da arquibancada e focar a concentração e fechar a partida e foi exatamente isto que o Sada/Cruzeiro fez. Na troca de vantagens a partida se arrastou até o 16º ponto quando o time celeste pôs fim e venceu por 18×16 os argentinos.
Uma final incrível, histórica e emocionante, com duas das melhores equipes do vôlei mundial e que provavelmente terá mais um novo capítulo no Mundial de Vôlei 2014 que será novamente disputado em Betim.
Com orgulho podemos bater no peito e gritar que torcemos para uma das equipes mais vencedoras e incrívels que já surgiram no vôlei mundial. Parabéns a todos os guerreiros que deram sangue e suor por mais um título celeste.
Um abraço a todos e até a próxime, sempre lembrando que um filho teu não foge à luta.
EQUIPES:
CRUZEIRO: Willian, Wallace, Leal, Isac, Éder, Felipe e o líbero Serginho. Entraram: Lucas, Paulo Victor, Kadu e Douglas Cordeiro
Técnico: Marcelo Mendez
UPCN: Theo Lopes, Gonzales, Olteanu, Filard, Júnior, Ramos e o líbero Garrocq. Entraram: Peres Lopes, Tell e Fernandez
Técnico: Fabián Armoa