Cruzeiro mantém liderança, distância e não é hora de abaixar a cabeça


Cruzeiro mantém liderança, abaixar a cabeça jamais - Cruzeiro Esporte Clube - Foto: Yuri Edmundo / Gazeta Press

Ninguém gosta de perder, mas o Cruzeiro pode tirar uma boa lição da derrota para o São Paulo – em vários aspectos.

Amigos leitores, se fosse para falar apenas “mais do mesmo” era fácil escrever uma coluna hoje. Bastava repetir o que parte da imprensa está fazendo.

“O São Paulo cresce contra o Cruzeiro”. “A camisa tricolor pesa”. “O Cruzeiro não tem sorte contra o São Paulo no Mineirão”. “Mais uma vez um time paulista é algoz dos mineiros”.

E por aí vai. Hoje os “jornalistinhas” vão deitar e rolar…paulistas, cariocas e os mineiros “que defendem descaradamente vocês-sabem-quem”.

Também seria fácil demais colocar “parte” da culpa pela derrota de ontem nos gols perdidos. Aquela cabeçada fulminante de Ricardo Goulart e o inacreditável lance de William.

Vi o jogo atentamente, e tive três impressões bastante claras sobre o resultado final.

Em primeiro lugar, o São Paulo entrou em campo para fazer “o jogo da vida”. Entrou “para rachar” como se diz por aí. Marcou muito forte, congestionou o meio de campo, defendeu as laterais, neutralizou algumas das nossas principais jogadas e tocou a bola com muita consciência.

Em segundo lugar, como consequência direta, o Cruzeiro poucas vezes colocou a bola no ataque, tirando as duas chances claras perdidas. No primeiro tempo Nílton e Lucas Silva foram ótimos, mas caíram de produção na etapa final, assim como os meias.

Em terceiro lugar, as substituições não deram resultado – e não estou criticando “para cornetar”. O Cruzeiro estava sem criação e Marcelo Oliveira tira Ricardo Goulart para colocar Dagoberto. Nada contra os atletas e o técnico, mas esta troca de “meia por atacante” acabou com o meio de campo. Dagoberto tentou alguns lances, mas Éverton Ribeiro e William simplesmente sumiram do jogo e o São Paulo adiantou ainda mais a marcação.

Depois Mayke entrou, mas Ceará foi deslocado para a esquerda e o primeiro gol paulista saiu exatamente no seu setor. O segundo gol foi “meio de rebote”, a bola bateu na barreira e sobrou na direita para o cruzamento.

Os fatos são estes. Além, é claro, de uma certa decepção de parte da torcida, que queria – e muito – vencer o São Paulo para aumentar ainda mais a vantagem na liderança.

Entretanto, não é momento de abaixar a cabeça, nem para se preocupar.

Ninguém gosta de perder, mas a derrota de ontem foi “no momento que poderia acontecer”. Agora é manter o foco e aprender com os erros. Disputar cada partida pensando apenas em marcar pontos, buscando a vitória sempre, mas arrancando o empate quando for preciso.

Também não pode achar que, contra qualquer adversário, basta tirar um meia e colocar um atacante para resolver os problemas ofensivos. Pessoalmente, acho que ontem era partida para Dagoberto, mas mantendo Ricardo Goulart e tirando Borges, que apareceu pouco no jogo, isolado entre os zagueiros.

E tem outra. Por acaso vocês acham que todos os adversários do Cruzeiro, até o final do campeonato, vão jogar como o São Paulo ontem? Claro que não.

A vantagem ainda é ótima, para algum time tirar os 11 pontos, precisa vencer quatro partidas seguidas e o Cruzeiro perder três e empatar uma. E mesmo assim, tem que descontar o número de vitórias e saldo de gols.

Se a gente considerar o Grêmio como adversário rumo título, a conversa é ainda melhor. Faltam cinco rodadas até o confronto direto. O Cruzeiro tem que perder quatro jogos e vencer apenas um, e o Grêmio vencer cinco partidas na sequência, para igualar o número de pontos. Isto sem os critérios de desempate.

Deixa os “jornalistinhas” paulistas, cariocas e os mineiros “que defendem descaradamente vocês-sabem-quem” aproveitarem um pouco hoje. A alegria deles por um dia. Do nosso lado, sabemos que a manchete “Cruzeiro mantém a liderança” pode ser repetida nas próximas quatro rodadas – ou seja, duas semanas – sem medo de errar.

Que se repita o Brasileirão de 2003. O espetacular time da Tríplice Coroa perdeu em casa para o Juventude, na sequência perdeu para o Internacional, a vantagem diminuiu mas depois o time arrancou rumo ao título.

Abraços a todos.