07 nov Cruzeiro Esporte Clube: o time do povo, o time de Deus
Quando Deus foi assinar o pacote do Premiere Futebol Clube para o Brasileirão 2013, a operadora de TV fez a seguinte pergunta: Para qual time você torce? Creio que ele não titubeou, assinalou Cruzeiro Esporte Clube e mandou debitar no cartão de crédito celestial, aquele cujo limite é maior que o da zoeira. Tal cenário é hipotético e figura na minha imaginação. Mas podia ser verdade, acredite nisso…
Esse texto está longe de defender alguma postura pró ou contra qualquer religião. É apenas o meu modo de expressar a certeza de que esse Cruzeiro é um time realmente abençoado. Um grupo que superou todas as dificuldades com trabalho, talento e muita competência. O resultado é a iminente conquista do Campeonato Brasileiro, que pode ser consumada no próximo domingo frente ao Grêmio. Razões para acreditar? Todas.
As provas de que esse time é fadado ao sucesso começam na montagem do grupo. Contratações pontuais sendo feitas, jogadores saindo e uma insegurança que pairou durante todo o mês de janeiro, durante a pré-temporada. Nos amistosos, a equipe empilhava gols e vencia sem dificuldades. Everton Ribeiro e Diego Souza despontavam como as prováveis estrelas da companhia. Leandro Guerreiro, Everton “Maranguape” e Anselmo Ramon eram os atletas que levantavam mais desconfiança. Olhando hoje, vemos como a torcida entende de futebol. Os três elementos são meros reservas e mal são relacionados para o banco. Diego Souza se foi, Everton Ribeiro e Nílton se consolidaram como grandes jogadores. Um mito desembarcou alguns meses depois. Uma Besta veio fechar a trupe e dar o toque de experiência que faltava ao grupo. E assim se montou um time memorável.
Voltando ao início da caminhada, a estreia foi num clássico. Vencemos por 2×1, na primeira partida de outro candidato a ídolo: Dagoberto, ainda fora de forma, porém decisivo. E num jogo que ficou marcado para mim como o dia em que perdi a fé no jornalismo esportivo. Ver repórteres e radialistas pulando abraçados aos jogadores do nosso rival, numa aglomeração emplumada, me deu nojo. A cena nauseante foi respondida dentro de campo, como tem que ser. Vencemos e iniciamos a trajetória para uma temporada espetacular.
As derrotas que nos custaram o título estadual e posteriormente a Copa do Brasil, foram episódios muito pontuais. Injustamente o treinador foi culpado por boa parte dos adeptos pelos insucessos. Não entendem que muito do que acontece em campo foge a batuta do comandante. Hoje, o Marcelo Oliveira que chegou contestado, foi ameaçado de morte e era tido como um perdedor por dois vices da Copa do Brasil está próximo de sua grande volta por cima. Um título do Brasileirão sendo conquistado pelo rival do clube que o projetou como atleta, há 40 anos. O profissionalismo impera e hoje o treinador é visto como peça chave na montagem e controle de um elenco que se não é conhecido por excesso de medalhões, tem alguns egos a se administrar. Nada vem de graça e o sofrimento no fim será recompensado.
Alguém então poderá questionar: porque então o time do povo, o time de Deus? Porque foram exatamente esses dois fatores que parecem ter dado o empurrão que faltava para que os resultados acontecessem. A torcida, o povo, abraçou a causa. A melhor média de público no campeonato é nossa. A recepção ao ônibus do clube se tornou uma marca registrada. O espetacular aproveitamento dentro de casa é a comprovação de como uma agremiação pode ser levada adiante por seu povo. A sinergia do Gigante da Pampulha foi um fator de desequilíbrio nessa conquista que se aproxima. Que siga assim nos desafios que se avizinham.
Porque botar Deus no meio? Sem a fé que toda a comissão técnica depositou nada seria possível. Sem a fé que esses jogadores depositaram, muito menos. Sem a fé da China Azul, tampouco. Acreditamos, do nosso jeito louco e desde o início da campanha gritamos a plenos pulmões que “seremos campeões e não se esqueça”. É hora de aproveitar, gente. Parece que o jogo contra o Santos terminou há um mês, o decisivo domingo não chega. O tempo passa devagar, mas ao passo da ansiedade, consigo também desfrutar desse momento. Como é bom ver o seu time mostrando para todo o Brasil quem é de fato o melhor. Provando superioridade a cada quarta e domingo, calando a boca de grande parte dessa imprensa fétida. Fazendo com que cada pseudo-especialista tenha que dobrar a língua e se curvar a quem de fato e direito, joga o melhor futebol desse país. Ah, quase me esqueci do Fábio. Com a conquista de um grande título finalmente me rendo e posso chama-lo de ídolo. Glória a Deus!
Domingo é o dia. Vale pintar a cara, o corpo, fazer churrasco no Mineirão, receber o time com sinalizadores, bandeiras, buzinas e tudo mais o que temos direito. Vale ficar bêbado, tentemos apenas não fechar a noite de domingo na cadeia. É o dia de aplicar a boa e velha ‘Lei de Gil’, especialmente se o título for confirmado. Caso o Atlético-PR não faça sua parte frente ao São Paulo e consigamos a tão esperada vitória sobre o Grêmio, essa cidade ficará pequena. Barro Preto, Praça Sete, Pampulha… Belo Horizonte será tomada pela nossa comemoração por uma nova estrela dourada. Reestabeleceremos a ordem na capital mineira. E um céu azul se tornará cartão postal na vida de cada cruzeirense que ao olhar para o alto enxergará de uma vez por todas, com a alma e o coração: o quanto a imagem do Cruzeiro resplandece.