Copa Ouro 1995


A Copa de Ouro Nicolás Leoz foi um torneio oficial da Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL) realizado entre os anos de 1993 e 1996, com exceção de 1994, devido à realização da Copa do Mundo. A competição era disputada pelos campeões dos principais campeonatos da América do Sul, que eram a Taça Libertadores da América, a Supercopa da Libertadores, a Copa Master da Supercopa e a Copa Conmebol.

Das três edições do torneio, o Cruzeiro participou de duas, levantando a taça na segunda oportunidade, em 1995, na final contra o São Paulo. Na edição anterior, em 1993, a Raposa foi vice-campeã, depois de ser derrotada para o Boca Juniors na decisão. A outra equipe campeã da Copa Ouro foi o Flamengo, na última edição, em 1996, com o São Paulo ficando novamente em segundo lugar.

Relembre agora como foi a heróica vitória do Cruzeiro sobre o São Paulo, depois de um duelo marcado por várias expulsões e muita polêmica.

Cinco expulsões no primeiro jogo

Foto: Divulgação/InternetO confronto entre São Paulo e Cruzeiro na final da Copa Ouro de 1995 também era válido pelas quartas de final da Supercopa da Libertadores. A primeira partida foi disputada em Belo Horizonte, no Estádio do Mineirão, no dia 24 de outubro de 1995. O São Paulo venceu por 1 a 0 – gol marcado pelo armador Palhinha, aos 8 minutos do primeiro tempo. Um fato inusitado ocorreu nesse jogo: quando a etapa inicial se encaminhava para o fim, quatro jogadores do Cruzeiro foram expulsos pelo árbitro Wilson de Souza Mendonça.

O primeiro cartão vermelho aplicado à equipe cruzeirense foi consequência de uma disputa de bola entre os zagueiros Rogério Pinheiro, do São Paulo, e Rogério, do Cruzeiro. O defensor do time tricolor deu um carrinho violento no atleta cruzeirense, que revidou em seguida, acertando um pontapé no rosto do adversário. O árbitro sequer advertiu Rogério Pinheiro, punindo o jogador do Cruzeiro com o cartão vermelho.

A expulsão do zagueiro cruzeirense gerou muita revolta e reclamação por parte dos outros atletas, que foram tirar satisfação com Mendonça. Mas, pelo visto, o árbitro não estava querendo saber de muita conversa e expulsou mais um zagueiro do Cruzeiro, Vanderci. Sem ninguém na defesa, o técnico Ênio Andrade foi obrigado a mexer no time, para recompor o sistema de marcação. Tirou os avançados Dinei e Paulinho McLaren, e o meia Alberto, para colocar o volante Luiz Fernando Gomes, o armador Luís Fernando Flores e o lateral-esquerdo Serginho.

A partida recomeçou, e, quatro minutos depois, Wilson de Souza Mendonça mostrou cartão vermelho para mais dois jogadores do Cruzeiro – o volante Fabinho e o atacante Marcelo Ramos – ambos por reclamação. Foi a gota d’água, para que a confusão se armasse. Revoltados com a arbitragem, alguns torcedores e até mesmo o presidente Zezé Perrella invadiram o gramado. A partida ficou paralisada por alguns minutos, até a polícia conseguir conter o ânimo exaltado de todos.

Depois do término da confusão, a partida foi reiniciada, e o Cruzeiro conseguiu segurar o placar até o fim do primeiro, mesmo com quatro jogadores a menos que o São Paulo.

No início da segunda etapa, mesmo com desvantagem numérica de jogadores, o Cruzeiro foi pra cima e quase empatou o jogo. No lance seguinte, o armador Luís Fernando Flores sentiu uma contusão e caiu no meio da área. Após receber o atendimento médico, o jogador alegou que não tinha condições de continuar em campo. Seguindo as regras da FIFA, uma equipe não pode jogar uma partida com menos de sete jogadores em campo. Como o Cruzeiro já havia queimado as três substituições, o jogo foi encerrado aos 2 minutos do segundo tempo, prevalecendo o placar de 1 a 0, a favor do São Paulo.

Cruzeiro devolve o placar e leva a melhor nos pênaltis

Foto: Divulgação/InternetO segundo jogo aconteceu no dia 2 de novembro de 1995, em São Paulo, no Estádio do Pacaembu. O Cruzeiro precisava de uma vitória de dois gols de diferença para ser campeão da Copa Ouro e avançar às semifinais da Supercopa. Caso a equipe vencesse por um gol de diferença, a partida seria decidida nas cobranças de pênaltis.

O Cruzeiro entrou em campo desfalcado de quatro jogadores. Com a dupla de zaga suspensa, o técnico Ênio Andrade colocou Gélson e Ademir no onze inicial – este último improvisado na posição. No meio, com a ausência de Fabinho, o jovem Ricardinho ganhava novamente uma oportunidade na equipe titular. E por último, para suprir a ausência de Marcelo Ramos, o armador paraguaio Gustavo Sotelo foi escalado.

O pequeno público presente no Pacaembu – pouco mais de 4,6 mil pagantes – viu Dinei, (que entrara no lugar de Sotelo no intervalo) penetrar como um raio na área do São Paulo e escorar o cruzamento rasteiro de Roberto Gaúcho para o fundo do gol. O Cruzeiro abria o placar aos 13 minutos do segundo tempo e igualava o marcador em seu agregado. E dessa maneira, permaneceu o jogo, até o árbitro paraguaio Félix Benegas apitar o final da partida.

A decisão foi para os pênaltis e o Cruzeiro levou a melhor – venceu por 4 a 1. O time celeste converteu todas as cobranças, com Nonato, Paulinho McLaren, Alberto e Gélson. Dos três pênaltis que o São Paulo bateu, dois foram desperdiçados – Alemão chutou para a defesa de Dida, e Bordon acertou a trave. André Luiz foi o único tricolor a acertar as redes, deslocando o goleiro Dida na cobrança. Com o resultado, o Cruzeiro levantou o troféu da Copa Ouro de 1995, e avançou às semifinais da Supercopa, para enfrentar o Flamengo.

A “contusão salvadora” de Luís Fernando

Foto: Divulgação/InternetAté hoje, os torcedores da Raposa agradecem a Luís Fernando Flores, por aquela “contusão” no jogo da ida, no Mineirão. O Cruzeiro já estava com quatro jogadores a menos, e com o segundo tempo todo pela frente, a probabilidade do São Paulo abrir um placar elástico era muito grande. Após uma jogada de ataque, o armador cruzeirense caiu na área e pediu substituição, alegando ter se machucado sozinho. O fato é que todo mundo sabia que não tinha acontecido nada de grave com o jogador, mas sim, que ele estava fazendo cera para que a partida acabasse naquele momento.

A malandragem do armador cruzeirense permitiu a possibilidade da equipe cruzeirense reverter a desvantagem na segunda partida. Muita gente da imprensa paulista criticou Luís Fernando pela encenação, dizendo que era uma atitude anti-desportiva e que ele deveria ser punido pela Conmebol. Mas não destacaram a má arbitragem de Wilson de Souza Mendonça, que prejudicou o Cruzeiro de forma exagerada, ao mostrar os cartões vermelhos a quatro jogadores da equipe.

Copa Ouro de 1995: mais uma página heróica imortal, que escreve um dos capítulos da história de títulos e sucesso que o Cruzeiro Esporte Clube vive, desde a sua fundação em 2 de janeiro de 1921, até hoje.

Ficha do jogo

São Paulo 0 (1) x (4) 1 Cruzeiro – Decisão da Copa Ouro de 1995 – Jogo de volta

Data: 02/11/1995

Local: Estádio do Pacaembu, São Paulo.

Arbitragem: Félix Benegas (PAR)

Público: 4.680 pagantes.

Renda: R$ 36.780,00

Gol: Dinei, aos 13 minutos do segundo tempo.

Pênaltis: Nonato (C) – Gol; Alemão (SP) – Perdeu; Paulinho McLaren (C) – Gol; Bordon (SP) – Perdeu; Alberto (C) – Gol; André Luiz (SP) – Gol; Gélson (C) – Gol.

São Paulo: Zetti; Bordon, Rogério Pinheiro (Catê), Gilmar e André Luiz; Alemão, Toninho Cerezo, Donizete e Denílson (Palhinha); Caio e Amarildo. Técnico: Telê Santana.

Cruzeiro: Dida; Nonato, Gélson, Ademir e Serginho; Ricardinho, Belletti, Alberto e Sotelo (Dinei); Paulinho McLaren e Roberto Gaúcho (Rodrigo Silva). Técnico: Ênio Andrade.

Rafael Laerte Mendes Arruda (@rafaelfeto), é natural de Esmeraldas-MG, tem 18 anos,estudante de Jornalismo do Uni-BH. É fanático por futebol desde a sua infância, quando aos 3 anos de idade, ganhou sua primeira camisa do Cruzeiro, presenteada por seu pai. Desde então, Rafael tornou se um apaixonado pelo clube, frequentando quase todas as partidas no Mineirão. Já esteve presente em vários estádios, como Morumbi, Arena da Baixada, Pacaembu, Engenhão, sempre acompanhando o Cruzeiro aonde for.