Como se faz uma receita de time campeão


Depois de ver o Sada/Cruzeiro conquistar a Superliga no sábado, e pela equipe de futebol a ridícula derrota para o América-MG ontem, fiquei pensando: o futebol deveria fazer, no campo “pelo menos um pouco” do que os jogadores de vôlei fazem nas quadras.

Normalmente uso as minhas colunas para falar de futebol, apesar de também gostar de automobilismo, vôlei e, de vez em quando, um basquete.

Vi a partida de vôlei no sábado, e o Sada/Cruzeiro merece todas as homenagens pela conquista da Superliga. Os atletas, dentro de quadra, provaram “por A+B” como é que se faz uma receita de time verdadeiramente campeão.

Não precisa de grandes atletas de renome nacional e internacional. Salvo engano – e me perdoem se errar, afinal, vôlei não é a “minha praia” – o elenco do Sada/Cruzeiro não tem nenhum dos famosos jogadores da Seleção Brasileira de Bernardinho.

Não precisa de um técnico absolutamente famoso dono de várias conquistas. A menos que esteja errado, o argentino treinador do Sada/Cruzeiro não é tão conhecido no cenário do vôlei brasileiro.

Um time vencedor se faz com a equação qualidade dos jogadores + organização tática + treino de fundamentos básicos do esporte.

Aposto que o Sada/Cruzeiro, em seus vários treinos ao longo da temporada, deve trabalhar exaustivamente o saque, a recepção, o bloqueio, o passe, jogadas pelas pontas, pelo meio, por trás da linha de 3 metros. Pode não treinar tudo todos os dias, mas tudo é treinado sempre repetidas vezes.

Um time que foi vice-campeão da temporada passada, mas apostou na mesma fórmula para, um ano depois, levantar o título da Superliga.

Aí o torcedor celeste vai assistir o futebol do Cruzeiro no domingo. E o que percebo – de forma destacada nas últimas partidas, mas já estou alertando isto há meses, é que o Cruzeiro está uma “baba”, com o perdão da palavra.

Laterais que não sabem apoiar, defender e nem cruzar a bola com perigo para o adversário (sem contar que alguns são volantes improvisados). Defesa desatenta que sofre gols em faltas frontais, batidas a quase vinte metros de distância. Meio campo dependente de “lampejos de craque” dos armadores, que não criam jogadas em conjunto. Atacantes que não sabem nem chutar uma bola direito para o gol.

Ontem o América-MG fez 3×0 – placar de vôlei – não sofremos mais gols por muito azar do adversário e bastante sorte nossa, e em dois lances isolados o Cruzeiro ainda reduziu boa parte do desastre que já estava acontecendo.

Às vezes fico pensando “o que será que estes atletas do futebol do Cruzeiro ficam fazendo nos treinos durante a semana?”.

Será que eles apenas trabalham a parte física? Acho que não, porque tem uma turma aí que está literalmente andando dentro de campo. Quem sabe eles treinam posicionamento jogando contra cones? Deve ser, afinal, qualquer adversário organizado detona o “esquema tático”.

Os fundamentos básicos, então, duvido que alguém treine – exceto Fábio, que pegou mais um pênalti. Tirando aqueles jogadores que já nascem com o dom, o resto é um bando de amebas, perebas, pernas-de-pau que se acham craques de bola, mas que, se não fossem jogadores de futebol, ficariam na miséria, porque não sabem fazer nada.

Ou seja, o futebol está fazendo tudo errado – contrata mal, escala mal, treina mal e, em consequência, joga mal, sempre com muitas desculpas e poucos resultados. Exatamente o oposto do que o vôlei vem fazendo, contratou certo, escalou os melhores, treina direito e, como consequência, joga em alto nível. Não venceu no ano passado, mas não tem problema, repete a fórmula que a vitória acaba chegando.

E o pior – aposto que toda a folha salarial do vôlei campeão, Sada/Cruzeiro, deve ser menor do que o salário de alguns jogadores “come-dorme” que estão no futebol.

Parabéns aos campeões do vôlei, que dentro das quadras valorizam a tradição do Cruzeiro Esporte Clube, de montar grandes esquadrões que jogam com qualidade, honrando a camisa e o hino do clube, escrevendo mais uma das nossas páginas heroicas imortais.

E para os medíocres do futebol: VÃO TRABALHAR DIREITO, TRATEM DE JOGAR E RESPEITAR ESTA CAMISA, ESTE CLUBE, ESTA TORCIDA. Além, é claro, de jogarem fazendo jus aos altos salários que recebem..

Abraços a todos.

Nota final 1: Primeiro, veio o zagueiro Alex Silva. Agora, acertaram a contratação de Souza, aquele do São Paulo, Grêmio e Fluminense. Ele tem 33 anos, pode parecer velho, mas se estiver em forma pode ser útil, porque tem qualidade, raça, e “veste a camisa”. Além disto, é uma opção para a armação de jogadas e cobranças de falta – na Libertadores 2009, no Mineirão, vencemos o Grêmio por 3×1 e o gol dos gaúchos foi dele, em forte cobrança. Seja bem vindo, mais uma contratação interessante da diretoria este ano.

Foto: VipComm