Cinco razões para confiar


Se você abriu esse texto com a esperança de ler palavras de incentivo, está enganado. Ao contrário dos jogadores cruzeirenses, eu não vou te iludir. O Grêmio está com um pé e quatro dedos na final da Copa do Brasil. Resta apenas uma atuação protocolar no jogo de volta, na Arena do Grêmio, para que o tricolor gaúcho nos despache do mata-mata nacional. E convenhamos, até agora não merecemos melhor sorte. A atuação patética de quarta-feira no Mineirão nos custou um 2 a 0 no lombo e estacionou um caminhão de dúvidas sobre a real qualidade deste time.

Os caras fazem 4 no Corinthians e sete dias depois se recusam a jogar bola. Afinal, eles são de verdade ou não? É impossível decretar algo em um time que oscila tanto entre os extremos. E não apenas na condição técnica, mas na motivação. Estar no seu campo, com mais de 50 mil pessoas te apoiando in loco, e você se portar como uma barata tonta, errando todas as tomadas de decisão por 90 minutos é uma coisa angustiante, inexplicável. Portanto, pedir apoio e compreensão da torcida é ridículo. Quem precisa fazer alguma coisa agora não somos nós: são os jogadores e o treinador. Eles que tem a possibilidade de reverter a enrascada em que nos meteram.

Se der a lógica, é óbvio que não vamos reverter a vantagem. O confronto Grêmio x Cruzeiro, com mando do time do sul, aconteceu 33 vezes na história, com 15 vitórias do tricolor gaúcho, 12 empates e 6 triunfos celestes. Em apenas uma ocasião nós vencemos o Grêmio pelo placar que precisamos na quarta, ao menos para levar a decisão para a marca da cal. Foi em 16 de junho de 2007, Grêmio 0, Cruzeiro 2, com gols de Charles e Leandro Domingues. O único atleta que esteve em campo naquele dia e se fará presente na quarta é o goleiro Marcelo Grohe.

Algumas curiosidades interessantes. O arqueiro celeste naquele dia era Gatti. A zaga era formada por Thiago Heleno e Léo Fortunato, e Jonathan foi expulso aos 14′ do segundo tempo. Mesmo assim seguramos (e ampliamos) o triunfo. Tem dúvidas de que é possível? Claro que estou apenas brincando com um exemplo, os times mudaram e as realidades também. Mas quando se defrontam camisas muito pesadas, um erro aqui ou uma dose de inspiração ali fazem toda a diferença. E mesmo que tudo aponte contra o Cruzeiro, nosso papel de otário torcedor nos obrigará a acompanhar o jogo com o coração na boca, brigando contra a lógica.

No fim das contas, ser eliminado da Copa do Brasil não será o fim do mundo. Nossa passagem pelo Corinthians foi até surpreendente, se analisarmos que dividimos o foco com a luta contra o rebaixamento no Brasileirão e não temos um elenco de muita qualidade. A grande questão é mostrar luta, criar ocasiões, fazer o adversário sangrar. O que vai acontecer após a partida, ninguém poderá prever. Mas se os jogadores entrarem com brio e honrarem a nossa camisa já será uma grande evolução. Sobre as razões para acreditar, existem cinco. As estrelas, no peito da nossa camisa e dispostas no céu, além do alcance de meros e intitulados imortais.

Por: Emerson Araujo