Bola na rede: uma obsessão celeste


Gol, o objetivo primário e ao mesmo tempo, o ápice. Consagra heróis, cria vilões. Tem o poder de transformar times em verdadeiras máquinas.

Quem não tem um gol de título na memória? Nunca vou me esquecer daquele gol de Geovanni, pela final da Copa do Brasil de 2000, eu e uma grande parte da China Azul. Mas para provar que o gol é o momento mais marcante, alguns chegam a esquecer – ou não citam – a defesaça de André, neste mesmo jogo, depois da virada do Cruzeiro, no verdadeiro último lance da partida.

Seja qual for a estratégia, o gol se torna essencial. Até os times que montam estratégias mais defensivas necessitam de marcar. A diferença para um time ofensivo se resume a uma palavra: eficiência. A famosa retranca consiste, de igual forma, em aproveitar com qualidade as poucas oportunidades que se terá ao longo da partida.

Entendendo essa importância, analisemos.

O Cruzeiro é um time tendencialmente ofensivo. Isto é fato, claro e inquestionável. Quase nunca tivemos grandes times que se destacaram no seu setor defensivo, embora grandes goleiros, zagueiros e volantes já vestiram a camisa celeste. Fomos conhecidos pelo Brasil com aquele grande time de 66, um ataque que conseguiu ser mais envolvente e brilhante do que o lendário Santos de Pelé.

Jogadores velozes, toque de bola rápido e com qualidade, chances criadas aos montes.

O Cruzeiro é cultuado no país pela sua capacidade de marcar gols. E o time do Brasileirão de 2014 encanta exatamente por isso.

Por que apenas o do Brasileirão? Por que não disse “o time de 2014”? Já explico.

Na Libertadores, em algumas partidas, o Cruzeiro optou por não fazer o que, historicamente, costuma fazer. Optou por esperar, por não tomar a atitude em momentos chave. Não é nossa característica. Nunca foi. Talvez em uma ou outra situação de jogo, esporadicamente. Mas não é por uma variação, e sim por uma necessidade.

Já no Brasileirão, tanto o time reserva quanto o time titular, por ordens do comandante, voltaram a assumir a postura agressiva, ofensiva; voltaram a sempre ter as rédeas do jogo. Pelo fato de serem criadas várias chances de gol em uma mesma partida, é normal que os gols saiam no plural. Uma vez ou outra, encontramos defesas mais fechadas, como no caso da partida contra o Grêmio. Em jogos desse tipo, a eficiência se torna fundamental. A Chapecoense também veio defensiva ao Mineirão, e saiu com quatro gols na sacola.

O que ressalto é que as dificuldades e diferenças das situações nas partidas não podem alterar a nossa forma de jogar. E Marcelo Oliveira entendeu. Tenho certeza de que aprendeu a lição do torneio continental. E não, não foi fora de tempo.

Marcar vários gols ainda traz outro benefício: proporciona segurança defensiva. Primeiro, pelo volume de jogo imposto, a bola fica, na maior parte do tempo, nos pés dos nossos jogadores. Segundo, por mais que a defesa acabe por falhar, ou que a sorte resolva jogar contra, temos condições de ir à frente e marcar ainda mais. A confiança é real.

A caminhada em busca do Tetra ainda é longa, mas é ótimo ver que o caminho é trilhado de forma correta. Sempre jogo a jogo, sem menosprezar ninguém, consciente de que é necessário o melhor a todo instante. Que o segundo turno termine assim como terminará o primeiro.

E que nunca deixemos de priorizar o gol.

Por: Pedro Henrique Paraiso