A banalização do futebol brasileiro e seus “ídolos”


Banalizar. Esse é o termo que mais exemplifica o futebol brasileiro atualmente. O torcedor brasileiro perdeu a empolgação com os episódios recentes e se apega aos valores passados, para ter o mínimo de crença no futebol atual. Com a seleção nacional, o 7×1 foi apenas um episódio da falta de identidade da camisa amarelinha com os brasileiros. Outro capítulo que chama a atenção em terras brasileiras é a idolatria.

Hoje, um jogador que fique algumas temporadas, tenha uma regularidade e o mínimo de respeito pelo clube (o que é a obrigação dele), já ganha da mídia o status de ídolo. A torcida, pela carência de alguém que se “identifique”, adota o jogador e começa a apoiá-lo, em certos momentos, até “passando a mão na cabeça” do jogador. Não estou dizendo que seja errado considerar A ou B como ídolo, mas sim, considerar qualquer um como ídolo, apenas para suprir uma carência de popularidade.

É fato que o futebol brasileiro não forma mais jogadores acima da média como antigamente, hoje temos um apenas. Quem cuida do futebol entrou em um processo de acomodação a partir 2002, quando passou a usar como justificativa para todo e qualquer momento ruim o fato de ser “pentacampeão mundial”. E mesmo com os piores vexames, os erros se repetem. Nos clubes, a situação permanece a mesma.

Tomando o Cruzeiro como exemplo. Um clube gigante, no qual a diretoria se apegou ao bicampeonato brasileiro até no momento de fracasso em 2015, dizendo que estava “pagando a conta”. Em 2016, caminha para repetir os mesmos erros e não admite os inúmeros equívocos. Nós brasileiros, temos um grave problema em aceitar quando estamos errados. É cultural. Crescemos aprendendo que “ninguém tira o nosso poder”.

Mas como aquele papo de “banalização do ídolo” do início do texto entra nisso tudo?  Simples. Na nossa cultura. Não precisamos voltar muito no tempo, no mínimo 25 anos. Para ser ídolo de um clube, era preciso ter muito tempo de casa, sentir realmente a camisa do time que jogava. Chegar a seleção era mais por mérito e pela qualidade.

 Hoje, qualquer jogador com meia temporada já começa a ter campanha para vestir a amarelinha. Nos clubes, um “ídolo” chega a ser escolhido mais pela relação com o torcedor nas redes sociais do que pela dedicação no campo. Pessoalmente, para ser considerado ídolo, não basta só conquistar títulos, tem que respeitar a instituição mesmo após a saída.

Se o futebol brasileiro precisa descer do salto e aprender muita coisa com quem está lá fora. No Cruzeiro, a chance já apareceu. É a chance do Cruzeiro “aprender e ensinar” com Paulo Bento. É o momento dos fiéis escudeiros de Gilvan de Pinho Tavares aprenderem que o futebol atual não como jogos de computador tipo FIFA e Football Manager, onde tudo é brincadeira e se a “aposta” não der certo, tudo bem. Nós torcedores, sempre agimos pela emoção. Mas no cenário atual, uma dose de ração se faz necessária. No caso do Cruzeiro, o torcedor precisa agir. É hora de cobrar, pressionar quem dá a cara na imprensa na hora boa e se esquiva nos apertos e principalmente quem assina o cheque. No campo, apoiar quando for necessário e criticar quando preciso, independente do tempo de casa ou de qualquer outro fator.

Por: Matheus T. Rodrigues

Crédito da foto: Washington Alves/LightPress/Cruzeiro