As várias faces do mesmo jogo


Resumo do último clássico: erros para todos os lados, um empate “na raça” do Cruzeiro e uma choradeira sem fim do adversário.

Os vários assuntos polêmicos da partida tiveram várias faces que precisam ser mostradas. A verdade tem que ser dita.  Principalmente porque existe uma enorme diferença de qualidade entre o torcedor do Cruzeiro e todo o resto que existe em Minas Gerais. Já falei deste assunto outras vezes, mas não custa repetir, isto foi mais uma vez comprovado ontem.

Tem muita gente do “resto” dizendo que o gol de empate do Cruzeiro no final do jogo só aconteceu por um erro de arbitragem. Pode até ser verdade, acho mesmo que Montillo fez falta no início do lance.

E o que dizer das outras jogadas em que aquele árbitro incompetente e despreparado usou dois pesos e duas medidas? O Cruzeiro foi punido com vários cartões amarelos – todos eles merecidos segundo as regras, por reclamação, por carrinhos violentos, não importa o motivo – mas, do outro lado, as mesmas faltas não eram punidas.

Outra choradeira esfarrapada do “resto” é dizer que o juiz deu mais um minuto de acréscimo na etapa final, e o gol de empate saiu neste tempo. Muito engraçado, afinal, no escanteio anterior ao lance do empate, o lateral esquerdo deles simulou uma contusão para gastar os últimos minutos. Além disto, o gol de empate no final do primeiro tempo também saiu no minuto final da partida.

Também estou vendo muita gente do “resto” dizendo que o Cruzeiro está comemorando um empatezinho com o líder do campeonato. Este assunto merece uma análise mais detalhada. Ontem, o Cruzeiro não jogou com o futebol refinado que a torcida gosta de ver. Por outro lado, vimos um time com muita raça e determinação, que buscou o resultado até o final – coisa que não vinha acontecendo nas últimas partidas.

Fiquei até com uma boa impressão do Cruzeiro. Ninguém discute as várias limitações do nosso elenco (faltam bons laterais, excesso de volantes, mas apenas alguns têm qualidade, poucos meias de criação, atacantes velocistas inconstantes).

E mesmo com todos estes problemas, o badalado líder do campeonato, aquele que já está sendo chamado de “máquina 2012”, não conseguiu vencer – vale destacar que há um ano e quatro meses a gente não perde. Ao contrário, este suposto supertime, o “Barcelona das Américas de 2012”, ficou preso na forte marcação, não criou jogadas, empatou a partida num lance de rara felicidade no final do primeiro tempo e só fez o segundo gol porque Marcelo Oliveira conseguiu errar duas vezes a marcação contra o adversário.

O empate deve ser muito lembrado por todos que estão no Cruzeiro, porque pode ser um divisor de águas. Não estou dizendo que, a partir de agora, vamos lutar pelo título ou que vamos lutar por uma vaga na Libertadores.

[Vídeo] Os gols e os melhores momentos de Cruzeiro 2 x 2 Atlético-MG pela 19ª rodada do Brasileiro 2012

Não somos iludidos, esta característica é do “resto”. Hoje, a diferença de pontos é grande, mas se o Cruzeiro mostrar, no segundo turno, a mesma vontade e determinação de ontem, podemos projetar duas situações positivas – conseguir melhores resultados que os obtidos no primeiro turno e, quem sabe, chegar ao final do campeonato em boas condições, e consertar os erros cometidos neste ano, para começar bem a temporada de 2013.

O torcedor do Cruzeiro não está comemorando empate em lance irregular, nem empate quando a partida já deveria ter acabado muito menos empate com líder. O torcedor do Cruzeiro é inteligente, olha apenas para próprio time, está comemorando uma boa partida feita e esperando a sequência do campeonato, procurando o melhor para nosso clube.

Enquanto isto vejo no Facebook e no Twitter o “resto” da torcida de Minas Gerais chorar e reclamar do resultado, ao invés de ver a própria posição na tabela. Acho até normal esta reação. Afinal de contas, torcida que sofre há 40 anos sem título de primeira divisão, não está mesmo acostumada a ficar na liderança de campeonatos importantes, e qualquer coisa que acontece é motivo de tremedeira e chilique.

Hoje, AO VIVO, às 21hs00min, o programa Guerreiros em Debate repercute tudo que rolou no clássico, e ainda recebe o ídolo Marcelo Ramos para um bate papo sobre a sua brilhante história no Cruzeiro, e também sobre a campanha que a China Azul faz para conseguir um jogo de despedida para o Flecha Azul.  Já assinou a petição? Petição #DespedidaDoFlechaAzul

Vamos avante, Cruzeiro.

Abraços a todos.

Nota final: a péssima arbitragem e a tensão do jogo não justificam os objetos jogados no campo. Além da possibilidade de prejudicar o Cruzeiro com perdas de mando de campo, não adiantou nada. Toda esta vontade de pressionar o adversário deveria ser usada com palavras e cantos, até mesmo com provocações faladas, direcionadas aos atletas adversários (que estavam nitidamente nervosos após o primeiro gol, de Wallyson).

Foto: VipComm