Apurações da imprensa não fecham e história do aluguel vira duelo de palavras. Cadê a transparência?


A novela já está mais do que chata, mas cada dia surge um novo capítulo e é necessário mais uma vez se debruçar sobre os novos fatos e tentar entender qual é a real situação para que os clubes atuem no estádio Independência.

Meu interesse no assunto, prezado leitor, vai além do fato de ser cruzeirense. Tem dinheiro público nessa história! Nos dados revelados ontem pela diretoria atleticana, o dinheiro destinado à SECOPA simplesmente desapareceu e o Cruzeiro não teria pago um centavo sequer ao governo, que investiu na Arena, para recuperar os gastos públicos no estádio.

A versão atleticana foi de que 10% da renda bruta cruzeirense ficou para o consórcio BWA/Atlético-MG e que este percentual foi dividido em 50% entre as partes. ONDE FOI PARAR A PARTE DA SECOPA? Mesmo que seja verdade que o aluguel foi arrecadado pelo consórcio, a BWA/Atlético-MG não poderia ter tomado para si todo este valor, pois o América e a Secopa tem direito a 10% de tudo que o consórcio arrecada (sem descontar os prejuízos), ficando 45% para o Atlético-MG e 45% para o BWA, o que o balanço atleticano simplesmente ignorou e que vai contra o que foi declarado pelos dirigentes da SECOPA, do Cruzeiro e até mesmo da própria BWA na última semana, este último em entrevista à Rádio Itatiaia que, milagrosamente, boa parte da imprensa esqueceu.

As apurações por parte da imprensa, aliás, não fecham. O Jornal O Tempo, por exemplo, simplesmente comprou os discursos de Kalil e de Gilvan, que obviamente não se encaixam, e produziu situações como a afirmação de que “Nem Atlético-MG, nem BWA faturam com a venda de bilhetes do Cruzeiro”, mas também de que o aluguel pago ao consórcio é resultado de 10% da renda bruta dos jogos, ou seja, justamente da venda de bilhetes! (Clique e veja o artigo publicado pelo Jornal O Tempo).

Já o portal Superesportes revela, ainda que de forma indireta, que os ganhos do consórcio revelados pelo Atlético-MG desprezam custos importantes, mas que foram assumidos pela Raposa no borderô, o que o portal não explorou.

Além de também comprar a ideia de que os 10% ficaram integralmente para o consórcio (os direitos da SECOPA e do América ficam onde?), o portal diz que a BWA/Atlético terá que pagar do “próprio bolso as taxas de limpeza e segurança e o Cruzeiro não tem responsabilidade com esses gastos.” Todavia, além do Atlético não assumiu tais gastos em seu balanço, o borderô celeste sugere que o Cruzeiro teve parte destes valores descontados de suas receitas, o que o portal simplesmente ignorou, afinal o clube assumiu R$ 28.561,60 de gastos com “plano serviços técnicos profissionais ltda”, justamente uma empresa de segurança conforme rápida pesquisa no Google. (Clique e veja o artigo publicado pelo Superesportes).

Após a leitura deste breve texto, a intenção não é de confirmar que a interpretação dos borderôs apresentada ontem no Guerreiro dos Gramados é a correta e definitiva, mas sim que nenhum dos balanços apresentados pela imprensa e pelo Atlético-MG fecham com o que vinha sendo dito anteriormente e, principalmente, respeitam os direitos do Estado e do América e que são de conhecimento de todos.

Cabe lembrar aqui que nossa interpretação ontem foi feita baseada nas declarações de Gilvan, da Secopa e da própria BWA na última semana, mas nada oficial nos permite afirmar que ela tenha contemplado a verdade da questão.  O fato é que esta história se tornou um jogo de palavras entre as partes e cada um conclui o que quer. Desrespeitado nisso tudo é o torcedor, que não sabe para onde vai o seu dinheiro e, principalmente, o contribuinte, que não sabe sequer se o estado está recuperando conforme deveria os investimentos feitos no estado.

O alerta feito aqui é que a situação não está resolvida e é impossível comprar qualquer uma das versões apresentadas. Elas não fecham!! Que a imprensa mineira possa, assim como fizemos aqui, se despir de qualquer vaidade ou torcida e seguir procurando as partes envolvidas (dirigentes de todos os órgãos ligados à esta matéria) e investigando até conhecermos a verdade. É nosso dinheiro (de cruzeirenses, atleticanos, americanos e de todos os demais) que está em jogo!