03 jan Ano novo, amadorismo velho
Salve, China Azul!
Enfim chegou 2017 para o cruzeirense. Depois de uma temporada difícil, o novo ano traz a expectativa de que tudo pode ser diferente. Entretanto, estamos apenas no dia 3, e a velha face amadora de toda a diretoria já apareceu, na sua pior versão. Como personagem principal, e não poderia deixar de ser, o presidente Gilvan de Pinho Tavares. O motivo: um suposto presente, uma badalada contratação que deixaria o torcedor feliz.
O presidente Gilvan, mal assessorado, como de costume, foi aos microfones ainda em dezembro para dizer que o Cruzeiro estava ACERTADO com um grande jogador. Segundo ele, “a qualquer momento este jogador chega aqui. Não sei se chegará para presentear a torcida no Natal, mas já está verbalmente acertado e estamos aguardando. Se não chegar para o Natal, chega para o aniversário do Cruzeiro”. Gilvan ainda acrescentou, dizendo que “é um grande nome. Esse não é troca. É brasileiro, mas não está jogando no Brasil no momento. Está no país de férias. Falta o acerto com o clube e a assinatura do jogador. Nosso funcionário já está no exterior acertando os detalhes, verbalmente está acertado”.
Gilvan, indo para o seu sexto ano de mandato na presidência do Cruzeiro, ainda não entendeu que se falta acerto com o clube e falta assinatura de contrato, basicamente, falta tudo. O mundo do futebol é muito complexo para se tratar como certeza algo que nunca foi colocado no papel. Mesmo assim, muitos cruzeirenses esperaram ansiosamente o tal presente. O que receberam ontem, na missa em ação de graças pelo aniversário do clube, não foi o prometido jogador, mas sim, mais amadorismo. Agindo como se estivessem em um episódio de ‘Os Trapalhões’, a diretoria celeste foi longe demais.
Gilvan, inicialmente, aponta o nome de Thiago Neves como o jogador prometido, afirmando que não existe a possibilidade de fracasso na negociação, novamente, sem ter absolutamente nada assinado. Para fechar com chave de ouro, ainda diz que o empresário do jogador pediu sigilo na negociação, pelo menos, até o dia 4 de janeiro. Como o mandatário celeste fez uma promessa que não conseguiria cumprir, foi abrir o bico, reitero, antes de ter alguma garantia legal do acerto. Quem me garante que, após esse show de horrores protagonizado pelo presidente Gilvan, o empresário do jogador não vai pedir mais do que o valor acertado verbalmente? São tantos anos trabalhando no futebol para não entender que, no mundo da bola, uma verdade absoluta pode não durar 24 horas.
Para fechar com chave de ouro, o departamento de comunicação celeste, durante a entrevista do presidente Gilvan, anunciou a contratação do meia Thiago Neves via Twitter. Algum tempo depois, o tuíte foi apagado, e o anúncio se transformou em oficialização de interesse, segundo o próprio site do clube.
Não há como explicar tamanha falta de inteligência nas pessoas que administram o Cruzeiro. Do maior ao menor, sem eximir ninguém de culpa. Ora, será que não há um ser humano com bom senso que impeça o presidente de ir aos microfones? Ou que, caso Gilvan queira realmente abrir o bico, que prepare uma fala neutra, sem promessas, sem esse alarde todo que ele costuma fazer? Ser um cara correto e sem aquela “malícia” característica do mundo do futebol não é um defeito. Errar e não aprender com os erros é. Não é a primeira vez que isto acontece e, se bobear, ainda teremos muita história para contar neste último ano de mandato do presidente Gilvan. O tal presente prometido veio embalado com a incompetência característica da diretoria celeste.
Pode ser clichê, mas é real: nada muda no Ano Novo se você não mudar. Aprende, diretoria!