05 jul Algumas verdades sobre Farías no Cruzeiro, imprensa, torcedor e dirigentes
Com o fim do contrato de Farías junto ao Independiente da Argentina no fim de junho o atacante está de volta à Toca da Raposa. A discussão entre os cruzeirenses é grande em torno desse assunto, muitos não gostam do atleta e preferem vê-lo longe de BH, outros acham que Ernesto é melhor que Anselmo Ramon e esse simples fato justifica sua permanência no clube para que o outro perca espaço. Independente de qual será o destino do centroavante, ou da qualidade (?) do seu futebol, o que me chamou a atenção sobre o tema foi o comentário de um colega no twitter.
Em seus 140 caracteres meu colega blogueiro, Pedro Henrique, escreveu a seguinte frase: “Falo tanto nessa questão do Farías não é porque eu gosto do jogador, mas ele tira tanto dinheiro do Cruzeiro que ele tem que jogar aqui”. A afirmação “ele tira tanto dinheiro do Cruzeiro” me fez refletir sobre como nós, torcedores, nos achamos tão espertos para algumas coisas, mas somos, ou nos fazemos, de ingênuos para outras de forma que aceitamos alguns fatos impostos por jornalistas ou dirigentes sem questionar ou pensar sobre o assunto.
Nem Farías, nem outro jogador qualquer, tira dinheiro de clube de futebol. O argentino, quando chegou ao Cruzeiro vindo de Portugal, foi procurado por dirigentes do Cruzeiro. É bom lembrar que o presidente do clube na época da contratação do atleta era o senador Zezé Perrella, o mesmo que, sabendo que não continuaria no clube, renovou com o banco BMG o patrocínio na camisa até 2014. Questionar a qualidade dele é um direito de qualquer torcedor, mas pensar que ele é um mau caráter que tira dinheiro do clube é leviano.
Um contrato de trabalho foi assinado entre as partes, assim como eu ou qualquer pessoa que trabalhe sob o regime da CLT. Foi feita a proposta de três anos de contrato, aceito por ele e seu empresário. Quantos outros contratos duvidosos foram feitos dentro do Cruzeiro? Quantos outros jogadores não deram retorno técnico ao time e não foram questionados? O craque da galera é um deles, mas este é bonito, comunicativo, amigo do senador, de jornalistas, etc. Questionar para quê?
Os que acompanham o Cruzeiro vão se lembrar de que em momento algum, desde que foi contratado, Farías se mostrou mal profissional. No período em que foi proibido de treinar na Toca, alugou um campo para fazer sua preparação física por conta própria. Também não me lembro de notícias que falavam sobre atrasos ou faltas nos treinamentos, comportamento comum de muitos boleiros brasileiros. Também nunca li nenhuma notícia de gandaia e bebedeira.
Como escrevi, não questiono a permanência ou não do jogador, nem sua qualidade, mas penso que o torcedor deve ficar mais atento aos interesses que rolam no esporte. São dirigentes e muitos empresários mamando nas tetas do futebol, onde rola muita grana. De acordo com alguns comentários, parece até que presidentes, diretores e gerentes de futebol são tolinhos enganados por atletas superespertos. Com um pouco de vontade basta fazer pesquisa rápida e ver como a maioria dos atletas vive ao se aposentarem e como dirigentes e empresários vivem. É necessário separar o joio do trigo e deixar a paixão de lado ao analisar esse tipo de assunto.