Administração responsável em excesso explica política de contratações do Cruzeiro


Salve nação celeste! A cada dia que passa a sensação de que a coisa anda feia para o lado do Cruzeiro aumenta. As dispensas de Fabinho e Caçapa na última quarta-feira assustaram e teve gente que decretou a falência do time celeste.

Para piorar a situação o amplo investimento feito pelo Atlético-MG na contratação dos seus reforços fez com que muita gente sentenciasse sem pestanejar que “o dinheiro em Minas mudou de lado” como o jornalista Marcos Guiotti fez no Twitter.

Dimas Fonseca -Foto: VipCommConfesso que, assim como a maioria das pessoas que se atentou apenas para a quantidade de reforços contratados por cada equipe neste início de temporada, eu também cheguei a pensar que havia algo muito errado acontecendo, mas parei para pensar. Não descarto a possibilidade de que estejam desviando dinheiro dos cofres celestes como sempre se cogitou, mas como não tem como provar, não vou trabalhar com especulações e “chifres em cabeças de cavalo”.

O certo é que algumas verdades precisam ser ditas sobre o que vem acontecendo no futebol brasileiro. A pena de não enxergar isso pode ser fatal.

A vinda de Ronaldo e de Roberto Carlos para o Brasil inflacionou o nosso futebol. Muitos jogadores recebem hoje muito mais do que merecem e isto atrapalha até as transferências internacionais. Exemplo? Um jogador como Jonathan não recebeu propostas européias pelo simples fato de que nenhum clube europeu se dispõe a pagar para um jogador do nível dele o que o Santos pagará a partir de agora.

A diferença, no entanto, é que jogadores como Ronaldo e Roberto Carlos se pagam. Vendem camisas, atraem patrocinadores, levam torcida ao estádio. Em síntese, vale a pena.

Agora alguém pode explicar o sentido de pagar R$ 125 mil ao Leonardo Silva? Ou os valores que recebiam Caçapa e Fabinho para serem reservas? Prejuízo certo, é claro!

Quem no Brasil tem uma administração responsável entendeu isso e deixou o espaço no banco para a base. São Paulo, Cruzeiro, Grêmio e Internacional estão fazendo isso, movimentaram-se pouco no mercado e se livraram de reservas caros agora no início do ano. É melhor apostar na garotada que recebe menos e pode corresponder e ainda se valorizar e gerar lucros ao clube.

Outras equipes decidiram seguir o modelo corinthiano e buscam nomes para puxar o seu futebol. Isto explica, por exemplo, a briga entre Flamengo e Palmeiras por Ronaldinho Gaúcho.

Há um terceiro grupo, porém, que prefere ser alheio a esta realidade e estão inflacionando seus elencos com jogadores medianos como o Atlético Mineiro e, em menor escala, o Vasco. O Atlético-MG, longe do mundo real, até extinguiu o seu departamento de marketing e segue na contra-mão das outras equipes, ou seja, no caminho errado.

Esta longa explicação não visa defender a gestão cruzeirense, mas mostrar que escolhas da diretoria não significam falência, mas gestão responsável.

Falta, no entanto, ousadia na hora de fazer contratações e obter novas formas de renda. A escolha de não fazer loucuras, porém, é excelente. Mantém as finanças em dia e o Cruzeiro como o clube com a menor dívida entre os grandes do país.

Por outro lado, quem não se ligou nesta realidade caminha para se afundar cada vez mais em um poço e ficar bem perto do fundo. A moratória da dívida com Ricardo Guimarães vence no próximo ano e o Atlético-MG, até onde consta, não pagou nenhum centavo. Se a falência no futebol mineiro tem cor com certeza ela veste rosa.