A um chute do paraíso


Está escrito nas regras do esporte. “O Gol é formado por duas traves (ou postes), verticais com o tamanho de 2,44 metros de altura e separados por um poste (ou travessão), na horizontal com o tamanho de 7,32 metros”. Parece simples mandar a pelota dentro dessa caixa, mas nos dois primeiros jogos do Cruzeiro na Libertadores, nada feito. 180 minutos, mais acréscimos, sem um tento sequer. Quem explica?

O primeiro indiciado à culpa é o centroavante, certo? Leandro Damião, vendo de temporadas ruins por Internacional e Santos. Mas Damião vem se movimentando bem, criando oportunidades, lutando muito. É uma boa aposta até aqui e marcou 4 gols nos primeiros 6 jogos realizados na temporada. Então os atacantes de lado, a adaptação dos pontas do passado, são os grandes algozes da escassez de bola na rede? Mais ou menos. Willian e Marquinhos não tem produzido nem perto do que se espera, Willian inclusive numa má fase que parece interminável, nem lembra o ótimo jogador de 2013. Marquinhos luta, corre, briga, mas tecnicamente é muito limitado. Não tem bola para ser titular, ainda que seja um jogador extremamente útil para a temporada.

De Arrascaeta chegou com a pompa de ser o grande armador da equipe. Porém até agora se comportou muito mais como um atacante do que como um meia organizador. O uruguaio não tem buscado o jogo como deveria, deixando a função para volantes e laterais, que raramente conseguirão um lance de desequilíbrio. Aqui considero a nossa grande falha até o momento, a falta de alternativas e de movimentação. Os jogadores que entram no segundo tempo precisam mostrar mais sangue no olho e disposição para fazer o gol. Um empate em casa, como ocorreu diante do Huracán, nunca pode ser um resultado aceitável. Quem quer ser campeão precisa de muito mais.

Marcelo Oliveira tem feito um grande trabalho, mais uma vez. O time não é mal armado, mas as peças precisam ser mais constantes e estarem dispostos a fazer algo mais. Letargia e morosidade não combinam com times campeões. O fato de De Arrascaeta ter sido substituído nos dois últimos jogos já é um sinal de alerta para ele, não está rendendo conforme as expectativas. Resta a esperança de que Alisson ou Gabriel Xavier incorporem-se ao time titular e consigam ser o elo de ligação entre meio e ataque que nos tem faltado. E só pra ressaltar, chutar no gol é imprescindível para marcar.

Mas, afinal, porque o título, cara pálida? Porque todo esse texto não passaria de palavras ao vento caso uma bolinha tivesse entrado. Seja o gol mal anulado de Damião, a finalização de Judivan que raspou a trave no fim, aquela bola no travessão… Cada chute é um purgatório. O céu ou o inferno são apenas o destino de cada disparo e o julgamento vem a galope. Que o Time de Deus trabalhe mais, coloque o pé na forma e consiga já no clássico do próximo domingo, alcançar a terra prometida.

Por: Emerson Araujo