A mística do banco azul


Tirei um tempo para refletir sobre o suado triunfo celeste diante do Araxá no domingo e aproveito para me apoiar em uma estatística trazida pelo Superesportes e impressões que Leonardo Moura trouxe em sua análise sobre a partida em questão. O fato, senhoras e senhores, é que existe algo de místico no nosso banco de reservas. Não apenas no que diz respeito à qualidade inegável dos atletas, mas pelo que eles vem representando neste começo de temporada.

O fato extremamente relevante é que o banco vem resolvendo a parada, o que na verdade é sempre muito bom. Mas gera um pequeno porém nessa mente que vos escreve.

O que há de errado com a armação do time que inicia as partidas? Porque jogadores que mudam de condição no elenco tem rendido de forma tão distinta e rendido em escalas tão discrepantes?

Sinceramente acho que essa é uma resposta difícil de ser dada, e na verdade vejo méritos no trabalho de Marcelo Oliveira neste aspecto. Saber “ler o jogo”e fazer as mudanças necessárias é algo que a China Azul vinha esperando já há algum tempo. Depois de termos que lidar com a inércia de Celso Roth e os experimentalismos nem sempre bem sucedidos de Adilson Batista (a que saudade de Adilson Batista…sério) parece que achamos alguém capaz de ler a partida e alterar a equipe de forma assertiva e positiva.

“Dos 10 gols marcados pela equipe no Estadual, 60% foram feitos por jogadores que saíram do banco de reservas.” Esta é a conclusão a que chegou o ótimo e amigo Gustavo Andrade do Superesportes. O número em si não chamaria tanto a minha atenção, se não fosse pelo fato de que os mesmos reservas que resolvem a parada atuassem de forma tão ineficaz quando titulares. Isso sim preocupa.

Veja o exemplo de Dagoberto. O camisa 11 estrelado, trazido a peso de ouro como estrela da companhia, dignamente diga-se de passagem, rendeu melhor quando foi acionado ao longo do jogo do que quando o iniciou. Quantos gols ele fez iniciando as partidas? Façam as contas.

O mesmo, infelizmente, refletiu no novo xodó da maior torcida de Minas. Ele mesmo, Vinícius Araújo. Romarinho, como o garoto é conhecido nas canteiras da Toca I entrou contra o Tombense e acabou com o jogo. Contudo, como titular, teve atuação mediana, dentro da média. Seu substituto, Borges, deixou o espaço reservado aos suplentes para assumir o papel de protagonista que sempre lhe foi creditado e tão poucas vezes observado.

Que dirá então Elber, que de preterido e quase emprestado ao Bahia virou peça fundamental no termômetro do jogo… É, realmente ficar no banco do Cruzeiro tem sido melhor escolha do que iniciar as partidas. Pode isso Arnaldo?

Bom, curiosidades a parte, outra questão deve ser levantada. Diego Souza. Aaaaa o Diego Souza…
Finalmente o gordinho deu algum sinal de vida e teve um lampejo de bom futebol, participando diretamente dos dois gols de Borges que sacramentaram a vitória contra o controverso time do Ganso, que tanto encantou contra o Coelho e só!

Contudo, algo me bate à cabeça. Cadê o Ricardo Goulart? Disputado a peso com o time do outro lado da Lagoa, o jogador deu ritmo, foi bem contra o Atlético-MG e misteriosamente desapareceu.  Foi preterido pelo Luan. Luan? Deus do Céu.

Já falei isso com amigos e escrevi no Facebook, prefiro o time com Ricardo Goulart. Mais leve, mais veloz, mais eficiente. Ele forma dupla muito melhor com Everton Ribeiro que mineiramente vai ganhando status de comandante da companhia, melhor contratação do ano disparado.

Bem, colocadas algumas das caraminholas para fora fica a questão. Qual será a mística do banco celeste? Porque dor de cabeça boa que todo técnico gosta de ter é muito chavão e tem mais. Se fosse boa, não era dor de cabeça.

Está na hora de se rever algumas peças que estão se garantindo em campo porque a carruagem não está tão bela assim. Muita coisa precisa ser acertada e muita gente tem que ir para o banco, mas não para se aproveitar da estatística. Mas para repensar um pouquinho sua postura dentro deste que é um dos maiores clubes que o futebol mundial já teve o prazer de ver em campo.

Claro que isso são conjecturas e análises e nem de perto se propõem a ser um simulacro de verdade.

Espero que gere boas conversas de bar.

Abraço a todos os Guerreiros dos Gramados!

Foto: VipComm