2011 e 2012: Gêmeos, só que não. Chamem o cabeção!


Salve Guerreiros!

Antes de mais nada, gostaria de parabenizar todos os envolvidos, direta ou indiretamente, na manifestação na Praça Sete, pedindo a volta do ídolo Alex. Foi de um prazer enorme passar lá, no meio de tantos companheiros de sangue azul, expressando um sentimento verdadeiro e comum a todos os que se entendem por cruzeirenses. Além disso, palavras de protesto contra a nossa atual situação, assim como faixas e cartazes foram ouvidos e vistos no centro de BH. Sensacional. Manifestãções e protestos relevantes, verdadeiros, são construidas assim; com a adesão pacífica, mesmo que em coração, das pessoas que compartilham de uma causa em comum. Sem violência, sem eliminar os direitos dos outros que não têm nada a ver, protestanto e repassando sua mensagem, seja ela qual for. Mais uma vez, parabéns à todos, tanto do Guerreiro dos Gramados, quanto de outras dissidências.

Em meio ao agito, me peguei refletindo um pouco e pensei: uma mobilização dessas, sem qualquer apoio do clube, exclusivamente do bolso e da vontade dos presentes, por um ídolo que sempre nos respeitou e fez de sua sinceridade, sua maior assistência…essa torcida não merece o time e diretoria que tem atualmente!

E anotei isso porque queria trazer até vocês um paralelo, um misto de fatos e situações que se deu ali ainda, dentro da minha cabeça.

Análises profundas do elenco e futebol já foram feitas por mim e tantos outros colegas aqui. É irrelevante agora, é o que temos até o final do ano. Chama a atenção – ao menos a minha- a situação parecida que vivem Cruzeiro e Seleção Brasileira. Pois é amigos, um paralelo em contexto mais amplo pode e deve ser traçado entre os dois.

Não é de hoje que a Seleção de Mano Menezes não empolga nem o mais otimista dos brasileiros. Sem cara definida em campo, faz uma preparação pífia para a Copa em casa, enfrentando adversários inexpressivos ou perdendo para os fortes. Não o bastante, sofre com seu comando técnico e administrativo, que tentam imbuir nas pessoas a ideia de que o trabalho está sendo bem realizado. Reflexo do paradoxo é o degringolar em rankings e resultados, a descrença generalizada. Pensando em Cruzeiro, a situação é lamentávelmente parecida. Sem identidade dentro de campo, fraquezas maiores que as virtudes, confusa situação técnica e administrativa.

E o que é pior, onde entra o cerne do paralelo com nosso clube: a cada partida, a cada resultado ruim, o desgaste e afastamento imposto ao torcedor é visível, injusto. É como se tanto Cruzeiro como Seleção, não fizessem a menor questão de agradar seu maior patrimônio. A grande raiz desse cenário talvez seja a mediocridade dos trabalhos até então desenvolvidos em ambos. Particularmente não tenho tido o menor tesão de sentar e assistir a uma partida celeste. Teve uma semana aí que fiquei uns cinco dias sem nem ler notícias. Raiva? Protesto? Não. Simplesmente um descaso desgostoso que tem sido me empurrado goela abaixo, ainda mais agravado nesse segundo turno. Você se sente assim também? Faço-me convicto de que o Cruzeiro, enquanto instituição, não merece isso.

Daí o leitor pode me questionar, dizendo que a atual diretoria enfrenta o que enfrenta pois pegou um clube com problemas, sendo feito o possível ao alcance para a temporada. E lhes dou razão, em partes. Compactuo dessa ideia, afinal, não é fácil reformular política e economicamente um clube, cobrando resultados épicos dentro de campo, com uma temporada. Ainda mais sem grana. Mas isso não isenta ninguém da responsabilidade de fazer o necessário nos anos que estão por vir. É nesse mote que quero me agarrar, enquanto espero por 2013.

Mais precisamente sobre Campeonato, é isso aí que vemos (ou não).  Sem condições técnicas de brigar por nada maior, nos resta acomodar um lugar no meio da tabela, de formas que as rodadas finais sejam em segurança. Esse jejum de sete partidas equipara-se ao do ano passado, lembra? Foram 12 (DOZE) partidas sem vitória, brigando diretamente contra o rebaixamento. Costumo dizer entre amigos que a situação caótica do ano passado era mais desesperadora que o time, enquanto nesse ano, proporcionalmente o inverso. Acho que não estou errado, se me permitem.

Voltando no assunto Alex, imagino a cabeça do melhor jogador do mundo em 2003.  Idolatrado por quatro torcidas, aos 35 anos e com clubes loucos pelo seu futebol. Por volta do dia 20, ele abrirá negociações e virá aí uma batalha árdua, sobre quem fechará com ele. Inegável o respeito e carinho demonstrado pelo jogador à nossa torcida, ao nosso clube. Tenho minhas esperanças. Mas ao mesmo tempo, penso que com a mesma inteligência que sempre lhe foi característica em campo, Alex optará por aquilo que for melhor em termos de projeto. Se pensarmos pelo lado positivo, tal “pré-requisito” seria ideal para o Cruzeiro.

O presidente Gilvan Tavares sabe que é preciso fazer um 2013-2014 decente, voltando ao topo, para apagar a mancha 2012 de vez. E a obrigação e ânsia em trazer Alex pode abrir portas e favorecer muito o clube no planejamento das suas próximas temporadas. Para trazê-lo, será necessário parcerias financeiras, comissão técnica estruturada, ambição, planejamento individual e adminstrativo, além de um plantel compatível com o Cruzeiro. Tudo isso soa um tanto quanto hipotético a princípio, mas desempenha parte essencial na equação necessária para recuperar não só o craque, mas a nossa grandeza junto.

Vamos acabar 2012 em incômoda segurança, começando o planejamento para 2013 da maneira mais correta possível. Ter Alex como parte disso seria a cereja de um bolo que precisa começar a ser doce. Sua vinda poderá abrir novos caminhos, mas é necessário cautela em relação às expectativas. Será duro. Enquanto isso, tenho certeza de que ele já soube da manifestação de segunda-feira. E deve ter ficado extremamente feliz. Muitos já o tiveram vestindo suas camisas, mas nenhum outro clube é tão grato quanto o Cruzeiro.