27 out Uma verdadeira nação
Contra tudo e contra todos. Vai ser assim mesmo, time e torcida juntos, na luta para manter o Cruzeiro onde é seu lugar por vocação, entre os maiores times do Brasil, na série A do Campeonato Brasileiro. A torcida sempre soube que o clube não tem a simpatia e nem benevolência da mídia em Minas e o que fazemos nesse período difícil, nossa união, é o que torna o Esquadrão Celeste o maior time de Minas, La Bestia Negra na América do Sul. Somos maiores que os homens que comandam as empresas de comunicação gostariam, e isso incomoda.
Até entendo a má vontade deles com o Cruzeiro, basta olhar para a história. Quando nasceu, ainda como Palestra em 1921, já existiam na cidade dois times que surgiram de grupos dominantes da elite Belo Horizontina, times esses que contavam com a torcida e até membros dos atuais donos da mídia. Imagina um monte de imigrantes italianos, que a principio vieram para trabalhar em fazendas na colheita de café, onde não existia mais o trabalho escravo, criar o clube que superaria em número de títulos e torcida o que até então era absoluto? Realmente é difícil reconhecer suas deficiências e aceitar a superioridade de quem veio depois.
Sempre que vou ao estádio ou a um treino, como o de ontem, e vejo time e torcida juntos, tenho a certeza que somos os maiores porque nos unimos contra essa quadrilha disfarçada de imprensa. A mesma quadrilha que insiste em diminuir nossas conquistas, nosso amor e nossa força, mas que usa nosso brilho para sobreviver e fazer parte da história do esporte, porque sem o Cruzeiro não sairiam das fronteiras mineiras. Essa comunhão, que criou sua identidade e construiu uma nação tem força e merece respeito.
A caminhada da equipe é longa e dolorosa, mas acredito que o objetivo será alcançado. A iniciativa da diretoria de abrir as portas da Toca da Raposa I é excelente e deveria ser repetida, tanto nos momentos ruins quanto nos bons. Espero que em 2012 isso aconteça mais vezes, mas entendo quando não. A torcida foi convidada a participar para apoiar o time no momento delicado que atravessa e mesmo num treino alguns torcedores pegaram no pé do Keirrison. Não sou fã dele, mas o respeito. Treinamento é igual ao jogo, é o local de trabalho do atleta e deve ser respeitado. Peço ao torcedor que deixe as vaias para as torcidas adversárias, elas são muitas. Se quiser vaiar sugiro que espere o fim dos 90 minutos de um jogo e proteste.
Ainda sobre o treino, gostaria de parabenizar em especial o goleiro Fábio, o único após a atividade a se aproximar do torcedor no alambrado. Esperava que outros atletas fizessem o mesmo, o que não aconteceu. Isso é o mínimo que poderiam ter feito. Vi pessoas irem ao treino de ônibus, com crianças, esperaram quase duas horas debaixo de sol escaldante e penso que algumas fotos e autógrafos seriam uma bela maneira de agradecê-los. Mais um ponto para Fábio, que não é ídolo por acaso, para conquistar o torcedor tem que ser mais que craque em campo.