24 jan Se for beber, me chame
Como é sabido da humanidade, durante intertemporada eu tiro férias de futebol porque quem ganha dinheiro com isso são os jogadores e eu tenho mais o que fazer. Mas hoje eu vi a galera tuitando freneticamente sobre jogadores que foram barrados em uma balada cara de Belo Horizonte e senti que tinha que me posicionar sobre o assunto.
Não que o que eu penso vá fazer alguma diferença para a humanidade, mas é bom dar um testemunho de fé, já que eu sou uma pessoa que respirava Cruzeiro 24h/dia e agora continuo respirando, mas de uma forma saudável e divertida. E tenho que falar: acho que quem acha ruim de nego ir para balada num domingo de janeiro onde o máximo a ser feito na segunda-feira é rir da cara dos reservas que vão bater “bobinho”, já que deverão enfrentar algum glorioso adversário do interior pelos “amistosos da seleção”, é coisa de gente doente.
Eu não sei quem estava na balada ontem, eu não sei quem bebeu chopp e quem bebeu tequila, quem pegou a baranga e quem pegou a menina fantástica, e isso também não me interessa. O que interessa é que as pessoas tem de colocar na cabeça, de uma vez por todas, que jogador de futebol também é filho de Deus e, meu. Deixa os caras trabalharem. Se vierem jogar pinguçados numa Libertadores da vida, OK! Demissão por justa causa. Mas é janeiro, nada acontece, eles ficam se cansando à toa porque campeonato só começa semana que vem, pelo que eu sei ninguém chegou trocando as pernas e chamando urubu de “meu galo”, então tá tudo certo.
Eu até acho que quem se opõe a bebericância dos profissionais do esporte bretão tem seu pingo de razão, já que ano passado a gente ganhou de 6×0 do Uberlândia pelo Mineiro e ontem a gente ganhou só de 3×0 por um amistosinho de nada. Ou seja: a queda de produção é visível. Culpa da Kátia? De certo. Eu sempre que caio de produção aqui (coincidentemente sempre às segundas) boto na conta das cervejas holandesas do fim de semana. Mas sempre compenso às terças, o que me torna uma jornalista bêbada perdoável.
Mas no mais, vocês parem de ser doentes, pelamor de santo Cristo, vão beber o de vocês e deixem pra cobrar conduta moral de jogador de futebol dentro das quatro linhas e se os gols não vierem como o planejado. Mas não se esqueçam que: 1) vocês elegeram um presidente bêbado por oito anos e jamais reclamaram das pinguinhas dele quando leis capitais do estado Brasil não foram aprovadas e; 2) um dos maiores jogadores da história do esporte bebia que nem um gambá rouco. Sucumbiu ao vício, o que é MUITO triste. Mas futebol se joga é com 11 e, quando o Botafogo não rendia, não era porque o anjo das pernas tortas tava manguaçado. Era porque o time inteiro estava trôpego.
E 3) Kimi Raikkonen também é um fanfarrão, um apreciador de vódegas, um bêbado in natura em tempo integral, e só conseguia fazer curvas enquanto estava nesse estado. Não estou falando para ninguém aqui dirigir bêbado porque é óbvio que ninguém aqui é pilotão de Fórmula 1, mas o que quero mostrar é que “ressaca” não é condição sine qua non para que alguém NÃO FAÇA SEU TRABALHO. Muito pelo contrário: a pessoa que vai badalar e pegar as garotinhas de 16 anos tem que, NO MÍNIMO, chegar bem felizão no treino, dar o máximo de si e ganhar todas, para ter ainda mais motivos a comemorar no fim de semana.
Obs: Se alguém entender que estou mandando beber coisas ou fazendo apologia a bebida alcoólica, é porque precisa voltar para escola e aprender interpretação de texto.